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Os Efeitos do Ecletismo e da Heterodoxia no Movimento Espírita Francês janeiro 28, 2011

Posted by arturf in Allan Kardec, ecletismo, FEB, Orientalismo, Revista Espírita, Roustaing, Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
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Como bem sabemos, o Espiritismo surgiu na França em 1857, com a publicação de “O Livro dos Espíritos” pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que utilizou-se do pseudônimo “Allan Kardec” para que ficasse bem marcada a distinção daquele seu trabalho com outros oriundos de sua profissão como respeitado pedagogo, discípulo de Pestalozzi.

Com o sucesso alcançado pela primeira obra da Codificação Espírita, base de todo o edifício doutrinário, Allan Kardec decidiu fundar, em Paris, a 1 de abril de 1858, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas“, cuja existência justificou da seguinte maneira:

“A extensão por assim dizer universal que tomam diariamente as crenças espíritas faziam desejar vivamente a criação de um centro regular de observações. Esta lacuna acaba de ser preenchida. A Sociedade cuja formação temos o prazer de anunciar, composta exclusivamente de pessoas sérias, isentas de prevenções e animadas do sincero desejo de esclarecimento, contou, desde o início, entre os seus associados, com homens eminentes por seu saber e por sua posição social. Estamos convictos de que ela está chamada a prestar incontestáveis serviços à constatação da verdade. Sua lei orgânica lhe assegura uma homogeneidade sem a qual não haverá vitalidade possível; está baseada na experiência dos homens e das coisas e no conhecimento das condições necessárias às observações que são o objeto de suas pesquisas. Vindo a Paris, os estranhos que se interessam pela doutrina espírita terão um centro ao qual poderão dirigir-se e comunicar suas próprias observações”.

De acordo com o relatório de abril de 1862, publicado na Revista Espírita, a Sociedade experimentou considerável crescimento em seus primeiros anos de funcionamento, com 87 sócios efetivos pagantes, contando entre os membros: cientistas, literatos, artistas, médicos, engenheiros, advogados, magistrados, membros da nobreza, oficiais do exército e da marinha, funcionários civis, empresários, professores e artesãos. O número de visitantes chegava a quase 1500 pessoas por ano, considerável para a época.

Kardec, que desempenhava o cargo de presidente desde a criação da entidade, fatigado com o excesso de trabalho e aborrecido com as querelas administrativas, por várias vezes, externou o desejo de renunciar. Instado, porém, pelos Espíritos coordenadores do trabalho, continuou no exercício da presidência até a data de sua desencarnação.

Conforme se pode claramente notar em escritos, documentos e depoimentos da época, o Codificador era rigoroso no cumprimento das disposições estatutárias e na disciplina na condução das atividades aí realizadas. Exigia de todos os participantes extrema seriedade e isso contribuiu para dar muita credibilidade à instituição e aos seus pronunciamentos acerca dos assuntos tratados. Era extremamente prudente e austero nos pareceres exarados e nunca permitiu que a Sociedade se tornasse arena de controvérsias e debates estéreis, geralmente fomentados por indivíduos interessados em desviarem o Espiritismo dos rumos estabelecidos nas obras da Codificação.

Com o desencarne de Allan Kardec em 1869, vitimado por um aneurisma, um de seus colaboradores mais diretos, Pierre Gaëtan Leymarie, passou a exercer as funções de redator-chefe e diretor da “Revue Spirite” (1870 a 1901) e gerente da “Librairie Spirite” (1870 a 1897). No entanto, sem as mesmas credenciais do Codificador e por seu excessivo espírito de tolerância, não foi capaz de obstruir a ação de (pseudo)adeptos que desvirtuaram a finalidade da Revista, abrindo suas páginas à propaganda de filosofias espiritualistas, inclusive à de Roustaing, que diverge do Espiritismo. Houve, ao mesmo tempo, o desvirtuamento das finalidades da Revista Espírita, em que foi oferecido “terreno livre a lutadores de todas as correntes com a condição de que defendessem causas espiritualistas ou de ordem essencialmente humanitária e moral, expondo-se assim às críticas acirradas de uns, às acusações ou descontentamento de outros… “, conforme conta na obra “Processo dos Espíritas” (ed. FEB, 1977, págs. 22/23 da 2ª edição). Nesses “lutadores de todas as correntes” incluíam-se adeptos do Orientalismo, como teosofistas, budistas, ocultistas, esotéricos, etc., como consta da obra “Allan Kardec” (FEB, vol. III) de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen.

Esta é, portanto, a causa do desaparecimento do Espiritismo na França. O sincretismo, a miscelânea do Espiritismo com outras correntes espiritualistas, desfigurando por completo a prática espírita, que até hoje é confundida, na França e em praticamente toda a Europa, com toda a sorte de superstições, como a astrologia, quiromancia, feitiçaria, bruxaria, etc.

No Brasil, na atualidade, o que podemos claramente verificar é que a história se repete, sendo que a tática dos inimigos velados do Espiritismo continua a mesma: a de propor e forçar a sorrateira entrada de questionáveis práticas e ideias no seio do movimento espírita brasileiro.

Por um lado, tivemos a adoção das obras de Roustaing pela Federação Espírita Brasileira, tendo seus membros apelidado-as de “Curso Superior de Espiritismo”, “Quarta Revelação” e “Revelação da Revelação“. Graças a isso, até hoje sentimos o reflexo dessa política febeana, na medida em que no movimento instaurou-se uma mentalidade piegas, subserviente e igrejeira, erroneamente confundida com postura caritativa e tolerante, devido a toda uma série de obras, mediúnicas ou não, que, embora não mencionassem Roustaing ou suas obras, conseguiram incutir, subrepticiamente, o ideário neo-docetista no seio do Movimento.

Por outro lado, e adotando ideias diferentes das do rustenismo, os simpatizantes do orientalismo insistem, com base principalmente nos ditados do espírito Ramatis ao médium espiritualista Hercílio Maes, em dar ao Espiritismo uma faceta mística calcada nas religiões orientalistas do passado e na Teosofia, julgadas capazes de enriquecer o Espiritismo. Para tanto, não se furtam em chamar Kardec (e, consequentemente, as obras da Codificação Espírita) de ultrapassado, e a Doutrina de carente de remendos, considerando como principal artífice dessa “missão” o próprio espírito Ramatis e seus confusos ditados, sob a fachada de “universalismo”, termo geralmente utilizado para encobrir ideias sincretistas e práticas fetichistas. A lista de “inovações” propugnada por esses redutos seitistas é extensa: adoção da astrologia, da apometria, de rituais, de terminologias estranhas ao Espiritismo, crença em profecias de destruição do planeta, crença em extra e intraterrenos com missão de salvar o planeta, e toda sorte de divagações místicas sem o menor embasamento lógico ou factual, geralmente induzindo a uma alienação místico-religiosa que em nada fica a dever às religiões dogmáticas tradicionais, só que com um faceta diferente, de cunho essencialmente esotérico.

Portanto, enquanto encararmos tudo isso de braços cruzados, vitimados pela falsa ideia de que estaremos sendo intolerantes e antifraternos ao (nos) esclarecermos e não compactuarmos com essa tentativa de desvirtuamento do entendimento e da prática espírita dentro e fora dos centros espíritas e federações, tudo ficará como está, com tendência a piorar, tal qual aconteceu com o próprio Cristianismo, hoje uma autêntica colcha de retalhos devido aos mesmos fatores que hoje ameaçam o Espiritismo.

A articulista Vanda Simões, atenta à essa realidade, escreveu certa feita um interessante artigo intitulado “Nossos Espíritas Imperfeitos” que nós aqui transcrevemos e utilizamos para concluir nossas considerações:

“Allan Kardec afirmou certa vez, que os piores inimigos do Espiritismo estariam entre seus pares. Pode parecer declaração demasiadamente dura e radical, mas veio dele mesmo e ele sabia do que estava falando. Hoje, nesse mundo de tanta confusão, o Movimento Espírita se vê envolto em um emaranhado de parvoíces que deixam os espíritas sérios preocupados com o destino da doutrina no mundo. Custa-se a acreditar que uma filosofia tão racional e desbravadora possa ter gerado pessoas com visão tão estreita e engessada da vida.

De duas uma: ou a Doutrina Espírita é defeituosa ou os espíritas não compreenderam seu alcance moral. Sabendo-se da inverdade da primeira hipótese, resta-nos curvar à realidade da segunda. A prova disso está na forma como a Doutrina é praticada nos centros espíritas do país inteiro, com réplicas perfeitas no exterior (principalmente em Portugal e nos Estados Unidos), “formando” adeptos que de espíritas só têm o nome. São os espíritas imperfeitos, de que está cheio o movimento, como por exemplo, os que vêm a público afirmar que Kardec está ultrapassado e que precisa ser reinterpretado, quando ainda nem se conhece a fundo dez por cento do seu pensamento. Consideram-se doutos em Espiritismo por terem lido as obras básicas, e toda a literatura acessória, psicografada ou não. E ler é uma coisa. Estudar, entender e compreender é outra bem diferente. (…)

(…) Os espíritas “modernos” parecem desconhecer tal coisa. E, se conhecem, não dão a menor importância, pois defendem idéias esdrúxulas e contrárias aos fundamentos kardequianos, baseados em escritos ditados por Espíritos enganadores e pseudo-sábios. Essas idéias infiltram-se com facilidade em nosso meio, porque encontram o terreno fértil da ingenuidade e da falta do estudo que faz com que tudo se aceite sem exame, sem critério. É tempo de mudanças. O milênio termina e se inicia uma nova fase para o planeta. Os centros espíritas precisam se preparar para amparar o homem dentro de uma filosofia de vida melhor, mais justa e mais plena de compreensão das coisas divinas.

Para isso, necessita de espíritas sérios, que compreendam o verdadeiro sentido do Espiritismo, que possam trazer para dentro das casas espíritas uma nova ordem de práticas e metas, formando verdadeiramente homens de bem. Que possam retirar dos centros tudo o que não serve para a edificação do ser. Enfim, mostrar aos fariseus modernos a verdadeira face da Doutrina Espírita como agente modificador da humanidade e não como instrumento de gloríolas, de mera promoção pessoal e fábrica de fantasias”.

Os Cavalos de Troia do Espiritismo maio 24, 2010

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Segundo conta a lenda, os troianos acreditaram que um grande cavalo de madeira teria sido dado a eles de presente pelo exército grego como sinal de rendição após uma longa e sangrenta guerra. No entanto, tudo não passou de uma grande ideia de Odisseu, um sagaz guerreiro, que pensou numa maneira de entrar em Troia sem despertar a desconfiança dos inimigos troianos. Recebido com festa e júbilo, o grande cavalo na verdade abrigava dezenas de soldados em seu interior, que, já bem tarde da noite, aproveitando-se do cansaço e da ressaca provocada pelos intensos festejos troianos, saíram de seu esconderijo, abriram os portões da cidade aos outros milhares de soldados escondidos do lado de fora que tomaram a cidade, logo após saqueando-a e incendiando-a.

Pois bem, nada muito diferente desta conhecida história tem ocorrido com o Movimento Espírita praticamente desde que o Espiritismo deu, na França, seus primeiros passos.

Inicialmente, o Espiritismo teve de lutar contra seus inimigos externos: os materialistas, os chefes da Igreja, e os céticos em geral, todos interessados em destruí-lo, ou por vê-lo como uma ameaça aos seus interesses de domínio e poder, ou por mero escárnio e aversão à reforma ético-moral que a mensagem espírita trazia, desde o princípio, em sua filosofia.

No entanto, a maior luta que o Espiritismo teve e tem travado tem sido contra seus inimigos internos, ou seja, aqueles que dizem ocupar suas fileiras, mas que, na verdade, tais quais os gregos, nada mais intentam, conscientemente ou não, que destruí-lo.

O Primeiro de Todos

O primeiro cavalo de troia inoculado, tal qual um vírus letal, em nosso meio, foram as ideias docetistas, ressuscitadas por um certo advogado bordelense chamado J.-B. Roustaing com a colaboração de uma (única) médium chamada Emillie Collignon, que pensaram poder solapar a obra kardequiana de uma só vez através de ditados mediúnicos supostamente advindos dos evangelistas Mateus, Marcos, João e Lucas, sob a também suposta coordenação do Espírito Moisés.

De posse de tais suspeitas comunicações, eivadas de erros crassos e ideias absurdas, de forte influência do pensamento católico, Roustaing compilou a obra “Os Quatro Evangelhos – Espiritismo Cristão, ou Revelação da Revelação”, que publicou em 1866, a qual foi imediatamente contestada por Allan Kardec. Com a negativa de Kardec de aceitar prontamente o inteiro teor da referida obra, Roustaing e seus partidários duramente atacaram o Codificador nas páginas suprimidas do prefácio de “Os Quatro Evangelhos”, de 1920, com ironia e desdém, acusando o codificador de ser o “chefe”, o “mestre” de uma “igrejinha com seus corrilhos, entregue a lutas liliputianas”. Ficava, pois, evidente, conforme muito claramente explica Sérgio Aleixo em sua obra “O Primado de Kardec“, “… a patente rivalidade, a exagerada conta em que Roustaing e seus discípulos tinham sua própria “escola”, supostamente tão superior à de Kardec a ponto de poder substituí-la. Àquela época, o cisma rustenista era confesso. Proclamavam: “Cismas há atualmente; ninguém tem o poder de impedi-los”.

Nos dias de hoje, as ideias rustenistas, apesar da pouca vendagem e penetração de sua supra-citada obra basilar, estão presentes em obras editadas pela FEB – Federação Espírita Brasileira, tais como os best-sellers “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho“, “O Consolador” e “Voltei”, além de outras menos conhecidas, porém não menos perigosas “obras-primas” do pensamento neo-docetista, como “Elucidações Evangélicas”, “Elos Doutrinários”, “A Vida de Jesus”, “O Cristo de Deus”, entre outras.

O conjunto de teses antidoutrinárias defendidas pelo roustainguismo (ou rustenismo) incluem, por exemplo:

1– A crença que Jesus teria revestido um corpo fluídico e nascido de uma virgem, tornada grávida apenas aparentemente;
2– A defesa da metempsicose, i.é, que o espírito possa reencarnar na condição de animal, mais especificamente como “larvas informes” e chamadas “criptógamos carnudos”, “uma massa quase inerte, de matérias moles e pouco agregadas, que rasteja ou antes desliza, tendo os membros, por assim dizer, em estado latente”. (Os Quatro Evangelhos, 1.º vol., n. 57 a n. 59, p. 307-313.);
3– A antidoutrinária tese de que “a encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo; […] em princípio, é apenas consequente à primeira falta, àquela que deu causa à queda”. (Os Quatro Evangelhos, 1.º vol., n. 59, p. 317 e 324.)

O Ramatisismo

Não muito diferentemente da estratégia rustenista, o Ramatisismo trouxe antigas ideias do antigo espiritualismo oriental travestidas de novidades, desta feita explorando a tendência místico-esotérica, em lugar das teses do Catolicismo Romano e de seitas cristãs dos primeiros séculos depois de Cristo defendidas por Roustaing e seus adeptos.

Igualmente valendo-se de um único médium, o advogado e contador curitibano Hercílio Maes, de formação teosofista, o espírito Ramatis que, segundo alguns, aparece vestindo um turbante com uma esmeralda e uma túnica ao estilo hindú, defende um certo “universalismo eclético”, capaz, segundo ele, de enriquecer o corpo doutrinário espírita. Alegando ter fundado santuários iniciáticos no século X na China e na Índia, teria desencarnado ainda moço. Alega também ter tido posições de destaque na mitológica Atlântida, no antigo Egito e na Grécia, além de ter convivido com Jesus e Kardec. Com base nessa suposta ligação com o primeiro, ditou o livro “O Sublime Peregrino”, com o qual intenta descrever detalhes da passagem do Cristo pelo planeta, na tentativa de passar ao leitor autoridade e conhecimento. Seguindo a mesma estratégia de convencimento, dita ainda a obra “A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores”, que passa a ser coqueluche nos idos de 1950, justamente quando surgem os primeiros filmes sobre ETs e vida em outros planetas. Seu minucioso relato sobre a vida e a topografia marcianas, no entanto, sofre duro abalo, já que, anos depois, sondas não-tripuladas chegam ao planeta e descrevem uma paisagem inteiramente diferente àquela constante da referida obra.

Embora não se auto-intitule “espírita”, Ramatis procura incutir ao leitor a noção de que se encontra acima daquilo que chama de “rótulos” e “convenções humanas”, ao mesmo tempo que seus ditados, estranhamente, se destinam quase que exclusivamente ao leitor espírita. Ousadamente, Ramatis chega a afirmar que o Espiritismo naufragará, caso seus adeptos relutem em aceitar os elevados princípios e ensinos do espiritualismo oriental. Por conta disso, os centros ramatisistas, boa parte ostentando o nome “espírita” em suas fachadas, veiculam conceitos e práticas estranhas ao Espiritismo, embora digam seguir Kardec, além de Jesus e, claro, o próprio Ramatis, alçado à condição de última palavra em termos de revelação espiritual.

Onde está a concordância?

Aprendemos em “O Livro dos Médiuns” que os Espíritos Superiores jamais se contradizem. Levando-se em conta tal premissa, logo chegamos à conclusão que, entre Roustaing e Ramatis, pelo menos um deles está errado, já que essas duas “escolas” defendem princípios completamente divergentes entre si. Ramatis, inclusive, chega a afirmar que a principal tese rustenista, a do corpo fluídico de Jesus, “é ainda um reflexo dos efeitos seculares adstritos aos dogmas, milagres, mitos e tabus copiados da vida de diversos precursores de Jesus” (O Sublime Peregrino, Cap. VII, A natureza do Corpo de Jesus). Não obstante, lança sua própria tese de que Jesus fora discípulo dos essênios, tendo aprendido com eles, e que, ao mesmo tempo, foi médium do Cristo, “uma entidade espiritual arcangélica”, algo que, em momento algum, encontramos em Roustaing.

Portanto, vemos aí uma batalha ideológica entre espíritos unicamente interessados em fazerem prevalecer suas ideias e opiniões isoladas, com as quais acabam por provocar a cizânia, a divisão e a desinteligência nas fileiras espíritas que, teoricamente, deveriam manter-se fiéis, por mera questão de coerência, ao Espiritismo e à Codificação Espírita, conjunto de obras que passaram pelo crivo da universalidade e concordância, além de terem sido supervisionadas pelo insígne e autêntico missionário Allan Kardec, cujas credenciais todos conhecemos e das quais possuímos inúmeros exemplos positivos e factuais.

Conclusão

Muitos indagam como podem os Espíritos Superiores, ou mesmo Deus, permitirem que certos espíritos, encarnados e desencarnados, alcancem (parcial) sucesso em suas empreitadas, com as quais enganam a tantos. A resposta também encontramos na Codificação, repositório de múltiplos alertas a respeito da ação dos espíritos pseudossábios e mistificadores que pululam na atmosfera espiritual terrena:

P.:(…)”Mas como os Espíritos elevados permitem a Espíritos de baixa classe usarem nomes respeitáveis para semear o erro através de máximas muitas vezes perversas?”

R.: — “Não é com a sua permissão que o fazem. Isso não acontece também entre vós? Os que assim enganam serão punidos, ficai certos disso, e a punição será proporcional à gravidade da impostura.

— Aliás, se não fosseis imperfeitos só teríeis Espíritos bons ao vosso redor. Se sois enganados, não o deveis senão a vós mesmos. Deus o permite para provar a vossa perseverança e o vosso discernimento, para vos ensinar a distinguir a verdade do erro. Se não o fazeis é porque não estais suficientemente elevados e necessitais ainda das lições da experiência.”

Outros tantos também se confundem por encontrarem boas coisas nos ditados desses espíritos. Tal questão é também esclarecida na Codificação:

P.: 11. As comunicações espíritas ridículas são às vezes entremeadas de boas máximas. Como resolver essa anomalia, que parece indicar a presença simultânea de Espíritos bons e maus?

Os Espíritos maus ou levianos se metem também a sentenciar, mas sem perceberem bem o alcance ou a significação do que dizem. Todos os que o fazem entre vós são homens superiores? Não, os Espíritos bons e maus não se misturam. É pela constante uniformidade das boas comunicações que reconhecereis a presença dos Espíritos bons.”

É bom que ressaltemos que nem sempre tais espíritos estão de má-fé:

P.: 12. Os Espíritos que induzem ao erro estão sempre conscientes do que fazem?

— “Não. Há Espíritos bons, mas ignorantes; podem enganar-se de boa fé. Quando tomam consciência da sua falta de capacidade eles a reconhecem e só dizem o que sabem.”

Foi, no entanto, o Espírito Erasto que nos trouxe o alerta mais direto sobre a ação dessa classe de espíritos em 1862, na cidade de Bordéus (onde residia Roustaing), Paris, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, apontando os “falsos profetas da erraticidade”, ou seja, “Espíritos orgulhosos que, aparentando amor e caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de emancipação da Humanidade, lançando-lhe através seus sistemas absurdos, depois de terem feito que seus médiuns os aceitem. E, para melhor fascinarem aqueles a quem desejam iludir, para darem mais peso às suas teorias, se apropriam, sem escrúpulos, de nomes que só com muito respeito os homens pronunciam.

São eles que espalham o fermento dos antagonismos entre os grupos; que os impelem a isolarem-se uns dos outros, a olharem-se com prevenção. Isso, por si só, bastaria para os desmascarar, pois, procedendo assim, são os primeiros a dar o mais formal desmentido às suas pretensões. Cegos, portanto, são os homens que se deixam cair em tão grosseiro embuste…”

E conclui o sábio Espírito, dizendo:

“- É incontestável que, submetendo ao crivo da razão,da lógica todos os dados e todas as comunicações dos espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdidade e o erro. Pode um médium ser fascinado, pode um grupo ser iludido; mas, a verificação severa a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a elevada autoridade moral dos diretores de grupos, as comunicações que os principais médiuns venham a receber, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, rapidamente condenarão esses ditados mentirosos e astuciosos, que emanam de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus”. (“O Evangelho segundo o Espiritismo”,Cap.XXI,itens X,l)

E, por fim, perguntamos a todos: onde estão os falsos profetas da erraticidade, já que tudo quanto é ditado escrito por via mediúnica é aceito prontamente pelo Movimento Espírita como sendo advindo da Espiritualidade Superior, sem qualquer análise e critério, e logo encaminhadas para publicação? Por que a aceitação pura e simples de qualquer mensagem, sendo que sabemos que, no mundo dos espíritos, tanto os bons quanto os maus podem se comunicar?

Ou seguimos o critério kardequiano de análise das mensagens, seguido de um retorno à divulgação e estudo rigoroso e sério das obras da Codificação Espírita, ou então continuaremos a testemunhar a entrada dos cavalos-de-troia através de nossos muros, aproveitando-se da incúria e da ingenuidade de muitos que, mesmo sabendo do perigo iminente, fecham os olhos confiando unicamente naquilo que chamam de “providência divina”, esquecendo-se das responsabilidades a nós confiadas.

Cabe, pois, aos espíritas verdadeiros, cuidarem para que o Movimento Espírita não se desvie pelas sendas do erro e da divisão, tal qual aconteceu com o Cristianismo, hoje tornado uma autêntica colcha de retalhos. O Espiritismo é um só: aquele contido nas obras kardecianas, sem enxertias e adulterações, tal qual um todo monolítico e capaz de responder às mais graves questões espirituais por ainda muito, muito tempo.

Emmanuel referenda Ramatis? dezembro 19, 2009

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Tempos atrás tomamos conhecimento de um texto onde o espírito Emmanuel teria referendado os ditados ramatisianos. Já vínhamos verificando que, em praticamente todo assunto, a opinião do espírito Emmanuel vinha sendo indevidamente usada por boa parte de pessoas que se dizem espíritas para referendar determinada posição doutrinária, ou mesmo de cunho filosófico, científico e religioso. Porém, o que temos percebido ao longo do tempo é que a citada entidade espiritual, que só se comunicou através do médium Chico Xavier, teria adotado posicionamentos antagônicos e contraditórios, o que é, convenhamos, algo bastante estranho e digno de suspeição, o que fez com que viéssemos a pesquisar mais a fundo a questão.

Antes de listarmos essas posturas estranhas e suas fontes e origens, é bom que se cite a possibilidade de algum arranjo para “encaixar” Emmanuel ao lado de certos grupos, com o intuito de dar autoridade a certas opiniões. Embora eu particularmente tenha minhas dúvidas sobre isso, o que se sabe bem até hoje é que a Federação Espírita Brasileira (FEB) sempre teve a “preocupação” de destruir os originais das mensagens psicografadas, sendo que Chico Xavier anuía com o fato, dentro de sua postura altamente passiva e subserviente, principalmente em relação aos dirigentes febeanos, que eram tratados como indivíduos praticamente perfeitos e acima de quaisquer suspeitas pelo citado médium. Tal realidade pode ser facilmente verificada e constatada através da leitura do livro “Testemunhos de Chico Xavier” (1986), de autoria de Suely Caldas Schubert e editado pela própria FEB.

Assim sendo, não seria de admirar que tenha havido dois ou mais “Emmanuéis”, adredemente usados para declararem o que os dirigentes febeanos quisessem, assim como toda sorte de místicos que se aproximavam de Chico Xavier à busca de um “OK” daquele médium, erroneamente elevado à categoria de autoridade doutrinária, a despeito de sua inegável competência mediúnica e honestidade moral.

Emmanuel e Roustaing

A mais evidente aliança feita pelo espírito Emmanuel foi com o roustainguismo, isso é inegável. Tudo começou com o prefácio feito à obra “Vida de Jesus”, do autor declaradamente rustenista Antônio Lima, em que da primeira à última página, o autor defende os princípios rustenistas, como o corpo fluídico de Jesus e a queda angélica, entre outros disparates que colidem frontalmente com a Doutrina Espírita. Emmanuel chega a afirmar que o entendimento das questões abordadas no livro exigem uma espécie de entendimento superior, que ainda não está ao alcance de todos. Defendendo a diversidade no meio doutrinário, Emmanuel chega a declarar que “Cada qual, à maneira de Antônio Lima, poderá trazer o fruto de suas meditações e de seus estudos para a grande oficina da Fé”.

Mais tarde, Emmanuel reafirma suas convicções rustenistas, prefaciando, desta feita, a obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, uma obra que também, do inicio ao fim, faz propaganda ao rustenismo, mesmo de uma maneira velada e imperceptível a quem não conhece as idéias contidas em “Os Quatro Evangelhos”, de J.B. Roustaing. O livro chega a citar Roustaing como coadjutor de Kardec, ao lado de León Dennis e Gabriel Delanne, além de fazer referência ao “anjo Ismael” como espírito guia do Brasil – lembrando que o chamado anjo Ismael sempre estimulou e defendeu o roustainguismo. Além disso, o livro contém capítulos de propaganda febeana, em que exalta a condição daquela instituição como entidade máxima e legítima do Movimento Espírita Brasileiro. E, pasmém os amigos, a obra também cita uma comunicação nitidamente apócrifa e mistificatória atribuída a Kardec-espírito, em que o Codificador exalta a FEB, o anjo Ismael e, consequentemente, o rustenismo, ao adotar também um linguajar místico-religioso. Trancreveremos aqui mais adiante para que os amigos identifiquem os absurdos, principalmente os que ainda não conhecem bem a questão.

Emmanuel e Pietro Ubaldi

O espírito Emmanuel, pela pena de F. C. Xavier, teria feito alguns comentários sobre a obra de Pietro Ubaldi:

– “Quando todos os valores da civilização ocidental desfalecem numa decadência dolorosa, é justo que saudemos uma luz como esta, que se desprende da grande voz silenciosa da ‘Grande Síntese’.”

– “A “Grande Síntese” é o Evangelho da Ciência, renovando todas as capacidades da religião e da filosofia, reunindo-as à revelação espiritual e restaurando o messianismo do Cristo em todos os institutos da evolução terrestre.”

– “Enquanto o mundo velho se prepara para as grandes provações coletivas, sugere que meditemos sobre o campo infinito da Providência Divina, que enaltece a glória sublime e imperecível do Espírito imortal.”

Vimos aí o apoio de Emmanuel à obra de Ubaldi, o que até se justifica pela similitude entre os princípios rustenistas e ubaldistas em certos pontos importantes, como o da queda angélica, por exemplo, que afronta um princípio básico e elementar da Doutrina Espírita, que é o da não-retrogradação.

Emmanuel, Herculano e Ubaldi

E dentro desta mesma tendência de apoiar tudo e todos, Emmanuel afirma ser Herculano Pires “o metro que melhor mediu Kardec”. Mesmo reconhecendo que o espírito foi justo na sua consideração desta feita, mais uma vez vemos o pensamento contraditório de Emmanuel, já que Herculano foi um defensor da coerência doutrinária, e sempre alertou quanto aos perigos do Rustenismo, do Ubaldismo e do Ramatisismo.

Em relação a Pietro Ubaldi, Herculano responde a mensagem que Pietro Ubaldi enviou ao VI Congresso Espírita Pan-Americano, realizado no mês de outubro de 1963, em Buenos Aires, e que causou estranheza nos meios doutrinários. Depois de discorrer sobre a estagnação das religiões, o autor de “A Grande Síntese” chega às seguintes conclusões:

1 – “O Espiritismo estacionou na teoria da reencarnação e na prática mediúnica;
2 – Não possuindo “um sistema conceptual completo”, não pode ele ser levado a sério pela cultura atual;
3 – A filosofia espírita é limitada, não oferece uma visão completa do Todo e “não abrange todos os momentos da lei de Deus;
4 – O Espiritismo não construiu uma “teologia espírito-científica, que explique o que a católica não explica”;
5 – O Espiritismo “corre o perigo de ficar parado no nível Allan Kardec, como o catolicismo ficou no nível São Tomás e o protestantismo no nível Bíblia”.Diante dessa situação, propõe Ubaldi a adoção, pelo Espiritismo, dos livros de sua autoria, abrangendo a “série italiana” e a “série brasileira”.E explica: “Trata-se de um produto realizado de uma forma que permite que ele caiba dentro do Espiritismo, porque atingido por inspiração, que é por ele julgada a mais alta forma de mediunidade, aquela consciente, controlada pela razão”.

E logo mais afirma:

“Só assim o Espiritismo poderá avançar paralelo à ciência e exigir atenção de parte dos materialistas, porque usa a forma mental e os métodos racionais dele. Só assim o Espiritismo poderá sair do trilho dos costumeiros conceitos que se repetem nas sessões mediúnicas e colocar-se no nível do mais adiantado pensamento moderno, penetrando no terreno da filosofia e da ciência e situando-se na sua altura”.

Ao que Herculano responde:

“A redação e a tradução dessa mensagem de Ubaldi, como se vê, por estes pequenos trechos, estão muito abaixo do texto de suas obras mais inspiradas, que pertencem à “série italiana”. Por outro lado, verifica-se que faltou a Ubaldi a percepção necessária para captar o processo espírita em suas verdadeiras dimensões. O admirável médium de A Grande Síntese revela absoluta falta de acuidade e de compreensão da realidade espírita no mundo de hoje, onde o Espiritismo vem cumprindo serenamente a sua finalidade. A sua crítica ao Espiritismo, resumida nos cinco pontos acima, coincide com a dos adeptos menos instruídos na doutrina, e pode ser respondida, ponto por ponto, por qualquer adepto de inteligência e cultura medianas, que conheça a Doutrina Espírita. Por outro lado, o oferecimento de suas obras ao Espiritismo revela desconhecimento da natureza da nossa doutrina e das exigências metodológicas para a aceitação da proposta, que não cobre essas exigências. Ubaldi desenvolveu suas faculdades mediúnicas à margem do Espiritismo. Seu primeiro livro, A Grande Síntese, apresenta curioso paralelismo com o Espiritismo, o que lhe valeu a simpatia e a amizade dos espíritas brasileiros. Na Itália ou no Brasil, porém, Ubaldi recusou-se sempre a integrar-se no movimento espírita, filiando-se na península à corrente da Ultrafânia, do prof. Trespioli, que pretende haver superado a concepção espírita.
Em seu livro ‘As Noúres’, Ubaldi nos oferece a concepção ultrafâníca da mediunidade, na qual enquadra o seu caso pessoal. É uma pretensiosa concepção de mediunidade cósmica, fugindo à naturalidade e simplicidade das comunicações espirituais entre espíritos desencarnados e médiuns. As pretensões de Ubaldi o transformaram, de simples médium em autor messiânico, agora arvorado em reformador do Espiritismo.Respondemos aos itens da sua crítica da seguinte maneira:

1 – O Espiritismo é uma doutrina evolucionista, como o provam as suas obras fundamentais e o seu imenso desenvolvimento em apenas cem anos de existência;
2 – O sistema conceptual espírita é completo e sua síntese está em O Livro dos Espíritos;
3 – A filosofia espírita não pode abranger o Todo e muito menos “todos os momentos da lei de Deus”, porque isso não está ao alcance de nenhuma elaboração mental, no plano relativo da vida terrena;
4 – A teologia espírita é limitada às possibilidades atuais do conhecimento de Deus, segundo ensina Allan Kardec, e essas possibilidades não admitem ainda a criação na Terra de uma teologia científica, nem dentro nem fora do Espiritismo;
5 – O “nível Allan Kardec” não é o do Espiritismo, mas sim o “nível Espírito da Verdade”, de quem Kardec, segundo dizia, foi um “simples secretário”. Encontrando-se, pois, nesse plano de revelação constante e progressiva, que é o da manifestação do Espírito da Verdade, segundo o próprio Kardec adverte, o Espiritismo está livre dos perigos da estagnação dogmática. Se, pelo contrário, adotasse as obras de Ubaldi para completá-lo, o Espiritismo cairia imediatamente no dogmatismo. Para cumprir sua missão, em todos os campos da atividade humana, o Espiritismo tem de manter-se como Ciência do Espírito (que investiga o elemento inteligente do Universo, paralelamente com a Ciência da Matéria, que investiga o elemento material); como Filosofia Livre, “sem os prejuízos do espírito de sistema”, segundo a expressão feliz de Kardec; e como Religião em Espírito e Verdade, de acordo com o anúncio do Cristo à Mulher Samaritana.”

Emmanuel e Ramatis

Embora Ramatis discorde de Roustaing na questão do corpo fluídico, possua teoria própria em relação à queda angélica, defenda Jesus como um espírito e o Cristo como outro, afirme, ao contrário de Emmanuel, que Jesus tenha estado e aprendido com os essênios, e defenda uma mescla com as religiões orientais, ao contrário da tese cristocêntrica apoiada pela FEB, anjo Ismael, Roustaing e Emmanuel, este último, seguindo um posicionamento deveras contraditório, comenta sobre o posicionamento de Ramatis em relação aos fim dos tempos catastrófico e quejandos.

Leiamos o relato ramatisista:

“Logo que apareceram as primeiras publicações da “Conexão de Profecias” (hoje com o título Mensagens do Astral), de Ramatis, fomos a Pedro Leopoldo, a fim de ouvir a palavra autorizada de Emmanuel, através daquele aparelho maravilhoso que é Francisco Cândido Xavier. Isto, porque o que era dito pelo espirito de Ramatis, parecia-nos perfeitamente lógico. Mas, como constituía novidade, não queríamos aceitar de pronto algo que não passasse pelo crivo de várias manifestações mediúnicas, através de diversos aparelhos.Desta forma, munidos do aparelho de gravação em fita, fomos atendidos gentilmente pelo médium, que respondeu às perguntas que fazíamos, repetindo as palavras da resposta, que eram ditadas por Emmanuel. A gravação foi feita no dia 5 de janeiro de 1954. Conservamos até hoje o rolo gravado em nosso poder. Passamos a estampar as perguntas e respectivas respostas:

Pergunta: – “Que pode o irmão dizer-nos a respeito do astro que se avizinha, segundo a predição de Ramatis?”

Chico Xavier: – “Afirma nosso Orientador espiritual que não podemos esquecer que a Terra, em sua constituição física, propriamente considerada, possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária, que hoje representa o alicerce de nossa morada temporária, pode ser calculado, cada um, em duzentos e sessenta mil (260.000) anos. Atravessando o período de repouso da matéria terrestre, a vida se reorganiza, enxameando de novo, nos vários departamentos do Planeta, representando, assim, novos caminhos para a evolução das almas.Assim sendo, os grandes instrutores da Humanidade, nos planos superiores, consideram que, desses 260.000 anos de atividade, 60 a 64 mil anos são empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada. Logo em seguida, surge o desenvolvimento das grandes raças que, como grandes quadros, enfeixam assuntos e serviços, que dizem respeito à evolução do espírito domiciliado na Terra. Assim, depois desses 60 a 64 mil anos de reorganização de nossa Casa Planetária, temos sempre grandes transformações, de 28 em 28 mil anos. Depois do período dos 64 mil anos, tivemos duas raças na Terra, cujos traços se perderam, por causa de seu primitivismo. Logo em seguida, podemos considerar a grande raça Lemuriana, como portadora de urna inteligência algo mais avançada, detentora de valores mais altos, nos domínios do espírito. Após a raça Lemuriana – em seguida aos 28.000 anos de trabalho lemuriano propriamente considerado – chegamos ao grande período da raça Atlântida, era outros 28.000 anos de grandes trabalhos, no qual a inteligência do mundo se elevou de maneira considerável.

Achamo-nos, agora, nos últimos períodos da grande raça Ariana. Podemos considerar essas raças, como grandes ciclos de serviços, em que somos chamados de mil modos diferentes, em cada ano de nossa permanência na crosta do planeta, ou fora dela, ao aperfeiçoamento espiritual, que é o objetivo de nossas lutas, de nossos problemas, de nossas grandes questões, na esfera de relações, uns para com os outros. Assim considerando, será mais significativo e mais acertado, para nós, venhamos a estudar a transformação atual da Terra sob um ponto de vida moral, para que o serviço espiritual, confiado às nossas mãos e aos nossos esforços, não se perca em considerações, que podem sofrer grandes alterações, grandes desvios; porque o serviço interpretativo da filosofia e da ciência está invariavelmente subordinado ao Pensamento Divino, cuja grandeza não podemos perscrutar. (Neste ponto, ele sutilmente discorda de Ramatis.)

Cabe-nos, então, sentir, e, mais ainda, reconhecer, que os fenômenos da vida moderna e as modificações que nosso “habitat” terreal vem apresentando nos indicam a vizinhança de atividades renovadoras, de considerável extensão. Daí esse afluxo de revelações da vida extra-terrestre, incluindo sobre as cogitações dos homens; esses apelos reiterados, do mundo dos espíritos; essa manifestação ostensiva, daqueles que, supostamente mortos na Terra, são vivos na eternidade, companheiros dos homens em outras faixas vibratórias do campo em que a humanidade evolui. Toda essa eclosão de notícias, de mensagens, de avisos da vida espiritual, devem significar para o homem, domiciliado na Terra do presente século, a urgência do aproveitamento das lições de JESUS. Elas devera ser apreciadas em si mesmas, e examinadas igualmente no exemplo e no ensinamento de todos aqueles que, em variados setores culturais, políticos e filosóficos do globo – lhe traduzem a vontade divina, que na essência é sempre a nossa jornada para o Supremo Bem.

Elogios rasgados e críticas veladas…

“Os termos da comunicação obtida em Curitiba (a “Conexão de Profecias”, de Ramatis) são de admirável conteúdo para a nossa inteligência, de vez que, realmente, todos os fatos alusivos à evolução da Terra, e referentes a todos os eventos, que se relacionam com a nossa peregrinação para a vida mais alta, estão naturalmente planificados, por aqueles ministros de Nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, de acordo com Ele, estabelecem programas de ação para a coletividade planetária, de modo a facilitar-lhe os vôos para a divina ascensão. Embora, porém, esta mensagem, por isso mesmo, seja digna de nosso melhor apreço, contudo, na experiência de companheiro mais velho, recomenda-nos nosso Orientador Espiritual (Emmanuel) um interesse mais efetivo, para a fixação de valores morais em nossa personalidade terrena, de conformidade com os padrões estabelecidos no Evangelho de nosso Divino Mestre. Porque, para nossa inteligência, os fenômenos renovadores da existência que nos cercam têm qualquer coisa de sensacional, de surpreendente, nosso coração de inclinar-se, humilde, diante da Majestade do Senhor, que nos concede tantas oportunidades de trabalho, em nós mesmos, a revelação dos grandes acontecimentos porvindouros; novo soerguimento íntimo, novo modo de ser, a fim de que estejamos realmente habilitados a enfrentar valorosamente as lutas que se avizinham de nós, e preparados para desfrutar a Nova Era que, qual bonança depois da tempestade, facilitará nossos círculos evolutivos. Será, todavia, muito importante encarecer, que não devemos reclamar, do terceiro milênio, uma transformação absolutamente radical, nos processos que caracterizam, por enquanto, a nossa vida terrestre. O prazo de 47 anos é diminuto, para sanar os desequilíbrios morais, de tantos séculos, em que o nosso campo coletivo e individual adquiriu tantos débitos, diante da sabedoria e diante do amor, que incessantemente apelam para nossa alma, no sentido de nos levantarmos, para uma clima mais aprimorado da existência.”

Vimos, logo acima, uma flagrante discordância.

Chico Xavier/Emmanuel prosseguem:

“Não podemos esquecer, que grandes imensidades territoriais, na América, na África e na Ásia, nos desafiam a capacidade de trabalho. Não podemos olvidar, também, que a Europa, superalfabetizada, se encontra num Karma de débitos clamorosos, à frente da Lei, em doloroso expectação, para o reajuste moral, que Ihe é necessário.Aqui mesmo, no Brasil, numa nação com capacidade de asilar novecentos (900) milhões de habitantes, em quatrocentos e alguns anos de evolução, mal estamos -os espíritos, encarnados na Terra em que temos a bênção de aprender ou recapitular a lição do Evangelho – mal estamos passando das faixas litorâneas. Serviços imensos esperam por nossas almas no futuro próximo. E, se é verdade que devemos aguardar, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, condições mais favoráveis para a estabilização da saúde humana, para o acesso mais fácil às fontes da ciência; se nos compete a obrigação de esperar o melhor para o dia de amanhã cabe-nos, igualmente, o dever de não olvidar que, junto desses direitos, responsabilidades constringentes contam conosco, para que o Mundo possa, efetivamente, atender ao programa Divino, através, não somente da superestrutura do pensamento científico – que é hoje um teto brilhante para os serviços de inteligência do mundo – mas também, através de nossos corações, chamados a plasmar uma vida, que seja realmente digna de ser vivida por aqueles que nos sucederão nos tempos duros; entre os quais, naturalmente, milhões de nós os reencarnados de agora, formaremos, de novo, como trabalhadores que voltam para o prosseguimento da tarefa de auto acrisolamento, para a ascensão sublime, que o Senhor nos reserva.

Mais discordâncias, porém com elogios…

Pergunta: – “Foi, de fato, há 37.000 anos que submergiu a Atlântida?” (Ramatis afirma isso)

Chico Xavier: – “Diz nosso Amigo (Emmanuel) que o cálculo é, aproximadamente, certo, considerando-se que as últimas ilhas, que guardavam os remanescentes da civilização atlântida, submergiram, mais ou menos, 9 a 10 mil anos, antes da Grécia de Sócrates.”

Pergunta: – Poderíamos ter alguns informes a respeito de Antúlio? (Para Ramatis, Antúlio foi uma das encarnações de Jesus)

Chico Xavier: – “Vejo, aqui, nosso diretor espiritual, Emmanuel, que nos diz que um estudo acerca da personalidade de Antúlio exigiria minudências relacionadas com a história, no espaço e no tempo, que, de imediato, não podemos realizar. De modo que, tão somente, pode afiançar-nos que se trata de uma entidade de elevada hierarquia, no plano espiritual; vamos dizer, um assessor, ou um daqueles assessores, que servem nos trabalhos de execução do plano divino, confiado ao Nosso Senhor Jesus Cristo, para a realização do progresso da Terra, em geral. Esclarece nosso amigo que Jesus Cristo, como governador de nosso mundo, no sistema solar, conta, naturalmente, com grandes instrutores, para a evolução física e para a evolução espiritual, na organização planetária. E, subordinados a esses ministros, para o progresso da matéria e do espirito, no plano que nós habitamos presentemente, conta Ele com uma assembléia de múltiplos instrutores, de variadas condições, que lhe obedecem as ordens e instruções, numa esfera, cuja elevação, de momento, escapa à nossa possibilidade de apreciação. Antúlio forma no quadro destes elevados servidores.” (Visão cristocêntrica de Emmanuel x visão descentralizada de Ramatis)

Quem consegue entender?

Pergunta: – “Acha nosso irmão que a Mensagem de Ramatis deva ser divulgada com amplitude?”

Chico Xavier: – “Diz nosso Orientador que a Mensagem é de elevado teor… E todo trabalho organizado com o respeito, com o carinho e com a dignidade, dentro dos quais essa Mensagem se apresenta, merece a nossa mais ampla consideração, de vez que todos nós, em todos os setores, somos estudiosos, que devemos permutar as nossas experiências e as nossas conclusões para a assimilação do progresso, com mais facilidade em favor de nós mesmos.”

Dentro dessa salada doutrinária de Emmanuel, temos elogios e considerações favoráveis a todos. Teses e idéias das mais antagônicas são apoiadas por Emmanuel, desde o orientalismo catastrofista de Ramatis até o religiosismo católico impregnado em Roustaing.

E a pergunta é: De que lado está/esteve Emmanuel?

ADENDOS

Conforme prometido, vamos analisar o que o Kardec-espírito da FEB teria ditado em sua mensagem através do médium rustenista Frederico Júnior e espertamente publicada no livreto “A Prece”, como para referendar a “missão” do anjo Ismael, a da FEB como “casa-máter”, a do Brasil como “coração do mundo, pátria do Evangelho” e do roustainguismo.

“Sendo assim, a esse pedaço de terra, a que chamais Brasil, foi dada também a Revelação da Revelação…”, pág. 13

Nosso comentário: Revelação da Revelação é sub-título de “os Quatro Evangelhos”.

“Ismael, o vosso guia, tomando a responsabilidade de vos conduzir ao grande templo do amor e da fraternidade humana, levantou a sua bandeira, tendo inscrito nela – Deus, Cristo e Caridade. Forte pela dedicação, animado pela misericórdia de Deus. que nunca falta aos trabalhadores, sua voz santa e evangélica ecoou em todos os corações, procurando atraí-los para um único agrupamento onde, unidos…, onde enlaçados num único sentimento – o do amor – pudessem adorar o Pai em Espírito e Verdade…”

Nosso comentário: A expressão “em espírito e verdade” é exaustivamente repetida nos livros de Roustaing, e na mensagem a puseram na boca de Kardec…

Mais referências do Kardec-espírito da FEB enaltecendo o anjo Ismael:

“…todos os espíritas tinham o dever sagrado de vir aqui se agruparem – ouvir a palavra sagrada do bom Guia Ismael – único que dirige a propaganda da Doutrina nesta parte do planeta e único que tem a responsabilidade de sua marcha e desenvolvimento.” (págs. 14/15)

O pseudo-Kardec da FEB renuncia á sua condição de Codificador do Espiritismo ao declarar que a Doutrina Espírita está contida nos “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing – A Revelação da Revelação:

“…tudo converge para a Doutrina Espírita – Revelação da Revelação”. (pág. 16)

O “templo” de Ismael é exaltado:

“Disciplinai-vos pelos bons costumes no Templo de Ismael…” (pág. 19)

Como se vê, num centro doutrinariamente roustainguista, a mensagem atribuída a Kardec não poderia ser de outra forma. Os espíritos, adeptos do Docetismo (que pregava o corpo aparente de Jesus), ressuscitado por Roustaing, a cuja falange pertence Ismael, forjaram um Kardec para atestar a suposta missão do “anjo” Ismael e a importância da “Revelação da Revelação”. Um Kardec irreconhecível, que sai em defesa desesperada de Ismael e diz:

“Assim, quando os inimigos da Luz – quando o espírito da trevas julgava esfacelada a bandeira de Ismael, símbolo da Trindade Divina…” (pág. 14)

Vemos dois erros graves: a expressão “espírito das trevas”, que Kardec jamais usou, por ser errada e inadequada (ver pergunta 361-A de O LE), e a defesa da trindade divina, inaceitável para o Espiritismo.

O Kardec da FEB é místico

Vejam só:

“Se fora possível, a todos os que estremecem diante desses quadros horrorosos, praticar o jejum de que falava Jesus aos seus apóstolos; se fora possível a cada um compreender o papel do verdadeiro sacerdote, de que se acha incumbido, quando procura repartir a hóstia sagrada, no altar de Jesus, com seus irmãos na Terra.” (p.250)

O pseudo-Kardec da FEB enaltece a caridade sem discernimento:

“A caridade que exclui a razão, a prudência e o bom-senso – a verdadeira caridade – é instintiva!” (p.29)

E se contradiz mais adiante:

“Assim pois, o bem deve ser feito indistintamente, seja qual for o terreno em que houvermos de praticar. Mas, nem o próprio bem pode excluir a nossa razão, quando, tratando-se da justiça de Deus, pretendemos contrariá-la.” (p.36)

Mais alguns detalhes

Emmanuel: “O Consolador”, perg. 243, 277, 283 e 287, afirma, em defesa da evolução de Jesus em linha reta, isto é, sem reencarnar, exatamente como encontramos em Roustaing:

“Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.”

“O Eleito, porém, é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus-Cristo.”

“Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.”

“A dor material é um fenômeno como o dos fogos de artifício, em facedos legítimos valores espirituais.”

“Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do seu ideal.”

“Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis a contemplá-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indelével para a nossa apreciação restrita e singela.”

“De modo algum poderíamos fazer um estudo psicológico de Jesus,estabelecendo dados comparativos entre o Senhor e o homem.”

“Examinados esses fatores, a dor material teria significação especial para que a obra cristã ficasse consagrada? A dor espiritual, grande demais para ser compreendida, não constitui o ponto essencial da sua perfeita renúncia pelos homens?”

Chico Xavier fala de Roustaing

“Aguardo, com justificado interesse, o teu trabalho sobre Kardec-Roustaing. Deve ter sido um esforço exaustivo, mas muito lindo, o de procurar notícias das relações de ambos, nas publicações do “Espiritismo jovem”. Creio que esse trabalho, do qual te ocupas agora, é de profunda significação para o nosso movimento. Esperarei o “Reformador”, de outubro próximo, ansiosamente.” (Carta de Chico Xavier ao então presidente da FEB, Wantuil de Freitas, a 15 de setembro de 1946, a propósito de um estudo de autoria de Wantuil, publicado na edição de outubro do mesmo ano em “O Reformador”)

“Sinto inveja da leitura que vens fazendo com o Ismael da “Revue Spirite”. Deve ser um encanto entrar em contato com essas coleções antigas. Creio que estás fazendo esse trabalho com a inspiração de nossos Maiores. Creio, não – tenho a certeza disso. Que possamos recolher muitos frutos dessa tarefa abençoada é o meu desejo muito sincero. Aguardo tuas notícias novas sobre a revisão do “Roustaing”. Não te excedas nesse serviço. Das 7 às 23 horas é demais. Resguarda teus órgãos visuais. Lembra-te de que a tua família espiritual hoje é enorme. ” (Idem, com data de 25 de setembro de 1946, ainda sobre o mesmo assunto)

Chico comenta, ainda uma vez, em correspondência com data de 29 do mesmo mês, a nova edição da obra de Roustaing:”

(…) Aguardo com muito interesse a nova edição do “Roustaing”. Constituirá um grande serviço à Causa da Verdade e do Bem, nos moldes de que me tens dado notícias.

Sobre o trecho de Roustaing em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”:

“Não te incomodes com a declaração havida de que o trecho alusivo a Roustaing, em “Brasil”, foi colocado pela Federação. Quando descobrirem que a Casa de Ismael seria incapaz disso, dirão que fui eu. De qualquer modo, eles falarão. O adversário tem sempre um bom trabalho – o de estimular e melhorar tudo, quando estamos voltados para o bem. “(Carta de Chico para Wantuil, de 25 de março de 1947)

O presidente da FEB dá-lhe algumas informações sobre o caso, também por correspondência. Chico agradece, em nova missiva, esta última de 15 de abril do mesmo ano:

“Agradeço as notícias que me deste, relativamente ao caso da acusação havida quanto ao livro “Brasil”. Deus te proteja em teu ministério de supervisão espiritual.”

Meses mais tarde, ambos retornam ao assunto, dessa vez falando sobre uma nova edição desta obra. Wantuil enviara a Chico um exemplar com pequenos ajustes de redação, mas estava especialmente preocupado com a polêmica surgida sobre o trecho referente a Roustaing, e avaliava a possibilidade de adiar-se um pouco a nova tiragem, ou mesmo de submeter o trecho à revisão do autor espiritual. Chico discorda, e apresenta sua ponderação, em correspondência de 24 de agosto de 1947:

“Nosso gesto poderia traduzir, para muitos, temor ou excessiva consideração para com o bloco que nos acusa de interpolar os textos mediúnicos, porque não tendo havido uma providência desta, em qualquer edição dos livros recebidos em Pedro Leopoldo, desde a publicação do “Parnaso”, há quinze anos, a mudança seria extremamente chocante.”…

Mas deixa a decisão final para o então presidente da “Casa de Ismael”, assinalando:

“De uma coisa poderemos estar certos – é de que nunca estaremos livres da perseguição e da leviandade dos nossos adversários gratuitos. Mais vale recebê-los com paternal vigilância que dispensar-lhes excessiva consideração.(…)”

Santa ingenuidade…

Sobre a revisão geral do texto, de natureza linguística, Chico agradece a dedicação de Wantuil em nova carta, enviada apenas seis dias depois:

“Restituí-te o livro ontem com todas as corrigendas que fizeste e podes crer que esses reajustamentos e todos os outros que puderes fazer, no “Brasil, Coração do Mundo”e em todos os outros livros, representam motivo de imenso prazer e de indefinível conforto para mim. Deus te recompense.”

Em outubro de 1947, Wantuil publica em “O Reformador” um artigo sobre a questão do corpo fluídico de Jesus, um dos pontos mais importantes da obra “Os Quatro Evangelhos”. Chico elogia o trabalho feito em missiva de 13 de novembro…

“Considero muito valiosa a página “Corpo Fluídico?”, do Reformador de outubro próximo passado. É de autoria de quem? Trata-se de um trabalho condensado de grande expressão educativa.”… e ainda reforça o elogio em outra, de 22 do mesmo mês:

“Minhas felicitações pela encantadora e substanciosa página “Corpo Fluídico?”. Creio que deves continuar a produzir trabalhos semelhantes para a nossa edificação geral.”

1951, 15 de março. Os filhos de Wantuil seguem para a Europa. Vão a Bordéus (cidade de Roustaing) e Paris, em missão de pesquisa. Chico alegra-se com a notícia:

“Estou muito contente com a partida dos teus rapazes para a Europa. Será um grande serviço à nossa Causa a visita a Bordéus e Paris. Observador quanto é, Zêus pode trazer muito material informativo edificante para nós no Brasil, mormente no que se refere à obra de Roustaing. Também lastimo que o tempo dos dois estimados viajantes seja tão curto lá.”

1952, 23 de outubro: “Minhas felicitações pelo teu belo trabalho com a obra de Roustaing. Está realizando um serviço de grande importância para o nosso ideal.”

Em março de 53, Chico demonstra curiosidade sobre as vendas das obras de Kardec, Roustaing e dos grandes pioneiros de nossa doutrina – Léon Denis, Flammarion e Dellane – ressaltando seu valor doutrinário:

“Tendo em alta conta e profunda estima a obra de Kardec e de Roustaing e dos grandes pioneiros que foram Léon Denis, Flammarion e Delanne, ficaria muito contente e agradecido se me desses a conhecera estatística sobre a penetração dos livros que nos legaram, em nossa Pátria, caso tenhas essa estatística com facilidade. Considero essa penetração muito importante para o traalho de nossa Consoladora Doutrina, no Brasil.”Wantui envia-lhe os dados requeridos. Chico agradece, a 27 de junho do mesmo ano:”Grato pelas notícias dos grandes pioneiros Roustaing, Denis, Flammarion e Dellane. Se a “Revue Spirite” algo publicar, esperarei tuas notícias.”

Mensagem de Ismael sobre a Concepção da “Virgem” e a Natureza do Corpo de Jesus

Abaixo uma mensagem de Ismael sobre o corpo de Jesus, recebida por Frederico Pereira da Silva Junior:

“Meus filhos, bem pouco me cabe dizer sobre o vosso estudo de hoje. Soubestes guardar convosco a paz que os vossos guias vos trouxeram e, recebendo facilmente as suas inspirações, pudestes, com o vosso próprio espírito, tocar a verdade. É assim que firmastes opinião definitiva sobre a concepção da sempre Virgem e sobre o corpo aparentemente carnal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se a opinião isolada do vosso bom Mestre Allan Kardec pôde, de alguma sorte, influir no entendimento de alguns, fazendo-lhes crer que o Redentor do mundo viera revestir-se da matéria grosseira dos corpos comuns, para dar o exemplo das maiores virtudes, encaminhando a humanidade inteira para a terra da promissão, hoje, que todos os Espíritos bem iluminados afirmam que o nascimento de Jesus foi todo aparente, que o seu corpo apenas se constituíra de fluidos concentrados no seio da sempre Virgem Maria, não há razão de ser para duas opiniões a tal respeito. Maria foi sempre mãe de Jesus, como todas as mães são mães dos homens. Se o que se gera no ventre da mulher não é o Espírito, mas sim a massa que vai vestir o mesmo Espírito, incontestavelmente Maria foi mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E, assim, bem o vêdes, realizaram-se todas as profecias; e, assim, veio ao mundo Aquele a quem devemos a Seara da abundância, os frutos da verdade. Insistamos: a opinião do homem, falível quase sempre, pôde como que inocular, no espírito de seus irmãos, a idéia de que Jesus, se não revestisse um corpo carnal, igual ao de todas as criaturas humanas, seus sofrimentos seriam nulos. Entretanto, como bem disseram entre vós, qual o maior sofrimento, o físico ou o sofrimento moral? Mas, mesmo com esse corpo de natureza celeste, com essa reunião de moléculas fluídicas, que ainda desconheceis, não seria possível o próprio sofrimento físico do Redentor? Quem sofre, é o Espírito ou a carne? Não é a lesão, o golpe sobre a matéria que, por intermédio do perispírito, faz chegar ao Espírito as sensações e a dor? Vêdes, portanto, que não pode prevalecer de modo algum a opinião isolada do vosso bom Mestre Allan Kardec. Meus filhos, continuemos a estudar os Evangelhos do Senhor em todos os seus mais pequeninos detalhes. Procurai conhecer o espírito de toda a letra, com humildade, porque a verdade há de fazer-se aos vossos olhos, como um testemunho do agrado do Senhor, que vos vê esquecidos das paixões do mundo, concentrados, estudando a vida do seu amado Filho. O único requisito que se vos pede é a humildade.” Ismael

Ramatis, Pietro Ubaldi, Roustaing e Edgard Armond, por Cirso Santiago novembro 19, 2008

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Ramatis, Pietro Ubaldi, Roustaing e Edgard Armond há muito tempo estão na berlinda e seus críticos já dissecaram suas obras de cabo a rabo. Considerei que o que já foi dito bastasse para o público compreender os equívocos que esses escritores cometeram em relação à Doutrina Espírita.

Todavia numa roda de amigos, em que falávamos sobre Espiritismo, veio à baila esses personagens e fiz rápida explanação sobre as trajetórias deles pelo movimento espírita brasileiro. E qual não foi a minha surpresa quando um companheiro, com boa bagagem de conhecimento doutrinário me disse: “Agora, sim, estou entendendo certas críticas referentes a essas figuras. Creio que o grosso do movimento espírita fica um tanto confuso diante das críticas que se fazem a eles porque não os conhecem de uma maneira mais global. Por que você não escreve sobre esse assunto?”.

– Não escrevo, porque não me acho capaz de fazer um trabalho melhor do que aquilo que já está na praça! Foi o que eu disse ao meu interlocutor, procurando eximir- me de tão difícil tarefa. E ele me deu o cheque-mate:

– ‘Escreva o que você acabou de nos dizer que basta!’

Prometi-lhe refletir melhor sobre a sugestão. Dias após, concluí que a sugestão tinha sua razão de ser e me propus a passar para o papel o seguinte:

RAMATIS

É um Espírito que há muito se infiltrou no movimento espírita brasileiro com a cumplicidade do médium paranaense Hercílio Maes. Juntos, Espírito e médium escreveram várias obras, que deixam muito a desejar quanto a pureza doutrinária. Eis algumas delas: “Fisiologia da Alma”, “O Evangelho à luz do Cosmo”, “Elucidações do Além”, “Magia de Redenção”, “Mediunismo”, “Mediunidade de Cura”, “Missão do Espiritismo” e outras.

Não se pode negar que Ramatis é bastante inteligente e muito sagaz e, portanto, sabe disfarçar seu desconhecimento doutrinário, ou incoerência consciente doutrinária. Logo ganhou adeptos fervorosos e seus livros invadiram o nosso meio. Suas obras não só apresentam senões doutrinários, mas também fortes pitadas de orientalismo, verdadeiros enxertos inconvenientes à Doutrina Espírita. Mas sendo sagaz como é, não deixa de expressar aqui e ali pensamentos razoáveis, com pretensão estudada de confundir o público leigo. Desde sua estréia no movimento espírita nacional a crítica o tem sob sua mira, mas a coisa ficou feia mesmo foi quando veio à lume “Vida no Planeta Marte”, em que ele foi longe demais e desvelou suas fantasias. A crítica especializada desceu-lhe o porrete, mas nessa altura esse Espírito já tinha feito escola por aqui e até hoje há espíritas (ou melhor, pretensos espíritas) que se arrepiam ante qualquer análise desfavorável à obra ramatisiana. No meu conceito Ramatis é espiritualista, mas não espírita.

PIETRO UBALDI

Nasceu na Itália e acabou, graças a alguns mecenas, radicando- se no Brasil. Desenvolveu sua mediunidade à margem dos ditames espíritas. Não sei se ele chegou a estudar as obras kardequianas, se chegou não deve tê-las aceitado integralmente. Kardec nunca lhe foi um paradigma. Ele sempre quis voar mais alto. Tinha idéias próprias e não iria submeter-se à Codificação Espírita. Mas como o brasileiro é um eterno louvador do que vem de fora, Ubaldi em pouco tempo fez aqui grandes amigos espíritas, alguns destes até muito importantes dentro do nosso meio, o que lhe facilitou o seu percurso no Brasil. Certa vez, em Pedro Leopoldo-MG, chegou mesmo a sentar-se ao lado de Chico Xavier para psicografar uma mensagem. Sua linguagem mediúnica, porém, nunca teve a simplicidade e a claridade que vemos na linguagem xaveriana. Ficou por aí apresentando seus ensaios filosóficos que nada tinham com o Espiritismo autêntico. Sua preocupação, na verdade, sempre foi a de criar um movimento próprio: o ubaldismo.

Teve ímpeto de explicar a essência de Deus. Veja só até onde pode chegar um homem incensado. Seu livro de maior alcance foi “A Grande Síntese”. O movimento espírita brasileiro se deslumbrou diante dessa obra. Mas muitos que a leram não a entenderam, apenas louvaram, pois é muito mais fácil louvar do que confessar ignorância. Depois disso, que eu saiba, não saiu mais nada de fôlego de seu lápis que ganhasse a mesma notoriedade de “A Grande Síntese”. Mas ele só caiu mesmo na malha dos críticos mais exigentes quando se revelou adepto do monismo (o que é isso? O Aurélio é quem explica: monismo é Doutrina Filosófica, segundo a qual o conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade, quer do ponto de vista de sua substância, quer do ponto de vista das leis lógicas ou físicas, pelas quais o universo se ordena. (O monismo poderá ser materialista ou espiritualista, lógico e físico). Escorando-se nessa tendência Ubaldi criou uma teoria própria que corre paralela ao Espiritismo que nada tem a ver com este. Ao meu ver Pietro Ubaldi foi um espiritualista, mas não espírita.

J. B. ROUSTAING

Foi destacado advogado da Corte Imperial de Bordeaux, na França. A vaidade doentia estava à flor de sua pele. Após ler “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, ambos de Allan Kardec, meteu em sua cabeça que com o auxílio dos Espíritos Superiores poderia fazer uma obra superior àquelas duas. Note-se que em matéria espírita ele era calouro. Mesmo assim, não demorara a evocar entidades espirituais para efetivar seu sonho: superar Allan Kardec. Ele procurou a médium Emilie Collignon, também uma novata na lide da mediunidade e com sua cumplicidade evocou o Espírito João Batista. Imagine! Logo o precursor de Jesus.

Claro, Roustaing não poderia deixar por menos. Se Kardec se relacionava com o Espírito da Verdade, ele pelo menos tinha que ter à disposição um João Batista. Mas como Espírito não carrega carteira de identidade, o vaidoso advogado foi ludibriado, conforme atesta sua obra “Os Quatro Evangelhos”. Atrás do falso João Batista vieram Moisés e os evangelistas João, Lucas, Marcos e Mateus. Supostamente foram essas figuras do cristianismo nascente que passaram no século XVIII a citada obra a Roustaing, via Collignon.

A obra, além de mistificadora, traz um subtítulo que é verdadeira afronta à Doutrina Espírita: “Revelação da Revelação“. É muita pretensão, pois essa obra não suporta uma simples análise à luz do Espiritismo e não é espírita, pois nem Roustaing, nem a médium, muito menos os espíritos que a escreveram eram espíritas, quando muito eram espiritualistas. Se a primeira condição de uma obra espírita é ter o “imprimatum” da universalidade, “Os Quatro Evangelhos” é refutado aí, pois foi recebido apenas por uma médium. Quando essa obra chegou às mãos de Allan Kardec, ele elegantemente a refutou, insinuando que era uma obra prolixa, pois disse que em vez de três volumes, o que ali está escrito poderia ter sido enfeixado em dois e até mesmo num volume e o leitor ganharia com este enxugamento. Mais tarde, Kardec ainda lembrou-se dela dizendo que houve precipitação em trazer a lume certos assuntos como o corpo fluídico de Jesus e prometeu desenvolver esse tema com maior profundidade. O que de fato o fez em “A Gênese”. E disse que o tempo se encarregaria de aprovar ou não a obra de Roustaing. Na França, ela não teve qualquer sucesso. Vindo para o Brasil, porém, encontrou aqui os diretores da FEB, da época, receptivos e generosos. Logo a FEB, que se intitula representante mor do Espiritismo no Brasil, introduziu no movimento espírita brasileiro essa obra que representa por razões óbvias o 1º Cisma do Movimento Espírita. Não só a introduziu, como ao longo dos anos vem lhe dando guarida em detrimento à Codificação Espírita. A obra em questão é espiritualista e a FEB se diz espírita. Não é um contra-senso? E ainda para a nossa reflexão, faço aqui uma pergunta que já fiz alhures. Se essa obra foi publicada quando ainda o Espiritismo estava para ser concluído, pois Allan Kardec ainda não havia publicado “A Gênese”, com que fechou a Codificação da Doutrina Espírita, por que os espíritos que a ditaram à médium Collignon não a ditaram para o Codificador? Será que esses espíritos já haviam pulado da barca de Jesus? Isto, no mínimo, é muito suspeito! É bom que se diga que no passado muitos espíritas de renome se diziam roustainguistas. Mas assim que leram a obra de Roustaing calaram-se ou tornaram-se os seus maiores críticos. E alguns até mesmo depois de desencarnados jamais falaram um “o” a favor dela, a não ser dentro da FEB. Será que isso não diz nada?

EDGARD ARMOND

(O Comandante Edgard Armond, como era chamado). Oficial da Força Pública do Estado de São Paulo, hoje denominada Polícia Militar, chegou à Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1939. Nessa época, a FEESP dava seus primeiros passos, já que foi fundada em 1936. Homem inteligente e de palavra fácil, o Comandante Edgar Armond foi pouco a pouco conquistando o seu espaço dentro da Instituição Federativa. Lembremos que naquele tempo a literatura espírita era escassa. Existiam os livros da Codificação e além deles um ou outro livrinho de produção independente. A promissora obra de Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico Xavier, estava ainda nos seus primeiros degraus. Armond logo constatou isso e começou a escrever uns livrinhos mais simples, próprios para os iniciantes à Doutrina Espírita. Eu diria que a inspiração dos cursos de Espiritismo que até hoje estão em pleno vigor na FEESP nasceu das páginas desses livrinhos do Armond. Cursos esses que estão em todos os quadrantes do movimento espírita brasileiro e quiçá do exterior. O Comandante Armond chegou, então, à Diretoria da FEESP. E como Secretário Geral organizou a “Escola de Médiuns” e a “Escola de Aprendizes do Evangelho”. Hoje estas escolas acolhem mais de cinco mil alunos. E criou também o passe padronizado que tem causado muita polêmica, porque é um ritual muito distante da prática espontânea, intuitiva que fora exemplificada por Jesus.

Sua bibliografia compõe-se de 25 obras. As que fizeram mais sucesso foram “Passes e Irradiações” e “Os Exilados de Capela”. Foi ele também que trouxe para o nosso meio a “Cromoterapia”, que nada tem a ver com a Doutrina Espírita, mas que hoje está espalhada graças um opúsculo escrito por ele e publicado pela Editora Aliança. Devemos a ele também essa enxertia.

Em maio de 1944, o Comandante Armond fundou o jornal “O Semeador”, órgão doutrinário da FEESP. Apoiado por um grupo de amigos fundou ainda a Instituição Espírita “O Lar do Amor Cristão”, em São Paulo e foi um dos signatários da Ata de Fundação da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Além da Cromoterapia e do passe padronizado que ainda hoje causam discussões no meio espírita e certamente serão questionados pelas gerações espíritas do futuro, devo ainda mencionar que suas obras estão carregadas de conceitos orientalistas, pois ele foi um grande estudioso das principais religiões orientais. Termos como “chacras” e “carma” e outros de origem oriental foram enxertados por ele no movimento espírita brasileiro. Há ainda em suas obras um legado místico muito forte que tomou o movimento espírita brasileiro de assalto. Não bastasse o bolor igrejeiro do roustainguismo, o misticismo e o orientalismo do Comandante Armond também trouxeram prejuízos sérios ao movimento espírita brasileiro.

Alegando problemas de saúde, Edgard Armond deixou a FEESP em 1966. E o estrago armondista no movimento espírita brasileiro iria se completar com a criação, por ele próprio, da Aliança Espírita Evangélica que nasceu com vocação um tanto velada, a princípio, federacionista e tornou-se em pouco tempo, em nosso Estado de São Paulo, concorrente da USE e da FEESP.

A Aliança Espírita Evangélica é fortemente mística e orientalista e os centros “espíritas” capitaneados por ela são todos místicos e orientalistas, o que traz ao Espiritismo um dano imensurável. Tudo isso é uma pena, pois a herança do Comandante Armond poderia ter sido bem melhor. Essa minha análise, ainda que superficial, me autoriza a considerá-lo também, espiritualista, mas não espírita.”

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 365 de Junho de 2001)

Fonte: espirito.org

Ramatis, Pietro Ubaldi, Roustaing e Edgard Armond, por Cirso Santiago novembro 19, 2008

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Ramatis, Pietro Ubaldi, Roustaing e Edgard Armond há muito tempo estão na berlinda e seus críticos já dissecaram suas obras de cabo a rabo. Considerei que o que já foi dito bastasse para o público compreender os equívocos que esses escritores cometeram em relação à Doutrina Espírita.

Todavia numa roda de amigos, em que falávamos sobre Espiritismo, veio à baila esses personagens e fiz rápida explanação sobre as trajetórias deles pelo movimento espírita brasileiro. E qual não foi a minha surpresa quando um companheiro, com boa bagagem de conhecimento doutrinário me disse: “Agora, sim, estou entendendo certas críticas referentes a essas figuras. Creio que o grosso do movimento espírita fica um tanto confuso diante das críticas que se fazem a eles porque não os conhecem de uma maneira mais global. Por que você não escreve sobre esse assunto?”.

– Não escrevo, porque não me acho capaz de fazer um trabalho melhor do que aquilo que já está na praça! Foi o que eu disse ao meu interlocutor, procurando eximir- me de tão difícil tarefa. E ele me deu o cheque-mate:

– ‘Escreva o que você acabou de nos dizer que basta!’

Prometi-lhe refletir melhor sobre a sugestão. Dias após, concluí que a sugestão tinha sua razão de ser e me propus a passar para o papel o seguinte:

RAMATIS

É um Espírito que há muito se infiltrou no movimento espírita brasileiro com a cumplicidade do médium paranaense Hercílio Maes. Juntos, Espírito e médium escreveram várias obras, que deixam muito a desejar quanto a pureza doutrinária. Eis algumas delas: “Fisiologia da Alma”, “O Evangelho à luz do Cosmo”, “Elucidações do Além”, “Magia de Redenção”, “Mediunismo”, “Mediunidade de Cura”, “Missão do Espiritismo” e outras.

Não se pode negar que Ramatis é bastante inteligente e muito sagaz e, portanto, sabe disfarçar seu desconhecimento doutrinário, ou incoerência consciente doutrinária. Logo ganhou adeptos fervorosos e seus livros invadiram o nosso meio. Suas obras não só apresentam senões doutrinários, mas também fortes pitadas de orientalismo, verdadeiros enxertos inconvenientes à Doutrina Espírita. Mas sendo sagaz como é, não deixa de expressar aqui e ali pensamentos razoáveis, com pretensão estudada de confundir o público leigo. Desde sua estréia no movimento espírita nacional a crítica o tem sob sua mira, mas a coisa ficou feia mesmo foi quando veio à lume “Vida no Planeta Marte”, em que ele foi longe demais e desvelou suas fantasias. A crítica especializada desceu-lhe o porrete, mas nessa altura esse Espírito já tinha feito escola por aqui e até hoje há espíritas (ou melhor, pretensos espíritas) que se arrepiam ante qualquer análise desfavorável à obra ramatisiana. No meu conceito Ramatis é espiritualista, mas não espírita.

PIETRO UBALDI

Nasceu na Itália e acabou, graças a alguns mecenas, radicando- se no Brasil. Desenvolveu sua mediunidade à margem dos ditames espíritas. Não sei se ele chegou a estudar as obras kardequianas, se chegou não deve tê-las aceitado integralmente. Kardec nunca lhe foi um paradigma. Ele sempre quis voar mais alto. Tinha idéias próprias e não iria submeter-se à Codificação Espírita. Mas como o brasileiro é um eterno louvador do que vem de fora, Ubaldi em pouco tempo fez aqui grandes amigos espíritas, alguns destes até muito importantes dentro do nosso meio, o que lhe facilitou o seu percurso no Brasil. Certa vez, em Pedro Leopoldo-MG, chegou mesmo a sentar-se ao lado de Chico Xavier para psicografar uma mensagem. Sua linguagem mediúnica, porém, nunca teve a simplicidade e a claridade que vemos na linguagem xaveriana. Ficou por aí apresentando seus ensaios filosóficos que nada tinham com o Espiritismo autêntico. Sua preocupação, na verdade, sempre foi a de criar um movimento próprio: o ubaldismo.

Teve ímpeto de explicar a essência de Deus. Veja só até onde pode chegar um homem incensado. Seu livro de maior alcance foi “A Grande Síntese”. O movimento espírita brasileiro se deslumbrou diante dessa obra. Mas muitos que a leram não a entenderam, apenas louvaram, pois é muito mais fácil louvar do que confessar ignorância. Depois disso, que eu saiba, não saiu mais nada de fôlego de seu lápis que ganhasse a mesma notoriedade de “A Grande Síntese”. Mas ele só caiu mesmo na malha dos críticos mais exigentes quando se revelou adepto do monismo (o que é isso? O Aurélio é quem explica: monismo é Doutrina Filosófica, segundo a qual o conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade, quer do ponto de vista de sua substância, quer do ponto de vista das leis lógicas ou físicas, pelas quais o universo se ordena. (O monismo poderá ser materialista ou espiritualista, lógico e físico). Escorando-se nessa tendência Ubaldi criou uma teoria própria que corre paralela ao Espiritismo que nada tem a ver com este. Ao meu ver Pietro Ubaldi foi um espiritualista, mas não espírita.

J. B. ROUSTAING

Foi destacado advogado da Corte Imperial de Bordeaux, na França. A vaidade doentia estava à flor de sua pele. Após ler “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, ambos de Allan Kardec, meteu em sua cabeça que com o auxílio dos Espíritos Superiores poderia fazer uma obra superior àquelas duas. Note-se que em matéria espírita ele era calouro. Mesmo assim, não demorara a evocar entidades espirituais para efetivar seu sonho: superar Allan Kardec. Ele procurou a médium Emilie Collignon, também uma novata na lide da mediunidade e com sua cumplicidade evocou o Espírito João Batista. Imagine! Logo o precursor de Jesus.

Claro, Roustaing não poderia deixar por menos. Se Kardec se relacionava com o Espírito da Verdade, ele pelo menos tinha que ter à disposição um João Batista. Mas como Espírito não carrega carteira de identidade, o vaidoso advogado foi ludibriado, conforme atesta sua obra “Os Quatro Evangelhos”. Atrás do falso João Batista vieram Moisés e os evangelistas João, Lucas, Marcos e Mateus. Supostamente foram essas figuras do cristianismo nascente que passaram no século XVIII a citada obra a Roustaing, via Collignon.

A obra, além de mistificadora, traz um subtítulo que é verdadeira afronta à Doutrina Espírita: “Revelação da Revelação“. É muita pretensão, pois essa obra não suporta uma simples análise à luz do Espiritismo e não é espírita, pois nem Roustaing, nem a médium, muito menos os espíritos que a escreveram eram espíritas, quando muito eram espiritualistas. Se a primeira condição de uma obra espírita é ter o “imprimatum” da universalidade, “Os Quatro Evangelhos” é refutado aí, pois foi recebido apenas por uma médium. Quando essa obra chegou às mãos de Allan Kardec, ele elegantemente a refutou, insinuando que era uma obra prolixa, pois disse que em vez de três volumes, o que ali está escrito poderia ter sido enfeixado em dois e até mesmo num volume e o leitor ganharia com este enxugamento. Mais tarde, Kardec ainda lembrou-se dela dizendo que houve precipitação em trazer a lume certos assuntos como o corpo fluídico de Jesus e prometeu desenvolver esse tema com maior profundidade. O que de fato o fez em “A Gênese”. E disse que o tempo se encarregaria de aprovar ou não a obra de Roustaing. Na França, ela não teve qualquer sucesso. Vindo para o Brasil, porém, encontrou aqui os diretores da FEB, da época, receptivos e generosos. Logo a FEB, que se intitula representante mor do Espiritismo no Brasil, introduziu no movimento espírita brasileiro essa obra que representa por razões óbvias o 1º Cisma do Movimento Espírita. Não só a introduziu, como ao longo dos anos vem lhe dando guarida em detrimento à Codificação Espírita. A obra em questão é espiritualista e a FEB se diz espírita. Não é um contra-senso? E ainda para a nossa reflexão, faço aqui uma pergunta que já fiz alhures. Se essa obra foi publicada quando ainda o Espiritismo estava para ser concluído, pois Allan Kardec ainda não havia publicado “A Gênese”, com que fechou a Codificação da Doutrina Espírita, por que os espíritos que a ditaram à médium Collignon não a ditaram para o Codificador? Será que esses espíritos já haviam pulado da barca de Jesus? Isto, no mínimo, é muito suspeito! É bom que se diga que no passado muitos espíritas de renome se diziam roustainguistas. Mas assim que leram a obra de Roustaing calaram-se ou tornaram-se os seus maiores críticos. E alguns até mesmo depois de desencarnados jamais falaram um “o” a favor dela, a não ser dentro da FEB. Será que isso não diz nada?

EDGARD ARMOND

(O Comandante Edgard Armond, como era chamado). Oficial da Força Pública do Estado de São Paulo, hoje denominada Polícia Militar, chegou à Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1939. Nessa época, a FEESP dava seus primeiros passos, já que foi fundada em 1936. Homem inteligente e de palavra fácil, o Comandante Edgard Armond foi pouco a pouco conquistando o seu espaço dentro da Instituição Federativa. Lembremos que naquele tempo a literatura espírita era escassa. Existiam os livros da Codificação e além deles um ou outro livrinho de produção independente. A promissora obra de Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico Xavier, estava ainda nos seus primeiros degraus. Armond logo constatou isso e começou a escrever uns livrinhos mais simples, próprios para os iniciantes à Doutrina Espírita. Eu diria que a inspiração dos cursos de Espiritismo que até hoje estão em pleno vigor na FEESP nasceu das páginas desses livrinhos do Armond. Cursos esses que estão em todos os quadrantes do movimento espírita brasileiro e quiçá do exterior. O Comandante Armond chegou, então, à Diretoria da FEESP. E como Secretário Geral organizou a “Escola de Médiuns” e a “Escola de Aprendizes do Evangelho”. Hoje estas escolas acolhem mais de cinco mil alunos. E criou também o passe padronizado que tem causado muita polêmica, porque é um ritual muito distante da prática espontânea, intuitiva que fora exemplificada por Jesus.

Sua bibliografia compõe-se de 25 obras. As que fizeram mais sucesso foram “Passes e Irradiações” e “Os Exilados de Capela”. Foi ele também que trouxe para o nosso meio a “Cromoterapia”, que nada tem a ver com a Doutrina Espírita, mas que hoje está espalhada graças um opúsculo escrito por ele e publicado pela Editora Aliança. Devemos a ele também essa enxertia.

Em maio de 1944, o Comandante Armond fundou o jornal “O Semeador”, órgão doutrinário da FEESP. Apoiado por um grupo de amigos fundou ainda a Instituição Espírita “O Lar do Amor Cristão”, em São Paulo e foi um dos signatários da Ata de Fundação da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Além da Cromoterapia e do passe padronizado que ainda hoje causam discussões no meio espírita e certamente serão questionados pelas gerações espíritas do futuro, devo ainda mencionar que suas obras estão carregadas de conceitos orientalistas, pois ele foi um grande estudioso das principais religiões orientais. Termos como “chacras” e “carma” e outros de origem oriental foram enxertados por ele no movimento espírita brasileiro. Há ainda em suas obras um legado místico muito forte que tomou o movimento espírita brasileiro de assalto. Não bastasse o bolor igrejeiro do roustainguismo, o misticismo e o orientalismo do Comandante Armond também trouxeram prejuízos sérios ao movimento espírita brasileiro.

Alegando problemas de saúde, Edgard Armond deixou a FEESP em 1966. E o estrago armondista no movimento espírita brasileiro iria se completar com a criação, por ele próprio, da Aliança Espírita Evangélica que nasceu com vocação um tanto velada, a princípio, federacionista e tornou-se em pouco tempo, em nosso Estado de São Paulo, concorrente da USE e da FEESP.

A Aliança Espírita Evangélica é fortemente mística e orientalista e os centros “espíritas” capitaneados por ela são todos místicos e orientalistas, o que traz ao Espiritismo um dano imensurável. Tudo isso é uma pena, pois a herança do Comandante Armond poderia ter sido bem melhor. Essa minha análise, ainda que superficial, me autoriza a considerá-lo também, espiritualista, mas não espírita.”

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 365 de Junho de 2001)

Fonte: espirito.org

O artigo de Sergio Aleixo sobre o RAMATISISMO outubro 21, 2008

Posted by arturf in ano 2000, defumadores, discos voadores, Herculano Pires, incensos, Jesus Cristo, ramatisismo, Roustaing, Sergio Aleixo.
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“Para Herculano Pires, ninguém fala para não pecar e peca por não falar, por não espantar pelo menos com um grito as aves daninhas e agoureiras que destroem a seara. (Cf. O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.) Sobre os periódicos espíritas afirmava o grande jornalista, altissonante:

“A imprensa espírita, que devia ser uma labareda, é um foco de infestação, semeando as mistificações de Roustaing, Ramatis e outras, ou chovendo no molhado com a repetição cansativa de velhos e surrados slogans […]”. (O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.)

Por força da acertada referência de Herculano, assim como ressaltei noutro artigo alguns pontos de doutrina do roustainguismo, vejamos algo sobre o ensino do espírito Ramatis, que, aliás, é analisado bem a fundo no excelente livro Ramatis: Sábio ou Pseudo-Sábio?, de Artur Felipe de A. Ferreira.

1.º — Influência astrológica na vida e no destino dos homens, sendo que o próprio Jesus, segundo o espírito, só pôde “baixar” à Terra “sob a influência do magnetismo suave do signo de Peixes”, para “estabelecer um novo código espiritual de libertação dos terrícolas”. (Notemos que parece um extraterrestre falando. Chama-nos terrícolas.) (O Sublime Peregrino, p. 32.)

2.º — Jesus não pôde deixar de aprender com as doutrinas dos essênios, os quais estão reencarnando para “organizar elevada confraria de disciplina esotérica em operosa atividade no mundo profano, para a revivescência do cristianismo nas suas bases milenárias”. (O Sublime Peregrino, p. 278 e 294.)

3.º — Em toda a obra de Ramatis há um ecletismo sincrético travestido de falsa holística e pretenso universalismo, com tal antilógica que sacrifica por completo a verdadeira universalidade: a da razão crítica. Chega a dizer que o Espiritismo vai “parar no tempo e no espaço caso seus adeptos ignorem deliberadamente o progresso e a experiência de outras seitas e doutrinas vinculadas à fonte original e inesgotável do espiritualismo oriental”.

4.º — Incensos e defumadores são eficazes, pois funcionam como “detonadores de miasmas astralinos”. (Magia de Redenção.)

5.º — Como registradas igualmente em Roustaing, há em Ramatis a presença de mensagens atemorizantes, cuja fixação absurda de datas revelou-se totalmente quimérica. Afinal, o mundo sobreviveu ao ano 2000. (Mensagens do Astral.)

6.º — Esdrúxula profecia de um presidente brasileiro que elevaria o nível de espiritualidade do povo. Em 1970, o tal já havia percorrido, segundo Ramatis, “metade do caminho rumo ao cargo supremo do País”. (A Vida Humana e o Espírito Imortal, p. 298.)

7.º — Referência a naves marcianas “ultravelozes”, vindas de um planeta cuja geografia já se provou ser inteiramente diversa da que fora descrita pelo espírito e, além disso, sem nenhum vestígio das raças físicas que afirmara lá viverem. (A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores)

8.º — Jesus não seria o Cristo, mas um “anjo” encarnado para ser seu “médium”. Esse outro espírito, mais elevado que o messias de Nazaré, é que seria o “cristo planetário”, inferior, por sua vez, a outros “cristos” mais evoluídos, o “solar”, o “galáctico”, etc. (O Sublime Peregrino, p. 62.)

Livros de Sérgio Aleixo

O artigo de Sergio Aleixo sobre o RAMATISISMO outubro 21, 2008

Posted by arturf in ano 2000, defumadores, discos voadores, Herculano Pires, incensos, Jesus Cristo, ramatisismo, Roustaing, Sergio Aleixo.
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“Para Herculano Pires, ninguém fala para não pecar e peca por não falar, por não espantar pelo menos com um grito as aves daninhas e agoureiras que destroem a seara. (Cf. O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.) Sobre os periódicos espíritas afirmava o grande jornalista, altissonante:

“A imprensa espírita, que devia ser uma labareda, é um foco de infestação, semeando as mistificações de Roustaing, Ramatis e outras, ou chovendo no molhado com a repetição cansativa de velhos e surrados slogans […]”. (O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.)

Por força da acertada referência de Herculano, assim como ressaltei noutro artigo alguns pontos de doutrina do roustainguismo, vejamos algo sobre o ensino do espírito Ramatis, que, aliás, é analisado bem a fundo no excelente livro Ramatis: Sábio ou Pseudo-Sábio?, de Artur Felipe de A. Ferreira.

1.º — Influência astrológica na vida e no destino dos homens, sendo que o próprio Jesus, segundo o espírito, só pôde “baixar” à Terra “sob a influência do magnetismo suave do signo de Peixes”, para “estabelecer um novo código espiritual de libertação dos terrícolas”. (Notemos que parece um extraterrestre falando. Chama-nos terrícolas.) (O Sublime Peregrino, p. 32.)

2.º — Jesus não pôde deixar de aprender com as doutrinas dos essênios, os quais estão reencarnando para “organizar elevada confraria de disciplina esotérica em operosa atividade no mundo profano, para a revivescência do cristianismo nas suas bases milenárias”. (O Sublime Peregrino, p. 278 e 294.)

3.º — Em toda a obra de Ramatis há um ecletismo sincrético travestido de falsa holística e pretenso universalismo, com tal antilógica que sacrifica por completo a verdadeira universalidade: a da razão crítica. Chega a dizer que o Espiritismo vai “parar no tempo e no espaço caso seus adeptos ignorem deliberadamente o progresso e a experiência de outras seitas e doutrinas vinculadas à fonte original e inesgotável do espiritualismo oriental”.

4.º — Incensos e defumadores são eficazes, pois funcionam como “detonadores de miasmas astralinos”. (Magia de Redenção.)

5.º — Como registradas igualmente em Roustaing, há em Ramatis a presença de mensagens atemorizantes, cuja fixação absurda de datas revelou-se totalmente quimérica. Afinal, o mundo sobreviveu ao ano 2000. (Mensagens do Astral.)

6.º — Esdrúxula profecia de um presidente brasileiro que elevaria o nível de espiritualidade do povo. Em 1970, o tal já havia percorrido, segundo Ramatis, “metade do caminho rumo ao cargo supremo do País”. (A Vida Humana e o Espírito Imortal, p. 298.)

7.º — Referência a naves marcianas “ultravelozes”, vindas de um planeta cuja geografia já se provou ser inteiramente diversa da que fora descrita pelo espírito e, além disso, sem nenhum vestígio das raças físicas que afirmara lá viverem. (A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores)

8.º — Jesus não seria o Cristo, mas um “anjo” encarnado para ser seu “médium”. Esse outro espírito, mais elevado que o messias de Nazaré, é que seria o “cristo planetário”, inferior, por sua vez, a outros “cristos” mais evoluídos, o “solar”, o “galáctico”, etc. (O Sublime Peregrino, p. 62.)

Livros de Sérgio Aleixo