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Nos Descaminhos da Fascinação julho 12, 2010

Posted by arturf in Apometria, crendices, crianças índigo, cristais, espíritos mistificadores, espíritos pseudo-sábios, fascinação, intraterrenos, obsessão.
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Há, em “O Livro dos Espíritos“, primeira e principal obra da Codificação Espírita, um questionamento de Allan Kardec aos Espíritos Superiores nos seguintes termos:

459 – “Os espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?”

Cuja resposta foi: “A esse respeito sua influência é maior do que credes, porque, frequentemente, são eles que vos dirigem”.

Allan Kardec, assim como os Espíritos Superiores que o inspiraram no trabalho de escrever e organizar as obras que compõe a Codificação Espírita, sempre se preocupou em alertar acerca dos perigos oriundos da influência dos espíritos imperfeitos. À esta influência deram o nome de “obsessão”.

Didaticamente, a obsessão pode atingir três graus bem caracterizados, conforme podemos ler em “O Livro dos Médiuns“:

1 – Obsessão simples , que é, segundo o Codificador, “quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e se apresenta em lugar dos que são evocados.(…) Ninguém está obsidiado pelo simples fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. O melhor médium se acha exposto a isso, sobretudo, no começo, quando ainda lhe falta a experiência necessária, do mesmo modo que, entre nós homens, os mais honestos podem ser enganados por velhacos. Pode-se, pois, ser enganado, sem estar obsidiado. A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito, do qual não consegue desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua”.

(…)”Na obsessão simples, o médium sabe muito bem que se acha presa de um Espírito mentiroso e este não se disfarça; de nenhuma forma dissimula suas más intenções e o seu propósito de contrariar. O médium que se mantém em guarda raramente é enganado. Este gênero de obsessão é, portanto, apenas desagradável e não tem outro inconveniente, além do de opor obstáculo às comunicações que se desejara receber de Espíritos sérios, ou dos afeiçoados”.

2 – A subjugação, que é “uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. O paciente fica sob um verdadeiro jugo. A subjugação pode ser moral ou corporal”.

“No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é como uma fascinação.

No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. Traduz-se, no médium escrevente, por uma necessidade incessante de escrever, ainda nos momentos menos oportunos. Vimos alguns que, à falta de pena ou lápis, simulavam escrever com o dedo, onde quer que se encontrassem, mesmo nas ruas, nas portas, nas paredes.

Vai, às vezes, mais longe a subjugação corporal; pode levar aos mais ridículos atos. Conhecemos um homem, que não era jovem, nem belo e que, sob o império de uma obsessão dessa natureza, se via constrangido, por uma força irresistível, a pôr-se de joelhos diante de uma moça a cujo respeito nenhuma pretensão nutria e pedi-la em casamento. Outras vezes, sentia nas costas e nos jarretes uma pressão enérgica, que o forçava, não obstante a resistência que lhe opunha, a se ajoelhar e beijar o chão nos lugares públicos e em presença da multidão. Esse homem passava por louco entre as pessoas de suas relações; estamos, porém, convencidos de que absolutamente não o era; porquanto tinha consciência plena do ridículo do que fazia contra a sua vontade e com isso sofria horrivelmente”.

3 – E, finalmente, a fascinação, que “é muito mais grave, no sentido de que o médium se ilude completamente. O Espírito que o domina ganha sua confiança ao ponto de paralisar seu próprio julgamento na análise das comunicações e lhe faz achar sublimes as coisas mais absurdas”.

“Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesmo denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. Têm suas idéias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia, e querem fazer que suas opiniões prevaleçam. Para esse efeito, procuram médiuns bastante crédulos para os aceitar de olhos fechados e que eles fascinam, a fim de os impedir de discernirem o verdadeiro do falso. São os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tornar cridas as mais ridículas utopias.(…) Procuram deslumbrar por meio de uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de termos técnicos e recheada das retumbantes palavras caridade e moral. Cuidadosamente evitarão dar um mau conselho, porque bem sabem que seriam repelidos. Daí vem que os que são por eles enganados os defendem, dizendo: ‘Bem vedes que nada dizem de mau’. A moral, porém, para esses Espíritos é simples passaporte, é o que menos os preocupa. O que querem, acima de tudo, é impor suas idéias por mais disparatadas que sejam”.

A fim de que pudéssemos reconhecer melhor os espíritos fascinadores, Kardec os descreve:

“Os Espíritos dados a sistemas são geralmente escrevinhadores, pelo que buscam os médiuns que escrevem com facilidade e dos quais tratam de fazer instrumentos dóceis e, sobretudo, entusiastas, fascinando-os. São quase sempre verbosos, muito prolixos, procurando compensar a qualidade pela quantidade. Comprazem-se em ditar, aos seus intérpretes, volumosos escritos indigestos e frequentemente pouco inteligíveis, que, felizmente, têm por antídoto a impossibilidade material de serem lidos pelas massas. Os Espíritos verdadeiramente superiores são sóbrios de palavras; dizem muita coisa em poucas frases. Segue-se que aquela fecundidade prodigiosa deve sempre ser suspeita.”

E aconselha:

Nunca será demais toda a circunspecção, quando se trate de publicar semelhantes escritos. As utopias e as excentricidades, que neles por vezes abundam e chocam o bom-senso, produzem lamentável impressão nas pessoas ainda noviças na Doutrina, dando-lhes uma idéia falsa do Espiritismo, sem mesmo se levar em conta que são armas de que se servem seus inimigos, para ridicularizá-lo. Entre tais publicações, algumas há que, sem serem más e sem provirem de uma obsessão, podem considerar-se imprudentes, intempestivas, ou desazadas.”

Os Efeitos sobre o Movimento Espírita

A fascinação é realmente mais comum do que se pensa. Tal como uma epidemia, espalhou-se, e, atualmente, atinge o Movimento Espírita como uma doença moral muito séria. Aliada à falta de estudo das obras de Kardec, à tendência cultural ao sincretismo e à ausência de discernimento e de auto-crítica, ela é responsável pela edição de livros antidoutrinários e comprometedores existentes no mercado da literatura espírita. Essas obras são escritas por médiuns e escritores muitas vezes ingênuos ou mesmo vaidosos que, sob o império da fascinação, não se dão conta do ridículo a que se submetem, comprometendo, inclusive, o sadio entendimento das massas acerca da própria Doutrina Espírita e do que ela verdadeiramente ensina.

A Salada Mística

A fascinação é, sem dúvida, a responsável por inúmeras condutas esdrúxulas observadas em núcleos ditos espíritas, tais como práticas de cunho supersticioso e místico, sem qualquer fundamento racional e doutrinário.

Na esfera da divulgação, muitos indivíduos, embora instruídos, não estão livres da fascinação. Alguns, por confiarem excessivamente no seu pretenso saber, tornam-se instrumentos de Espíritos fascinadores e passam a divulgar, através de livros ou palestras, conceitos antidoutrinários nocivos à fé (raciocinada) espírita. Adotam e divulgam uma série de “ensinos” sem qualquer fundamentação doutrinária e um discurso místico-esotérico a qual chamam de “universalismo“, sendo que, quando tais “ensinos” são comparados, nota-se não haver qualquer concordância e que cada um de seus representantes diz uma coisa, baseados que estão unicamente em suas férteis imaginações e arroubos místicos.

Crianças índigo, planeta chupão, apometria, poder curador de cristais e objetos materiais, profecias mirabolantes e aterrorizantes, milagres, intraterrestres, ETs que implantam chips na cabeça dos outros, terapias exóticas e milagreiras, 4ª e 5ª dimensões que a tudo explicam, astrologia, rituais e maneirismos… Enfim, é possível listarmos aqui centenas de fantasias, conceitos e noções que não encontram o menor respaldo, nem doutrinário, nem científico, e que só afastam o indivíduo da realidade, alienando-o e expondo-o a uma posição ridícula, levando de roldão a própria Doutrina Espírita perante a opinião pública.

Infelizmente, isso tudo é conduzido por espíritos perversos, levianos e/ou pseudo-sábios, que estimulam tais fantasias de modo a atrasar o progresso do humanidade e de seus ingênuos adeptos, fazendo-se valer de indivíduos incautos, de mente imaginosa e que carecem de aprofundamento e estudo das questões mais básicas do conhecimento, tanto do ponto-de-vista humano quanto espiritual.

São pessoas que ainda atrelam as questões do espírito ao maravilhoso, ao sobrenatural, ao milagreiro, ao aterrador, ao fantástico, esquecendo-se da razão, da racionalidade e da necessidade de tudo aferir para que então se possa, enfim, acreditar. Em tudo crêem, bastando que esteja um médium, um espírito ou algo que o valha a ditar alguma tolice sem sentido – desde que recheada de palavras bonitas e pomposas – para que sejam imediatamente aceitas como reflexo da Verdade e da mais pura “revelação” espiritual..

Quando chamados à realidade, vociferam, alegando terem a liberdade de pensarem como quiserem e que não se encontram “presos” a nenhuma “ortodoxia”, não se importando que levam, de roldão, dezenas de outras consciências ao abismo de seus devaneios místicos, com que se aferram, julgando-se “especiais”, “escolhidos”…

A Fascinação nos Grupos Espíritas

Allan Kardec alerta para outro grave perigo: o da fascinação de grupos espíritas. Iniciantes afoitos e inexperientes podem cair vítimas de Espíritos mistificadores e embusteiros que se comprazem em exercer domínio intelectual sob todos aqueles que lhes dão ouvidos, manifestando-se algumas vezes como guias, missionários, e até como Espíritos de outra natureza, advindos de algum planeta ou galáxia distante. O mesmo pode ocorrer com grupos experientes que se julguem maduros o suficiente. O orgulho e o sentimento de superioridade é a porta larga para a entrada dos Espíritos fascinadores. Portanto, deve-se tomar todo o cuidado quando na direção de centros espíritas e das sessões de atividades mediúnicas. Os dirigentes são alvos preferidos dos Espíritos hipócritas que, dominando-os, podem mais facilmente dominar o grupo.

Preocupado com tais descaminhos, o espírito Vianna de Carvalho ditou a seguinte mensagem, intitulada “Esquisitices e Espiritismo“:

“Ressumam com frequência nos arraiais da prática mediúnica esdrúxulas superstições que tomam corpo, teimosamente, entre os adeptos menos esclarecidos do Espiritismo, grassando por descuido dos estudiosos, que preferem adotar uma posição dubidativa, à coerência doutrinária de que sobejas vezes deu mostras o insigne Codificador.

Pretendendo não se envolver no desagrado da ignorância que se desdobra sob a indumentária de fanatismos repetitivos, alguns espíritas sinceros, encarregados de esclarecer, consolar e instruir doutrinariamente o próximo, fazem-se tolerantes com erros lamentáveis, em detrimento da salutar propaganda da Doutrina de Jesus, ora atualizada pelos Espíritos Superiores. A pretexto de não contrariarem a petulância e o aventureirismo, cometem o nefando engano de compactuarem com o engodo, desconcertando as paisagens da fé e, sem dúvida, conspurcando os postulados kardecistas, que pareceriam aceitar esses apêndices viciosos e jargões deturpadores como informações doutrinárias. (…)

De uma lado, é a ausência de estudo sistemático, de autodidatismo espíritico, haurido na Codificação, de atualização doutrinária em face das conquistas do moderno pensamento filosófico e tecnológico; doutro, é o desamor com que muitos confrades, após se adentrarem no conhecimento imortalista, mantêm atitude de indiferença, resguardando a própria comodidade, por egoísmo, recusando-se a experimentar problemas e tarefas, caso se empenhassem na correta difusão e no eficiente esclarecimento espírita; ainda por outra circunstância, é a falsa supervalorização que se atribuem muitos, preferindo a distância, como se a função de quem conhece não fosse a de elucidar os que jazem na incipiência ou na sombra das tentativas infelizes; e, normalmente, é porque diversos preferem a falsa estima em que se projetam ilusoriamente a desfavor do aplauso da consciência reta e do labor retamente realizado…

…E surgem esquisitices que recebem as manchetes do sensacionalismo da Imprensa mais interessados na divulgação infeliz que atrai clientes, do que na informação segura que serve como luzes do esclarecimento eficiente.

Médiuns e médiuns pululam nos diversos campos da propaganda, autopromovendo-se, mediante ridículos conciliábulos como ‘status’ de fantasias vigentes no báratro em que se converteu a Terra, sem aferição de valores autênticos, com raras exceções, conduzindo, quase sempre, a deplorável vulgaridade a nobre Mensagem dos Céus, assim chafurdando levianamente nos vícios que incorrem. Fazem-se instrumentos de visões extravagantes e dizem-se dialogando com anjos e santos desocupados, quando não se utilizando, ousadamente, dos venerandos nomes de Cristo e Maria, dos Apóstolos e dos eminentes sábios e filósofos do passado, que retornam com expressões da excentricidade, abordando temas de somenos importância em linguagem chã, com despautérios, em desrespeito pelas regras elementares da lógica e da gramática, na forma em que se apresentam. Parecia que a desencarnação os depreciara, fazendo-os perder a lucidez, o patrimônio moral-intelectual conseguido nos longos sacrifícios em que se empenharam arduamente. Prognosticam, proféticos, os fins dos tempos chegados e, imaginosos, recorrem ao pavor e à linguagem empolada, repetindo as proezas confusas de videntes do pretérito, atormentados que são, a seu turno, no presente.

Utilizando-se das informações honestas da Ciência, passam à elaboração de informes fantásticos, fomentando débeis vagidos de ‘ciência-ficção’, entregando-se a debates e provas inexpressivas retiradas de lacônicos telegramas de agências noticiosas, com que esperam positivar seus informes sobre a vida em tais ou quais condições, nesse ou naquele Planeta do Sistema Solar, ou noutra galáxia que se lhe torne simpática, como se a Doutrina já não o houvera oportunamente conceituado com segurança a questão, à Ciência competindo o labor de trazer a sua própria afirmação, sem incorrerem os espiritistas no perigo do ridículo desnecessário… (Veja nosso artigo sobre o tema aqui).

Outras vezes entregam-se à atualização de antigas crendices e feitiços, enredando os neófitos em mancomunações com Entidades infelizes ainda anestesiadas pelos tóxicos de última reencarnação, vinculadas às impressões do que acreditavam e se demoram cultuando…

Receitam práticas estranhas e confusas, perturbando as mentes que se encontram em plena infância da cultura como da experiência superior, tornando-se chefes e condutores cegos que são, conduzindo outros cegos, conforme a lição evangélica, terminando por caírem todos no mesmo abismo…

O Espiritismo é simples e fácil como a verdade quando penetrada.

Deixá-lo padecer a leviana aventura de pessoas irresponsáveis, ingênuas ou malévolas, é gravame de que não se poderão eximir os legítimos adeptos da Terceira Revelação.

(…)Cabem, frequentemente, sempre que possíveis, as honestas informações entre Doutrina Espírita e Doutrinas Espiritualistas, prática espírita e práticas mediúnicas, opinião espírita e opiniões medianímicas, calcadas na Codificação Kardequiana, que delineou, aliás, com muita propriedade, as características do Espiritismo, conforme se lê na Introdução de ‘O Livro dos Espíritos’, estando presente em todo o Pentateuco, que desdobra os postulados mestres em incomparáveis estudos de perfeita atualidade, a resistirem a todas as investidas da razão, da técnica e da fé contemporâneas”.

Questão de Coerência

Como já pudemos constatar em vários artigos, não só o Codificador e os Espíritos ligados diretamente à Codificação se preocupavam com os rumos do movimento Espírita e a nefasta tendência das ideias demasiado heterodoxas e suas infiltrações no Movimento Espírita, mas também outras entidades espirituais têm atualmente evidenciado grande preocupação com a invasão de práticas e conceitos estranhos advindos do Orientalismo e do Africanismo, que são respeitáveis, mas que não coadunam com os ensinamentos espíritas.

Portanto, estudemos, pois, a Doutrina Espírita, e atentemos para os desvios que sorrateiramente encarnados e desencarnados propõem de maneira leviana e até irresponsável, para que, amanhã, não caiamos nós nas teias e descaminhos da fascinação.

Divaldo apóia Ramatis… Mas, e daí? dezembro 24, 2009

Posted by arturf in crianças índigo, Divaldo Franco, Sai Baba.
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Há muito tempo estamos aguardando para falar sobre esse assunto. No entanto, como alguns ramatisistas vêm se utilizando da declaração do citado médium datada de 15 de agosto de 2004 para dar credibilidade ao espírito Ramatis, resolvemos fazer algumas considerações. O áudio da palestra pode ser ouvido acessando Divaldo fala sobre Ramatis.

A princípio, ficamos verdadeiramente surpresos quando soubemos, quase que imediatamente, que o conhecido médium Divaldo Pereira Franco havia proferido, em público, considerações elogiosas acerca do espírito Ramatis. Afinal, Divaldo sempre se apresentou como fiel defensor do Espiritismo e da Codificação Kardeciana, assim como psicografou livros de um dos maiores expoentes da pureza doutrinária, o cearense Vianna de Carvalho.

Com certeza, seu trabalho de divulgação é notável, temos de reconhecer. Porém, assim como todos nós, o médium Divaldo tem o direito a ter suas opiniões, nem sempre todas elas, contudo, abalizadas pela Doutrina. O que não se pode, por isso, é tomar suas opiniões como se representassem o posicionamento do Espiritismo ou mesmo fosse um reflexo indefectível da Verdade. Nos últimos tempos, aliás, Divaldo Franco tem se envolvido em inúmeras polêmicas. Muitas delas, inclusive, receberam sinais de desagrado tanto de espíritas como dos próprios ramatisistas, como poderemos nos certificar neste nosso artigo.

Inicialmente, não poderíamos deixar de colocar as coisas como elas devem verdadeiramente ser. Em termos de divulgação e entendimento doutrinário, a primeira e a última palavra deva ser a da Codificação Espírita, acima de toda e qualquer opinião individual, seja de um espírito ou de um indivíduo encarnado. Concomitantemente à Doutrina, a Ciência material, naquilo que ela estuda e aborda, também deve ser levada em consideração, tal qual explicou o Codificador:

“…O Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”

Portanto, é importante ressaltar que o posicionamento espírita acompanha o progresso científico, e não opiniões isoladas de médiuns ou de espíritos. Esta é uma questão capital nesta nossa análise.

Da mesma forma, notamos que se tem dado aos médiuns, especialmente no Movimento Espírita Brasileiro, uma autoridade e notoriedade que eles jamais tiveram à época de Kardec e na própria Codificação, por exemplo. Claro que se pode ser, ao mesmo tempo, um grande conhecedor da Doutrina e médium, mas o que a grande maioria leva unicamente em consideração, infelizmente, é a mediunidade (ostensiva) do indivíduo, como se isso, por si só, o elevasse à condição de ser superior, inatacável e acima do Bem e do Mal. Esta é uma visão equivocada, oriunda do desconhecimento acerca do papel do médium e também de um certo misticismo atávico, onde o médium é tido como possuidor de “poderes sobrenaturais” ou alguma espécie de intercessor ou “pistolão” espiritual, pronto a interceder em favor de seus seguidores e admiradores, haja vista o número de pessoas que seguem alguns desses medianeiros em verdadeiras caravanas. O interesse, neste caso, passa a não ser mais o conhecimento espírita, mas uma ostensiva idolatria à figura do médium em si.

Assim sendo, é evidentemente errôneo formarmos uma opinião baseados tão-somente no que disse o médium “X” ou “Y”, abandonando a Codificação Espírita e a Ciência, assim como a razão, a lógica e o bom-senso. Isso é abdicar da razão e fé raciocinada, postura totalmente em oposição àquilo que o Espiritismo ensina.

As Polêmicas

Como dissemos no início, o médium Divaldo Franco tem se envolvido em inúmeras polêmicas, algumas delas ferindo tanto posicionamentos da própria Doutrina como dos ramatisistas, que listaremos e comentaremos a seguir.

Apometria

Como pudemos desenvolver no tópico “O Que Está por trás da Apometria“, Ramatis e os ramatisistas se se colocam como maiores incentivadores da Apometria. No entanto, a posição de Divaldo é diametralmente oposta:

“Apometria não é Espiritismo”

Autor: Divaldo Pereira Franco

Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria porque eu não sou apômetra, eu sou espírita e o que posso dizer é que a apometria, segundo os apômetras, não é espiritismo. Porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de ‘O Livro dos Médiuns’. Não examinaremos aqui o mérito ou demérito porque eu não pratico a apometria, mas segundo os livros que tem sido publicados, a apometria, segundo a presunção de alguns, é um passo avançado do movimento Espírita no qual Allan Kardec estaria ultrapassado. Allan Kardec foi a proposta para o século XIX e para parte do século XX e a apometria é o degrau mais evoluído no qual Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado. Tese com a qual, na condição de espírita, eu não concordo em absoluto. (…) Então, se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir.”(Leia o texto na íntegra em http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=91)

Crianças Índigo e Cristal

Já no meio espírita, Divaldo recebeu duras críticas por seu apoio à tese das existência das chamadas “crianças índigo” e “cristal”, originária de uma estranha seita “new age”. Em oposição a esse posicionamento e baseados nas obras da Codificação e nas orientações de Allan Kardec, vários estudiosos, tais como Paulo Henrique Figueiredo, Franklin Santana Santos, Dora Incontri, Heloisa Pires, Rita Foelker, Alessandro Bigheto, lançaram artigos e documentos em conjunto em que afirmam provar que esta teoria não sobrevive ao crivo da razão e da análise científica.

Ainda segundo o escritor e dirigente espírita Richard Simonetti, da cidade de Bauru-SP, essas crianças seriam, ao invés de espíritos evoluídos, como afirma Divaldo, “uma geração de espiritos perturbados, com subdesenvolvimento moral, comprometidos com graves desvios de existências anteriores. Não podem ser identificados como espiritos missionários porque detestam a disciplina e assumem postura que contrariam elementares princípios de civilidade”.

Já a pedagoga Dora Incontri afirma que tudo não passa de uma mistificação grosseira, oriunda das mensagens de um espírito chamado Kryon, que a tradução brasileira mudou para “médium Kryon”, que se afirma extra-terrestre e o espírito mais próximo de Deus. Uma grande grande mistificação com fins comerciais, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum critério científico. Segundo ainda a pedagoga espírita, “espíritas embarcam gostosamente na idéia. Por que? Alguns certamente o fizeram de boa fé, outros com claros interesses financeiros, porque se trata de uma tema vendável, na linha da auto-ajuda descompromissada, aquela que agrada ao leitor, por trazer receitinhas prontas de como tratar um filho índigo – e muitos podem se iludir no orgulho de ter um filho de aura azul, predestinado a mudar o mundo, um mutante genético”.

Quem desejar conhecer um pouco mais sobre essas estranhas ideias, é só baixar o arquivo em PDF do artigo publicado pela ABPE – Associação Brasileira de Pedagogia Espírita em http://www.richardsimonetti.com.br/pinga_fogo/sobre%20os%20%EDndigos.pdf

O Fim dos Tempos

Como bem sabemos, Ramatis defende a tese da existência de um astro que, devido a sua aproximação com nosso planeta, iria provocar, até o ano 2000, a elevação abrupta do eixo terrestre e consequentes cataclismas globais que viriam a dizimar boa parte da humanidade. Embora Divaldo Franco tenha defendido o espírito Ramatis, o mesmo não parece corroborar tais previsões apocalípticas em entrevista ao jornal “O Paraná”, muito pelo contrário:

O Paraná: “Muitos acreditam no final dos tempos, a partir da virada para o próximo milênio. Como o Espiritismo encara isso?”

Divaldo: “Como uma superstição. Normalmente, através da história, a mudança de século sempre trouxe, particularmente na idade média, o fantasma do horror. Baseado em que, nessa mudança, a Terra se deslocaria do eixo, haveria uma erupção de epidemias, de terremotos, maremotos, de fenômenos sísmicos e, na virada do milênio, foi ainda mais apavorante, por causa desse mesmo critério supersticioso. Em todo o Evangelho, nos 27 livros que o constituem, não há nenhuma referência ao novo milênio. As observações, a respeito do “fim do mundo”, estão no Apocalipse de João, quando ele dirá, através de metáforas e de imagens, de uma concepção de um estado alterado de consciência, que vê a transformação que se operaria na Humanidade. Mais tarde poderíamos colher outros resultados também no chamado sermão profético de Jesus, que está no evangelista Marcos, capítulo 13, versículo 1 e seguintes, quando Jesus saía do templo de Jerusalém e os discípulos, muito emocionados, dizem: – “Senhor, vede que pedras, vede que templo”. E Jesus lhes redargue: – “Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada”. Foram para o Getsêmani, no Horto das Oliveiras, e ali os amigos disseram: “Conta-nos quais serão os sinais que antecederão a isso”. Ele narra uma série de fenômenos que certamente atingiriam a Terra. Aconteceu que, realmente, no ano 70, Tito teve a oportunidade de derrubar o templo de Jerusalém, que não foi mais reerguido, e no ano 150, na segunda diáspora dos hebreus, praticamente Jerusalém foi destituída da Terra, somente voltando a ter cidadania quando a ONU reconheceu o Estado de Israel com os direitos que, aliás, lhe são credenciados e que ele merece. Mas as doutrinas religiosas, com o respeito que nos merecem, que sempre se caracterizaram pelo Deus-temor ao invés do Deus-amor, por manterem as pessoas na ignorância e intimidá-las, ao invés de libertá-las pelo esclarecimento, estabeleceram que o fim do mundo seria desastroso, seria cruel, como se não vivêssemos perpetuamente num mundo desastroso e cruel, cheio de acidentes, de vulcões, de terremotos, de maremotos, de guerras, de pestes, etc. Para nós, espíritas, o fim do mundo será o fim do mundo moral negativo, quando nós iremos combater os adversários piores, que são os que estão dentro de nós: as paixões dissolventes; os atavismos de natureza instintiva agressiva; a crueldade; o egoísmo e, por conseqüência, todos veremos uma mudança da face da Terra, quando nós, cidadãos, nos resolvamos por libertar-nos em definitivo das nossas velhas amarras ao ego e das justificativas por mecanismos de fuga. Então o homem do futuro será um homem mais feliz, sem dúvida. Haverá uma mudança também da justiça social. Haverá justiça social na Terra, porque nós, as criaturas, compreenderemos os nossos direitos, mas acima de tudo, os nossos deveres, deveres esses como fatores decisivos aos nossos direitos. Daí, a nossa visão apocalíptica do fim dos tempos é a visão da transformação moral em que esses tempos de calamidade passarão a ser peças de museu, que o futuro encarará com uma certa compaixão, como nós encaramos períodos do passado que nos inspiram certo repúdio e piedade pela ignorância, então, que vicejava naquelas épocas”. (Fonte: http://www.mundoespirita.com.br/antigo/jornal/set6-1.htm)

A Umbanda e os Pretos Velhos

Sabemos que o movimento ramatisista possui muita simpatia pela Umbanda, sendo que inúmeros médiuns umbandistas têm alegado receber mensagens de Ramatis. Divaldo Franco, contudo, declarou o seguinte recentemente, causando espécie em muitos umbandistas e ramatisistas também:

“… Na cultura brasileira, remanescente do africanismo, há uma postura muito pieguista, que é a do preto velho. E muitas pessoas acham que é sintoma de boa mediunidade ser intrumento de preto velho. Quando lhe explicamos que não há pretos velhos, nem brancos velhos, que todos são Espíritos, ficam muito magoadas, dizendo que nós, espíritas, não gostamos de pretos velhos. E lhes explicamos que não é o gostar ou não gostar. Se tivessem lido em ‘O Livro dos Médiuns’, ‘O Laboratório do Mundo Espiritual’, saberiam que se a entidade mantém determinadas características do mundo físico, é porque se trata de um ser atrasado. Imagine o Espírito que manquejava na Terra, porque teve uma perna amputada, ter de aparecer somente com a perna amputada. Ele pode aparecer conforme queira, para fazer-se identificar, não que seja o seu estado espiritual. Quando, ao retornar à Pátria da Verdade, com os conhecimentos das suas múltiplas reencarnações anteriores, pode apresentar-se conforme lhe aprouver.

Então, a questão do preto velho é um fenômeno de natureza animista africanista, de natureza piegas. Porque nós achamos que o fato de ter sido preto e velho, tem que ser Espírito bom, e não é. Pois houve muito preto velho escravo que era mau, tão cruel quanto o branco, insidioso e venal. E também houve e há muito branco velho que é venal, é indigno e corrompido. O fato de ter sido branco ou preto não quer dizer que seja um Espírito bom.

Cabe ao médium ter cuidado com esses atavismos, e quando esses Espíritos vierem falando errado, ou mantendo os cacoetes característicos das reencarnações passadas, aclarar-lhes quanto à desnecessidade disso. Porque se, em verdade, o preto velho quer falar em nagô, que fale em nagô, mas que não fale um enrolado que não é coisa nenhuma. Ou, se a entidade foi alemã na Terra e não logre falar o idioma do médium, que fale alemão, mas que não fale um falso alemão para impressionar. O médium só poderá falar o idioma no qual ele já reencarnou em alguma experiência passada. Desde que não há milagres nem sobrenatural, o médium é um instrumento. Sendo a mediunidade um fenômeno orgânico, o Espírito desencarnado vai utilizar o que encontre arquivado no psiquismo do médium, para que isto venha à baila.” (Extrato de um ensaio do médium Divaldo Pereira Franco, que tem como título “Consciência”)

Aliás, é bom que se diga que a visão de Ramatis varia de médium para médium. Enquanto que para o Ramatís de Hercilio Maes a Umbanda é culto fetichista, para o Ramatís de Norberto Peixoto é a religião do terceiro milênio…

Rituais

Segundo Ramatis, “rituais, mantras, etc. são meios de se alcançar o ‘Cristo Planetário'”, espírito superior até a Jesus. (“Mensagens do Astral”, pág. 302) Assim sendo, para Ramatis, rituais podem nos colocar em comunicação até mesmo com espíritos bastante adiantados. Para Divaldo, contudo, rituais não se justificam:

O Paraná: “Existem rituais no Espiritismo?”

Divaldo: “O Espiritismo, inicialmente, é o resultado de uma investigação científica, por isso mesmo dizemos que o Espiritismo é ciência, não uma ciência convencional, porque o material com que labora não obedece às leis das doutrinas físicas. Trabalhando com o espírito imortal, está sempre na dependência das suas reações psicológicas, das suas atitudes emocionais. Essa investigação científica, que é resultado da observação, ofereceu uma visão filosófica, e nessa proposta filosófica, o Espiritismo responde aos quesitos que perturbam o pensamento filosófico. Por efeito, tem uma ética moral. Nessa ética moral surge uma vertente religiosa, não do ponto de vista de uma religião constituída, que se caracteriza por um misticismo, por paramentos, por sacerdócio organizado, pelas expressões seitistas, ou que se permita caracterizar por uma forma ou fórmula de culto externo. É, portanto, uma doutrina destituída de toda e qualquer apresentação visual que tenha por meta impressionar. É uma Doutrina que leva o indivíduo a uma auto-reflexão a respeito da vida e das suas responsabilidades perante a consciência cósmica.”

Divaldo e Sai Baba

É conhecida, já de muito tempo, a admiração de Divaldo Franco pelo guru indiano Sathya Sai Baba. O médium baiano, assim como fez com Ramatis, rasgou-se em elogios a Sai Baba, afirmando ser o mesmo um dos seres mais evoluídos da Terra e digno de toda confiança e apreço. Divaldo chegou a relatar que, estando ele em um país distante, foi acometido por uma crise de angina no quarto do hotel, e Sai Baba teria se materializado (!) e o tratado ali mesmo, tal qual um médico. Mais tarde, na Índia, segundo Divaldo, os dois se encontraram e assim que se viram Sai Baba sorriu para Divaldo, e lhe disse logo: – “Que bom, meu filho! Este, já é o nosso segundo encontro!” Depois disso, Divaldo relatou ter visto intensa luminosidade espiritual e sentido uma intensa paz ao encontrar o indiano.

Apesar dessa elevada opinião de Divaldo Franco sobre o citado guru, o que muitos no Brasil ainda não sabem, no entanto, é que Sai Baba andou envolvido em inúmeros escândalos, inclusive com acusações de participação em assassinatos, pedofilia e fraude em seus espetáculos de materialização, conforme veremos em detalhes.

Os Truques de Sai Baba

Abaixo, podemos ver alguns vídeos em que Sai Baba é flagrado executando truques de mágica, que afirma serem de “materialização”.

http://www.youtube.com/watch?v=Yblhsr1O4IQ

http://www.youtube.com/watch?v=oahdsgm_QCA

O parapsicólogo Wellington Zangari comenta sobre estudos científicos realizados com Sai Baba:

“Haraldsson e Wiseman apresentaram juntos, em 1994, na Convenção da Parapsychological Association, um estudo que fizeram com Sai Baba. Eu estive lá e assisti com interesse a apresentação, sobretudo porque foi acompanhada de um vídeo do estudo. Submeteram o alegado paranormal a alguns controles simples, como ter suas mãos colocadas dentro de sacos plásticos fechados por elásticos. Nenhum fenômeno ocorreu enquanto houve esse tipo de controle. A conclusão do trabalho aponta para a possibilidade de fraude.”

Acusações vindas de toda parte

Diversas instituições mundo afora, como a UNESCO, o Departamento de Estado Norte Americano, a BBC e o jornal “Times” de Londres, o jornais “Telegraph” e “The Guardian“, além de outras importantes instituições midiáticas da União Européia, Escandinávia, Canadá e Austrália, já fizeram trabalhos investigativos sobre Sai Baba. Os documentários ‘The Secret Swami‘ (2004) da BBC, e ‘Seduced by Sai Baba‘, produzido por uma emissora dinamarquesa em 2002, já foram vistos por milhões de pessoas em diversos países e contêm diversos testemunhos de pessoas que se disseram enganadas e violentadas fisica e emocionalmente pelo guru indiano. Sai Baba e seus simpatizantes alegam, contudo, que tal cobertura é mero sensacionalismo. Antigos devotos (entre eles importantes ex-líderes, como o milionário Isaak Tigrett) afirmam que uma série de fatos estranhos ocorreram, incluindo assassinatos a sangue frio cometidos pela polícia no quarto de Sai Baba em 6 de junho de 1993. Seus ex-seguidores afirmam que, ameaçados pela mídia indiana e pela influência política de Sai Baba e seu multimilionário império, não tiveram outra alternativa senão fazer as denúncias a meios de comunicação não-indianos.

Há, inclusive, uma petição pública para investigações oficiais de Sathya Sai Baba e de sua organização a nivel mundial.

Já no endereço http://saibabaexposed.blogspot.com é possível ler, na íntegra, a reportagem investigativa levada a cabo pelo respeitado jornal inglês “The Guardian”, contendo denúncias de abuso sexual contra meninos.

Conclusão

Pudemos ver que um médium é um indivíduo que também pode se enganar e emitir opiniões completamente equivocadas. No caso específico de Divaldo Franco, o mesmo, inadvertidamente e sem ter colhido os elementos suficientes que lhe dessem a segurança de uma análise precisa, fez considerações elogiosas a uma entidade espiritual cujos ditados colidem frontalmente com os postulados da Doutrina Espírita e com as opiniões do próprio Divaldo acerca de temas importantes. Talvez na ânsia de agradar aos seus simpatizantes e colher a simpatia dos mesmos, Divaldo, que parece jamais ter lido os livros ditados por Ramatis, chegou a afirmar tratar-se de nobre entidade. Da mesma maneira, Divaldo parece ter se equivocado em relação ao guru Sai Baba, tendo inclusive relatado uma materialização do mesmo em seu quarto, algo que provavelmente nem deve ter ocorrido, o que é bastante grave, em nossa opinião. Em ambos os casos, o desencarnado Ramatis e o encarnado Sai Baba falam de amor, de caridade, de Deus – palavras estas fáceis de pronunciar, mas que servem tão-somente de nuvem de fumaça para acobertar interesses inconfessáveis.

Portanto, a lição que aprendemos é que não devemos nos fiar na opinião deste ou daquele, mas sim aprofundarmos conhecimentos, confrontando as opiniões e submetendo-as às informações da Doutrina Espírita, da Ciência e da mais severa lógica num estudo atento e imparcial. O próprio Codificador, mesmo sendo um homem de extensa cultura, não olvidou tais cuidados, sugerindo, inclusive, a utilização de um Método de Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE) que pode ser encontrado no 9º parágrafo do ítem II da Introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), e na parte final do ítem XXVIII do cap. XXXI do Livro dos Médiuns (LM), que transcrevemos abaixo:

“Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros.” (definição contida no ESE).

“A melhor garantia de que um princípio é a expressão da verdade se encontra em ser ensinado e revelado por diferentes Espíritos, com o concurso de médiuns diversos, desconhecidos uns dos outros e em lugares vários, e em ser, ao demais, confirmado pela razão e sancionado pela adesão do maior número.” (definição contida no LM).

Se o prezado médium Divaldo Franco tivesse seguido tal critério, talvez não tivesse incorrido em análises tão precipitadas. O argumento que o mesmo se utiliza, na sua palestra em questão, colocando-o na boca de Kardec, é que Ramatis pode ser aceito porque “o que importa é o conteúdo moral”. O critério kardeciano jamais foi só esse. Confiram:

“Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há 300 para publicidade, e apenas 100 de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes”. (Allan Kardec, Revista Espírita, 1863, maio.)

Podemos ver que, dentre 3000 mensagens de uma moral irreprochável, Kardec só aceitou 100 como dignas de publicidade e publicação.

Para finalizar, disponibilizamos uma lista de estudiosos espíritas que se colocaram contrários ao conteúdo dos ditados do espírito Ramatis após terem analisado detidamente seus livros confrontando-os com os da Doutrina Espírita:

1) Herculano Pires – jornalista, filósofo, educador e escritor espírita brasileiro, com várias obras publicadas;

2) Deolindo Amorim – jornalista, escritor e conferencista espírita brasileiro. Colaborou no Jornal do Commercio e em praticamente toda a imprensa espírita do país;

3) Carlos Imbassahy – advogado, jornalista, escritor e espírita brasileiro;

4) Ary Lex – médico, escritor e dirigente da FEESP por muitos anos;

5) Celso Martins – jornalista, professor de Biologia e Física, palestrante e escritor espírita com mais de 30 obras publicadas;

6) Sérgio Aleixo – professor de Português e Literatura, expositor e escritor, atualmente presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro (ADE-RJ);

7) Jorge Rizzini – médium e escritor consagrado, tem fama de ter sido o guardião dos conceitos espíritas (http://geocities.ws/meutrabalho2005/#RAMATIS);

8) Américo Domingos Nunes Filho – pediatra, escritor, conferencista e pesquisador espírita brasileiro;

9) Nazareno Tourinho – escritor, articulista e imortal da Academia Paraense de Letras; (http://www.espirito.org.br/portal/artigos/correio-fraterno/hora-de-ferir-os-pes.html)

10) Iso Jorge – Médico psiquiatra, professor, escritor e articulista espírita;

11) Dulcídio Dibo – Professor universitário, versado em Astronomia, expositor e autor de diversas obras doutrinárias;

12) José Passini – Possui Licenciatura em Letras, Mestrado em Língua Portuguesa e Doutorado em Linguística, é Presidente do Instituto Jesus, obra de amparo ao menor carenciado; presidente da Aliança Municipal Espírita, por duas vezes; presidente do Centro Espírita União, Humildade e Caridade e Membro da equipe do programa Opinião Espírita (Rádio e Televisão) e do Departamento de Evangelização da Criança da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora;

13) Cirso Santiago – jornalista e editor do Jornal Correio Fraterno do ABC;

14) Gélio Lacerda – Advogado e escritor, ex-presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo.