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Emmanuel referenda Ramatis? dezembro 19, 2009

Posted by arturf in Chico Xavier, Emmanuel, FEB, Herculano Pires, Ismael, Roustaing, Ubaldi.
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Tempos atrás tomamos conhecimento de um texto onde o espírito Emmanuel teria referendado os ditados ramatisianos. Já vínhamos verificando que, em praticamente todo assunto, a opinião do espírito Emmanuel vinha sendo indevidamente usada por boa parte de pessoas que se dizem espíritas para referendar determinada posição doutrinária, ou mesmo de cunho filosófico, científico e religioso. Porém, o que temos percebido ao longo do tempo é que a citada entidade espiritual, que só se comunicou através do médium Chico Xavier, teria adotado posicionamentos antagônicos e contraditórios, o que é, convenhamos, algo bastante estranho e digno de suspeição, o que fez com que viéssemos a pesquisar mais a fundo a questão.

Antes de listarmos essas posturas estranhas e suas fontes e origens, é bom que se cite a possibilidade de algum arranjo para “encaixar” Emmanuel ao lado de certos grupos, com o intuito de dar autoridade a certas opiniões. Embora eu particularmente tenha minhas dúvidas sobre isso, o que se sabe bem até hoje é que a Federação Espírita Brasileira (FEB) sempre teve a “preocupação” de destruir os originais das mensagens psicografadas, sendo que Chico Xavier anuía com o fato, dentro de sua postura altamente passiva e subserviente, principalmente em relação aos dirigentes febeanos, que eram tratados como indivíduos praticamente perfeitos e acima de quaisquer suspeitas pelo citado médium. Tal realidade pode ser facilmente verificada e constatada através da leitura do livro “Testemunhos de Chico Xavier” (1986), de autoria de Suely Caldas Schubert e editado pela própria FEB.

Assim sendo, não seria de admirar que tenha havido dois ou mais “Emmanuéis”, adredemente usados para declararem o que os dirigentes febeanos quisessem, assim como toda sorte de místicos que se aproximavam de Chico Xavier à busca de um “OK” daquele médium, erroneamente elevado à categoria de autoridade doutrinária, a despeito de sua inegável competência mediúnica e honestidade moral.

Emmanuel e Roustaing

A mais evidente aliança feita pelo espírito Emmanuel foi com o roustainguismo, isso é inegável. Tudo começou com o prefácio feito à obra “Vida de Jesus”, do autor declaradamente rustenista Antônio Lima, em que da primeira à última página, o autor defende os princípios rustenistas, como o corpo fluídico de Jesus e a queda angélica, entre outros disparates que colidem frontalmente com a Doutrina Espírita. Emmanuel chega a afirmar que o entendimento das questões abordadas no livro exigem uma espécie de entendimento superior, que ainda não está ao alcance de todos. Defendendo a diversidade no meio doutrinário, Emmanuel chega a declarar que “Cada qual, à maneira de Antônio Lima, poderá trazer o fruto de suas meditações e de seus estudos para a grande oficina da Fé”.

Mais tarde, Emmanuel reafirma suas convicções rustenistas, prefaciando, desta feita, a obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, uma obra que também, do inicio ao fim, faz propaganda ao rustenismo, mesmo de uma maneira velada e imperceptível a quem não conhece as idéias contidas em “Os Quatro Evangelhos”, de J.B. Roustaing. O livro chega a citar Roustaing como coadjutor de Kardec, ao lado de León Dennis e Gabriel Delanne, além de fazer referência ao “anjo Ismael” como espírito guia do Brasil – lembrando que o chamado anjo Ismael sempre estimulou e defendeu o roustainguismo. Além disso, o livro contém capítulos de propaganda febeana, em que exalta a condição daquela instituição como entidade máxima e legítima do Movimento Espírita Brasileiro. E, pasmém os amigos, a obra também cita uma comunicação nitidamente apócrifa e mistificatória atribuída a Kardec-espírito, em que o Codificador exalta a FEB, o anjo Ismael e, consequentemente, o rustenismo, ao adotar também um linguajar místico-religioso. Trancreveremos aqui mais adiante para que os amigos identifiquem os absurdos, principalmente os que ainda não conhecem bem a questão.

Emmanuel e Pietro Ubaldi

O espírito Emmanuel, pela pena de F. C. Xavier, teria feito alguns comentários sobre a obra de Pietro Ubaldi:

– “Quando todos os valores da civilização ocidental desfalecem numa decadência dolorosa, é justo que saudemos uma luz como esta, que se desprende da grande voz silenciosa da ‘Grande Síntese’.”

– “A “Grande Síntese” é o Evangelho da Ciência, renovando todas as capacidades da religião e da filosofia, reunindo-as à revelação espiritual e restaurando o messianismo do Cristo em todos os institutos da evolução terrestre.”

– “Enquanto o mundo velho se prepara para as grandes provações coletivas, sugere que meditemos sobre o campo infinito da Providência Divina, que enaltece a glória sublime e imperecível do Espírito imortal.”

Vimos aí o apoio de Emmanuel à obra de Ubaldi, o que até se justifica pela similitude entre os princípios rustenistas e ubaldistas em certos pontos importantes, como o da queda angélica, por exemplo, que afronta um princípio básico e elementar da Doutrina Espírita, que é o da não-retrogradação.

Emmanuel, Herculano e Ubaldi

E dentro desta mesma tendência de apoiar tudo e todos, Emmanuel afirma ser Herculano Pires “o metro que melhor mediu Kardec”. Mesmo reconhecendo que o espírito foi justo na sua consideração desta feita, mais uma vez vemos o pensamento contraditório de Emmanuel, já que Herculano foi um defensor da coerência doutrinária, e sempre alertou quanto aos perigos do Rustenismo, do Ubaldismo e do Ramatisismo.

Em relação a Pietro Ubaldi, Herculano responde a mensagem que Pietro Ubaldi enviou ao VI Congresso Espírita Pan-Americano, realizado no mês de outubro de 1963, em Buenos Aires, e que causou estranheza nos meios doutrinários. Depois de discorrer sobre a estagnação das religiões, o autor de “A Grande Síntese” chega às seguintes conclusões:

1 – “O Espiritismo estacionou na teoria da reencarnação e na prática mediúnica;
2 – Não possuindo “um sistema conceptual completo”, não pode ele ser levado a sério pela cultura atual;
3 – A filosofia espírita é limitada, não oferece uma visão completa do Todo e “não abrange todos os momentos da lei de Deus;
4 – O Espiritismo não construiu uma “teologia espírito-científica, que explique o que a católica não explica”;
5 – O Espiritismo “corre o perigo de ficar parado no nível Allan Kardec, como o catolicismo ficou no nível São Tomás e o protestantismo no nível Bíblia”.Diante dessa situação, propõe Ubaldi a adoção, pelo Espiritismo, dos livros de sua autoria, abrangendo a “série italiana” e a “série brasileira”.E explica: “Trata-se de um produto realizado de uma forma que permite que ele caiba dentro do Espiritismo, porque atingido por inspiração, que é por ele julgada a mais alta forma de mediunidade, aquela consciente, controlada pela razão”.

E logo mais afirma:

“Só assim o Espiritismo poderá avançar paralelo à ciência e exigir atenção de parte dos materialistas, porque usa a forma mental e os métodos racionais dele. Só assim o Espiritismo poderá sair do trilho dos costumeiros conceitos que se repetem nas sessões mediúnicas e colocar-se no nível do mais adiantado pensamento moderno, penetrando no terreno da filosofia e da ciência e situando-se na sua altura”.

Ao que Herculano responde:

“A redação e a tradução dessa mensagem de Ubaldi, como se vê, por estes pequenos trechos, estão muito abaixo do texto de suas obras mais inspiradas, que pertencem à “série italiana”. Por outro lado, verifica-se que faltou a Ubaldi a percepção necessária para captar o processo espírita em suas verdadeiras dimensões. O admirável médium de A Grande Síntese revela absoluta falta de acuidade e de compreensão da realidade espírita no mundo de hoje, onde o Espiritismo vem cumprindo serenamente a sua finalidade. A sua crítica ao Espiritismo, resumida nos cinco pontos acima, coincide com a dos adeptos menos instruídos na doutrina, e pode ser respondida, ponto por ponto, por qualquer adepto de inteligência e cultura medianas, que conheça a Doutrina Espírita. Por outro lado, o oferecimento de suas obras ao Espiritismo revela desconhecimento da natureza da nossa doutrina e das exigências metodológicas para a aceitação da proposta, que não cobre essas exigências. Ubaldi desenvolveu suas faculdades mediúnicas à margem do Espiritismo. Seu primeiro livro, A Grande Síntese, apresenta curioso paralelismo com o Espiritismo, o que lhe valeu a simpatia e a amizade dos espíritas brasileiros. Na Itália ou no Brasil, porém, Ubaldi recusou-se sempre a integrar-se no movimento espírita, filiando-se na península à corrente da Ultrafânia, do prof. Trespioli, que pretende haver superado a concepção espírita.
Em seu livro ‘As Noúres’, Ubaldi nos oferece a concepção ultrafâníca da mediunidade, na qual enquadra o seu caso pessoal. É uma pretensiosa concepção de mediunidade cósmica, fugindo à naturalidade e simplicidade das comunicações espirituais entre espíritos desencarnados e médiuns. As pretensões de Ubaldi o transformaram, de simples médium em autor messiânico, agora arvorado em reformador do Espiritismo.Respondemos aos itens da sua crítica da seguinte maneira:

1 – O Espiritismo é uma doutrina evolucionista, como o provam as suas obras fundamentais e o seu imenso desenvolvimento em apenas cem anos de existência;
2 – O sistema conceptual espírita é completo e sua síntese está em O Livro dos Espíritos;
3 – A filosofia espírita não pode abranger o Todo e muito menos “todos os momentos da lei de Deus”, porque isso não está ao alcance de nenhuma elaboração mental, no plano relativo da vida terrena;
4 – A teologia espírita é limitada às possibilidades atuais do conhecimento de Deus, segundo ensina Allan Kardec, e essas possibilidades não admitem ainda a criação na Terra de uma teologia científica, nem dentro nem fora do Espiritismo;
5 – O “nível Allan Kardec” não é o do Espiritismo, mas sim o “nível Espírito da Verdade”, de quem Kardec, segundo dizia, foi um “simples secretário”. Encontrando-se, pois, nesse plano de revelação constante e progressiva, que é o da manifestação do Espírito da Verdade, segundo o próprio Kardec adverte, o Espiritismo está livre dos perigos da estagnação dogmática. Se, pelo contrário, adotasse as obras de Ubaldi para completá-lo, o Espiritismo cairia imediatamente no dogmatismo. Para cumprir sua missão, em todos os campos da atividade humana, o Espiritismo tem de manter-se como Ciência do Espírito (que investiga o elemento inteligente do Universo, paralelamente com a Ciência da Matéria, que investiga o elemento material); como Filosofia Livre, “sem os prejuízos do espírito de sistema”, segundo a expressão feliz de Kardec; e como Religião em Espírito e Verdade, de acordo com o anúncio do Cristo à Mulher Samaritana.”

Emmanuel e Ramatis

Embora Ramatis discorde de Roustaing na questão do corpo fluídico, possua teoria própria em relação à queda angélica, defenda Jesus como um espírito e o Cristo como outro, afirme, ao contrário de Emmanuel, que Jesus tenha estado e aprendido com os essênios, e defenda uma mescla com as religiões orientais, ao contrário da tese cristocêntrica apoiada pela FEB, anjo Ismael, Roustaing e Emmanuel, este último, seguindo um posicionamento deveras contraditório, comenta sobre o posicionamento de Ramatis em relação aos fim dos tempos catastrófico e quejandos.

Leiamos o relato ramatisista:

“Logo que apareceram as primeiras publicações da “Conexão de Profecias” (hoje com o título Mensagens do Astral), de Ramatis, fomos a Pedro Leopoldo, a fim de ouvir a palavra autorizada de Emmanuel, através daquele aparelho maravilhoso que é Francisco Cândido Xavier. Isto, porque o que era dito pelo espirito de Ramatis, parecia-nos perfeitamente lógico. Mas, como constituía novidade, não queríamos aceitar de pronto algo que não passasse pelo crivo de várias manifestações mediúnicas, através de diversos aparelhos.Desta forma, munidos do aparelho de gravação em fita, fomos atendidos gentilmente pelo médium, que respondeu às perguntas que fazíamos, repetindo as palavras da resposta, que eram ditadas por Emmanuel. A gravação foi feita no dia 5 de janeiro de 1954. Conservamos até hoje o rolo gravado em nosso poder. Passamos a estampar as perguntas e respectivas respostas:

Pergunta: – “Que pode o irmão dizer-nos a respeito do astro que se avizinha, segundo a predição de Ramatis?”

Chico Xavier: – “Afirma nosso Orientador espiritual que não podemos esquecer que a Terra, em sua constituição física, propriamente considerada, possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária, que hoje representa o alicerce de nossa morada temporária, pode ser calculado, cada um, em duzentos e sessenta mil (260.000) anos. Atravessando o período de repouso da matéria terrestre, a vida se reorganiza, enxameando de novo, nos vários departamentos do Planeta, representando, assim, novos caminhos para a evolução das almas.Assim sendo, os grandes instrutores da Humanidade, nos planos superiores, consideram que, desses 260.000 anos de atividade, 60 a 64 mil anos são empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada. Logo em seguida, surge o desenvolvimento das grandes raças que, como grandes quadros, enfeixam assuntos e serviços, que dizem respeito à evolução do espírito domiciliado na Terra. Assim, depois desses 60 a 64 mil anos de reorganização de nossa Casa Planetária, temos sempre grandes transformações, de 28 em 28 mil anos. Depois do período dos 64 mil anos, tivemos duas raças na Terra, cujos traços se perderam, por causa de seu primitivismo. Logo em seguida, podemos considerar a grande raça Lemuriana, como portadora de urna inteligência algo mais avançada, detentora de valores mais altos, nos domínios do espírito. Após a raça Lemuriana – em seguida aos 28.000 anos de trabalho lemuriano propriamente considerado – chegamos ao grande período da raça Atlântida, era outros 28.000 anos de grandes trabalhos, no qual a inteligência do mundo se elevou de maneira considerável.

Achamo-nos, agora, nos últimos períodos da grande raça Ariana. Podemos considerar essas raças, como grandes ciclos de serviços, em que somos chamados de mil modos diferentes, em cada ano de nossa permanência na crosta do planeta, ou fora dela, ao aperfeiçoamento espiritual, que é o objetivo de nossas lutas, de nossos problemas, de nossas grandes questões, na esfera de relações, uns para com os outros. Assim considerando, será mais significativo e mais acertado, para nós, venhamos a estudar a transformação atual da Terra sob um ponto de vida moral, para que o serviço espiritual, confiado às nossas mãos e aos nossos esforços, não se perca em considerações, que podem sofrer grandes alterações, grandes desvios; porque o serviço interpretativo da filosofia e da ciência está invariavelmente subordinado ao Pensamento Divino, cuja grandeza não podemos perscrutar. (Neste ponto, ele sutilmente discorda de Ramatis.)

Cabe-nos, então, sentir, e, mais ainda, reconhecer, que os fenômenos da vida moderna e as modificações que nosso “habitat” terreal vem apresentando nos indicam a vizinhança de atividades renovadoras, de considerável extensão. Daí esse afluxo de revelações da vida extra-terrestre, incluindo sobre as cogitações dos homens; esses apelos reiterados, do mundo dos espíritos; essa manifestação ostensiva, daqueles que, supostamente mortos na Terra, são vivos na eternidade, companheiros dos homens em outras faixas vibratórias do campo em que a humanidade evolui. Toda essa eclosão de notícias, de mensagens, de avisos da vida espiritual, devem significar para o homem, domiciliado na Terra do presente século, a urgência do aproveitamento das lições de JESUS. Elas devera ser apreciadas em si mesmas, e examinadas igualmente no exemplo e no ensinamento de todos aqueles que, em variados setores culturais, políticos e filosóficos do globo – lhe traduzem a vontade divina, que na essência é sempre a nossa jornada para o Supremo Bem.

Elogios rasgados e críticas veladas…

“Os termos da comunicação obtida em Curitiba (a “Conexão de Profecias”, de Ramatis) são de admirável conteúdo para a nossa inteligência, de vez que, realmente, todos os fatos alusivos à evolução da Terra, e referentes a todos os eventos, que se relacionam com a nossa peregrinação para a vida mais alta, estão naturalmente planificados, por aqueles ministros de Nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, de acordo com Ele, estabelecem programas de ação para a coletividade planetária, de modo a facilitar-lhe os vôos para a divina ascensão. Embora, porém, esta mensagem, por isso mesmo, seja digna de nosso melhor apreço, contudo, na experiência de companheiro mais velho, recomenda-nos nosso Orientador Espiritual (Emmanuel) um interesse mais efetivo, para a fixação de valores morais em nossa personalidade terrena, de conformidade com os padrões estabelecidos no Evangelho de nosso Divino Mestre. Porque, para nossa inteligência, os fenômenos renovadores da existência que nos cercam têm qualquer coisa de sensacional, de surpreendente, nosso coração de inclinar-se, humilde, diante da Majestade do Senhor, que nos concede tantas oportunidades de trabalho, em nós mesmos, a revelação dos grandes acontecimentos porvindouros; novo soerguimento íntimo, novo modo de ser, a fim de que estejamos realmente habilitados a enfrentar valorosamente as lutas que se avizinham de nós, e preparados para desfrutar a Nova Era que, qual bonança depois da tempestade, facilitará nossos círculos evolutivos. Será, todavia, muito importante encarecer, que não devemos reclamar, do terceiro milênio, uma transformação absolutamente radical, nos processos que caracterizam, por enquanto, a nossa vida terrestre. O prazo de 47 anos é diminuto, para sanar os desequilíbrios morais, de tantos séculos, em que o nosso campo coletivo e individual adquiriu tantos débitos, diante da sabedoria e diante do amor, que incessantemente apelam para nossa alma, no sentido de nos levantarmos, para uma clima mais aprimorado da existência.”

Vimos, logo acima, uma flagrante discordância.

Chico Xavier/Emmanuel prosseguem:

“Não podemos esquecer, que grandes imensidades territoriais, na América, na África e na Ásia, nos desafiam a capacidade de trabalho. Não podemos olvidar, também, que a Europa, superalfabetizada, se encontra num Karma de débitos clamorosos, à frente da Lei, em doloroso expectação, para o reajuste moral, que Ihe é necessário.Aqui mesmo, no Brasil, numa nação com capacidade de asilar novecentos (900) milhões de habitantes, em quatrocentos e alguns anos de evolução, mal estamos -os espíritos, encarnados na Terra em que temos a bênção de aprender ou recapitular a lição do Evangelho – mal estamos passando das faixas litorâneas. Serviços imensos esperam por nossas almas no futuro próximo. E, se é verdade que devemos aguardar, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, condições mais favoráveis para a estabilização da saúde humana, para o acesso mais fácil às fontes da ciência; se nos compete a obrigação de esperar o melhor para o dia de amanhã cabe-nos, igualmente, o dever de não olvidar que, junto desses direitos, responsabilidades constringentes contam conosco, para que o Mundo possa, efetivamente, atender ao programa Divino, através, não somente da superestrutura do pensamento científico – que é hoje um teto brilhante para os serviços de inteligência do mundo – mas também, através de nossos corações, chamados a plasmar uma vida, que seja realmente digna de ser vivida por aqueles que nos sucederão nos tempos duros; entre os quais, naturalmente, milhões de nós os reencarnados de agora, formaremos, de novo, como trabalhadores que voltam para o prosseguimento da tarefa de auto acrisolamento, para a ascensão sublime, que o Senhor nos reserva.

Mais discordâncias, porém com elogios…

Pergunta: – “Foi, de fato, há 37.000 anos que submergiu a Atlântida?” (Ramatis afirma isso)

Chico Xavier: – “Diz nosso Amigo (Emmanuel) que o cálculo é, aproximadamente, certo, considerando-se que as últimas ilhas, que guardavam os remanescentes da civilização atlântida, submergiram, mais ou menos, 9 a 10 mil anos, antes da Grécia de Sócrates.”

Pergunta: – Poderíamos ter alguns informes a respeito de Antúlio? (Para Ramatis, Antúlio foi uma das encarnações de Jesus)

Chico Xavier: – “Vejo, aqui, nosso diretor espiritual, Emmanuel, que nos diz que um estudo acerca da personalidade de Antúlio exigiria minudências relacionadas com a história, no espaço e no tempo, que, de imediato, não podemos realizar. De modo que, tão somente, pode afiançar-nos que se trata de uma entidade de elevada hierarquia, no plano espiritual; vamos dizer, um assessor, ou um daqueles assessores, que servem nos trabalhos de execução do plano divino, confiado ao Nosso Senhor Jesus Cristo, para a realização do progresso da Terra, em geral. Esclarece nosso amigo que Jesus Cristo, como governador de nosso mundo, no sistema solar, conta, naturalmente, com grandes instrutores, para a evolução física e para a evolução espiritual, na organização planetária. E, subordinados a esses ministros, para o progresso da matéria e do espirito, no plano que nós habitamos presentemente, conta Ele com uma assembléia de múltiplos instrutores, de variadas condições, que lhe obedecem as ordens e instruções, numa esfera, cuja elevação, de momento, escapa à nossa possibilidade de apreciação. Antúlio forma no quadro destes elevados servidores.” (Visão cristocêntrica de Emmanuel x visão descentralizada de Ramatis)

Quem consegue entender?

Pergunta: – “Acha nosso irmão que a Mensagem de Ramatis deva ser divulgada com amplitude?”

Chico Xavier: – “Diz nosso Orientador que a Mensagem é de elevado teor… E todo trabalho organizado com o respeito, com o carinho e com a dignidade, dentro dos quais essa Mensagem se apresenta, merece a nossa mais ampla consideração, de vez que todos nós, em todos os setores, somos estudiosos, que devemos permutar as nossas experiências e as nossas conclusões para a assimilação do progresso, com mais facilidade em favor de nós mesmos.”

Dentro dessa salada doutrinária de Emmanuel, temos elogios e considerações favoráveis a todos. Teses e idéias das mais antagônicas são apoiadas por Emmanuel, desde o orientalismo catastrofista de Ramatis até o religiosismo católico impregnado em Roustaing.

E a pergunta é: De que lado está/esteve Emmanuel?

ADENDOS

Conforme prometido, vamos analisar o que o Kardec-espírito da FEB teria ditado em sua mensagem através do médium rustenista Frederico Júnior e espertamente publicada no livreto “A Prece”, como para referendar a “missão” do anjo Ismael, a da FEB como “casa-máter”, a do Brasil como “coração do mundo, pátria do Evangelho” e do roustainguismo.

“Sendo assim, a esse pedaço de terra, a que chamais Brasil, foi dada também a Revelação da Revelação…”, pág. 13

Nosso comentário: Revelação da Revelação é sub-título de “os Quatro Evangelhos”.

“Ismael, o vosso guia, tomando a responsabilidade de vos conduzir ao grande templo do amor e da fraternidade humana, levantou a sua bandeira, tendo inscrito nela – Deus, Cristo e Caridade. Forte pela dedicação, animado pela misericórdia de Deus. que nunca falta aos trabalhadores, sua voz santa e evangélica ecoou em todos os corações, procurando atraí-los para um único agrupamento onde, unidos…, onde enlaçados num único sentimento – o do amor – pudessem adorar o Pai em Espírito e Verdade…”

Nosso comentário: A expressão “em espírito e verdade” é exaustivamente repetida nos livros de Roustaing, e na mensagem a puseram na boca de Kardec…

Mais referências do Kardec-espírito da FEB enaltecendo o anjo Ismael:

“…todos os espíritas tinham o dever sagrado de vir aqui se agruparem – ouvir a palavra sagrada do bom Guia Ismael – único que dirige a propaganda da Doutrina nesta parte do planeta e único que tem a responsabilidade de sua marcha e desenvolvimento.” (págs. 14/15)

O pseudo-Kardec da FEB renuncia á sua condição de Codificador do Espiritismo ao declarar que a Doutrina Espírita está contida nos “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing – A Revelação da Revelação:

“…tudo converge para a Doutrina Espírita – Revelação da Revelação”. (pág. 16)

O “templo” de Ismael é exaltado:

“Disciplinai-vos pelos bons costumes no Templo de Ismael…” (pág. 19)

Como se vê, num centro doutrinariamente roustainguista, a mensagem atribuída a Kardec não poderia ser de outra forma. Os espíritos, adeptos do Docetismo (que pregava o corpo aparente de Jesus), ressuscitado por Roustaing, a cuja falange pertence Ismael, forjaram um Kardec para atestar a suposta missão do “anjo” Ismael e a importância da “Revelação da Revelação”. Um Kardec irreconhecível, que sai em defesa desesperada de Ismael e diz:

“Assim, quando os inimigos da Luz – quando o espírito da trevas julgava esfacelada a bandeira de Ismael, símbolo da Trindade Divina…” (pág. 14)

Vemos dois erros graves: a expressão “espírito das trevas”, que Kardec jamais usou, por ser errada e inadequada (ver pergunta 361-A de O LE), e a defesa da trindade divina, inaceitável para o Espiritismo.

O Kardec da FEB é místico

Vejam só:

“Se fora possível, a todos os que estremecem diante desses quadros horrorosos, praticar o jejum de que falava Jesus aos seus apóstolos; se fora possível a cada um compreender o papel do verdadeiro sacerdote, de que se acha incumbido, quando procura repartir a hóstia sagrada, no altar de Jesus, com seus irmãos na Terra.” (p.250)

O pseudo-Kardec da FEB enaltece a caridade sem discernimento:

“A caridade que exclui a razão, a prudência e o bom-senso – a verdadeira caridade – é instintiva!” (p.29)

E se contradiz mais adiante:

“Assim pois, o bem deve ser feito indistintamente, seja qual for o terreno em que houvermos de praticar. Mas, nem o próprio bem pode excluir a nossa razão, quando, tratando-se da justiça de Deus, pretendemos contrariá-la.” (p.36)

Mais alguns detalhes

Emmanuel: “O Consolador”, perg. 243, 277, 283 e 287, afirma, em defesa da evolução de Jesus em linha reta, isto é, sem reencarnar, exatamente como encontramos em Roustaing:

“Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.”

“O Eleito, porém, é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus-Cristo.”

“Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.”

“A dor material é um fenômeno como o dos fogos de artifício, em facedos legítimos valores espirituais.”

“Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do seu ideal.”

“Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis a contemplá-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indelével para a nossa apreciação restrita e singela.”

“De modo algum poderíamos fazer um estudo psicológico de Jesus,estabelecendo dados comparativos entre o Senhor e o homem.”

“Examinados esses fatores, a dor material teria significação especial para que a obra cristã ficasse consagrada? A dor espiritual, grande demais para ser compreendida, não constitui o ponto essencial da sua perfeita renúncia pelos homens?”

Chico Xavier fala de Roustaing

“Aguardo, com justificado interesse, o teu trabalho sobre Kardec-Roustaing. Deve ter sido um esforço exaustivo, mas muito lindo, o de procurar notícias das relações de ambos, nas publicações do “Espiritismo jovem”. Creio que esse trabalho, do qual te ocupas agora, é de profunda significação para o nosso movimento. Esperarei o “Reformador”, de outubro próximo, ansiosamente.” (Carta de Chico Xavier ao então presidente da FEB, Wantuil de Freitas, a 15 de setembro de 1946, a propósito de um estudo de autoria de Wantuil, publicado na edição de outubro do mesmo ano em “O Reformador”)

“Sinto inveja da leitura que vens fazendo com o Ismael da “Revue Spirite”. Deve ser um encanto entrar em contato com essas coleções antigas. Creio que estás fazendo esse trabalho com a inspiração de nossos Maiores. Creio, não – tenho a certeza disso. Que possamos recolher muitos frutos dessa tarefa abençoada é o meu desejo muito sincero. Aguardo tuas notícias novas sobre a revisão do “Roustaing”. Não te excedas nesse serviço. Das 7 às 23 horas é demais. Resguarda teus órgãos visuais. Lembra-te de que a tua família espiritual hoje é enorme. ” (Idem, com data de 25 de setembro de 1946, ainda sobre o mesmo assunto)

Chico comenta, ainda uma vez, em correspondência com data de 29 do mesmo mês, a nova edição da obra de Roustaing:”

(…) Aguardo com muito interesse a nova edição do “Roustaing”. Constituirá um grande serviço à Causa da Verdade e do Bem, nos moldes de que me tens dado notícias.

Sobre o trecho de Roustaing em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”:

“Não te incomodes com a declaração havida de que o trecho alusivo a Roustaing, em “Brasil”, foi colocado pela Federação. Quando descobrirem que a Casa de Ismael seria incapaz disso, dirão que fui eu. De qualquer modo, eles falarão. O adversário tem sempre um bom trabalho – o de estimular e melhorar tudo, quando estamos voltados para o bem. “(Carta de Chico para Wantuil, de 25 de março de 1947)

O presidente da FEB dá-lhe algumas informações sobre o caso, também por correspondência. Chico agradece, em nova missiva, esta última de 15 de abril do mesmo ano:

“Agradeço as notícias que me deste, relativamente ao caso da acusação havida quanto ao livro “Brasil”. Deus te proteja em teu ministério de supervisão espiritual.”

Meses mais tarde, ambos retornam ao assunto, dessa vez falando sobre uma nova edição desta obra. Wantuil enviara a Chico um exemplar com pequenos ajustes de redação, mas estava especialmente preocupado com a polêmica surgida sobre o trecho referente a Roustaing, e avaliava a possibilidade de adiar-se um pouco a nova tiragem, ou mesmo de submeter o trecho à revisão do autor espiritual. Chico discorda, e apresenta sua ponderação, em correspondência de 24 de agosto de 1947:

“Nosso gesto poderia traduzir, para muitos, temor ou excessiva consideração para com o bloco que nos acusa de interpolar os textos mediúnicos, porque não tendo havido uma providência desta, em qualquer edição dos livros recebidos em Pedro Leopoldo, desde a publicação do “Parnaso”, há quinze anos, a mudança seria extremamente chocante.”…

Mas deixa a decisão final para o então presidente da “Casa de Ismael”, assinalando:

“De uma coisa poderemos estar certos – é de que nunca estaremos livres da perseguição e da leviandade dos nossos adversários gratuitos. Mais vale recebê-los com paternal vigilância que dispensar-lhes excessiva consideração.(…)”

Santa ingenuidade…

Sobre a revisão geral do texto, de natureza linguística, Chico agradece a dedicação de Wantuil em nova carta, enviada apenas seis dias depois:

“Restituí-te o livro ontem com todas as corrigendas que fizeste e podes crer que esses reajustamentos e todos os outros que puderes fazer, no “Brasil, Coração do Mundo”e em todos os outros livros, representam motivo de imenso prazer e de indefinível conforto para mim. Deus te recompense.”

Em outubro de 1947, Wantuil publica em “O Reformador” um artigo sobre a questão do corpo fluídico de Jesus, um dos pontos mais importantes da obra “Os Quatro Evangelhos”. Chico elogia o trabalho feito em missiva de 13 de novembro…

“Considero muito valiosa a página “Corpo Fluídico?”, do Reformador de outubro próximo passado. É de autoria de quem? Trata-se de um trabalho condensado de grande expressão educativa.”… e ainda reforça o elogio em outra, de 22 do mesmo mês:

“Minhas felicitações pela encantadora e substanciosa página “Corpo Fluídico?”. Creio que deves continuar a produzir trabalhos semelhantes para a nossa edificação geral.”

1951, 15 de março. Os filhos de Wantuil seguem para a Europa. Vão a Bordéus (cidade de Roustaing) e Paris, em missão de pesquisa. Chico alegra-se com a notícia:

“Estou muito contente com a partida dos teus rapazes para a Europa. Será um grande serviço à nossa Causa a visita a Bordéus e Paris. Observador quanto é, Zêus pode trazer muito material informativo edificante para nós no Brasil, mormente no que se refere à obra de Roustaing. Também lastimo que o tempo dos dois estimados viajantes seja tão curto lá.”

1952, 23 de outubro: “Minhas felicitações pelo teu belo trabalho com a obra de Roustaing. Está realizando um serviço de grande importância para o nosso ideal.”

Em março de 53, Chico demonstra curiosidade sobre as vendas das obras de Kardec, Roustaing e dos grandes pioneiros de nossa doutrina – Léon Denis, Flammarion e Dellane – ressaltando seu valor doutrinário:

“Tendo em alta conta e profunda estima a obra de Kardec e de Roustaing e dos grandes pioneiros que foram Léon Denis, Flammarion e Delanne, ficaria muito contente e agradecido se me desses a conhecera estatística sobre a penetração dos livros que nos legaram, em nossa Pátria, caso tenhas essa estatística com facilidade. Considero essa penetração muito importante para o traalho de nossa Consoladora Doutrina, no Brasil.”Wantui envia-lhe os dados requeridos. Chico agradece, a 27 de junho do mesmo ano:”Grato pelas notícias dos grandes pioneiros Roustaing, Denis, Flammarion e Dellane. Se a “Revue Spirite” algo publicar, esperarei tuas notícias.”

Mensagem de Ismael sobre a Concepção da “Virgem” e a Natureza do Corpo de Jesus

Abaixo uma mensagem de Ismael sobre o corpo de Jesus, recebida por Frederico Pereira da Silva Junior:

“Meus filhos, bem pouco me cabe dizer sobre o vosso estudo de hoje. Soubestes guardar convosco a paz que os vossos guias vos trouxeram e, recebendo facilmente as suas inspirações, pudestes, com o vosso próprio espírito, tocar a verdade. É assim que firmastes opinião definitiva sobre a concepção da sempre Virgem e sobre o corpo aparentemente carnal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se a opinião isolada do vosso bom Mestre Allan Kardec pôde, de alguma sorte, influir no entendimento de alguns, fazendo-lhes crer que o Redentor do mundo viera revestir-se da matéria grosseira dos corpos comuns, para dar o exemplo das maiores virtudes, encaminhando a humanidade inteira para a terra da promissão, hoje, que todos os Espíritos bem iluminados afirmam que o nascimento de Jesus foi todo aparente, que o seu corpo apenas se constituíra de fluidos concentrados no seio da sempre Virgem Maria, não há razão de ser para duas opiniões a tal respeito. Maria foi sempre mãe de Jesus, como todas as mães são mães dos homens. Se o que se gera no ventre da mulher não é o Espírito, mas sim a massa que vai vestir o mesmo Espírito, incontestavelmente Maria foi mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E, assim, bem o vêdes, realizaram-se todas as profecias; e, assim, veio ao mundo Aquele a quem devemos a Seara da abundância, os frutos da verdade. Insistamos: a opinião do homem, falível quase sempre, pôde como que inocular, no espírito de seus irmãos, a idéia de que Jesus, se não revestisse um corpo carnal, igual ao de todas as criaturas humanas, seus sofrimentos seriam nulos. Entretanto, como bem disseram entre vós, qual o maior sofrimento, o físico ou o sofrimento moral? Mas, mesmo com esse corpo de natureza celeste, com essa reunião de moléculas fluídicas, que ainda desconheceis, não seria possível o próprio sofrimento físico do Redentor? Quem sofre, é o Espírito ou a carne? Não é a lesão, o golpe sobre a matéria que, por intermédio do perispírito, faz chegar ao Espírito as sensações e a dor? Vêdes, portanto, que não pode prevalecer de modo algum a opinião isolada do vosso bom Mestre Allan Kardec. Meus filhos, continuemos a estudar os Evangelhos do Senhor em todos os seus mais pequeninos detalhes. Procurai conhecer o espírito de toda a letra, com humildade, porque a verdade há de fazer-se aos vossos olhos, como um testemunho do agrado do Senhor, que vos vê esquecidos das paixões do mundo, concentrados, estudando a vida do seu amado Filho. O único requisito que se vos pede é a humildade.” Ismael

Livro "Curso Dinâmico de Espiritismo", de Herculano Pires junho 6, 2009

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Acima, assistam a palestra, parte final, do confrade Sérgio Aleixo, com importantes reflexões e comentários sobre o Espiritismo e o movimento espírita, inspirado nos escritos de J. Herculano Pires. Como não poderia deixar de ser, haja vista nossa abordagem neste espaço, os pontos abordados têm muito a ver com a proposta ramatisista de desfiguração do entendimento e prática da Doutrina.

O Espiritismo e a questão vegetariana maio 30, 2009

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A questão da alimentação sempre foi motivo de discussão. A abstenção desse ou daquele alimento sempre foi discutida e recomendada, e teve variadas finalidades de acordo com o povo, a época, a cultura e a região.

Conhecedor de tal realidade, Kardec perguntou ao Espíritos:

“A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, funda-se na razão?”

“Tudo aquilo de que o homem se possa alimentar, sem prejuízo para a sua saúde, é permitido. Mas os legisladores puderam interditar alguns alimentos com uma finalidade útil. E para dar maior crédito às suas leis apresentaram-nas como provindas de Deus”. (O Livro dos Espíritos, questão nº721 )

Hoje, no meio espírita, tem crescido a idéia da carne como sendo um alimento impuro, que poderia interferir inclusive no potencial mediúnico dos médiuns e até no destino espiritual das criaturas. Um dos responsáveis por tais idéias: o polêmico espírito Ramatis.

O livro “Fisiologia da Alma”, psicografado pelo espiritualista e vegetariano radical Hercílio Maes, aborda o vegetarianismo muito mais em consonância ao pensamento hinduísta, radicalizando a questão e abordando-o sob um suposto prisma “espiritual”. Daí, foi um pulo para que certos “espíritas”, na verdade simpatizantes de Ramatis, passassem a dizer que não se podia ser verdadeiro espírita aquele que consumisse carne. O radicalismo de Ramatis no citado livro é tanto que, recentemente, um dos seus médiuns chegou a escrever em seu site: “Não acredito em vegetarianismo radical e não sou vegetariano”, comentando sobre algumas idéias polêmicas contidas nos livros de seu antecessor, o paranaense Hercílio Maes.

A postura de gigantes no entendimento doutrinário em relação ao modismo vegetariano foi firme. A difusão no movimento espírita da “idéia” de que comer carne vermelha é proibido aos médiuns foi tida por Herculano Pires como típica do “misticismo igrejeiro”, ou resultante da contaminação por idéias do orientalismo mágico, constituindo-se, assim, em um flagrante engano, do ponto de vista científico-doutrinário.

Observemos que o tema não escapou a Kardec e aos Espíritos Superiores:

“A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?”

“Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece. A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização”. (Em “O Livro dos Espíritos, questão 722)

“A abstenção de alimentos animais ou outros, como expiação é meritória?”

“Sim, se o homem se priva em favor dos outros, pois Deus não pode ver mortificação quando não há privação séria e útil. Eis porque dizemos que os que só se privam em aparência são hipócritas”.(Ver item 720.) (O Livro dos Espíritos, questão nº724)

“As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus?”

“Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito”. (idem, questão nº 720)

Referindo-se justamente às crenças hinduístas, em que até mesmo animais perigosos à saúde humana, como baratas e ratos, não podem ser mortos, Kardec indagou:

“Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais têm mérito especial?”

“É um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie. Eles têm mais temor supersticioso do que verdadeira bondade”.(grifo nosso) (O Livro dos Espíritos, questão nº 736)

Vejamos ainda o que consta de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“… Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é desconhecer as leis de Deus. Não o castigueis pelas faltas que o vosso livre arbítrio o fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável como o cavalo mal dirigido o é, pelos acidentes que causa. Sereis por acaso mais perfeitos, se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, menos orgulhosos e mais caridosos? Não, a perfeição não está nisso, mas inteiramente nas reformas a que submeterdes o vosso Espírito. Dobrai-o, subjugai-o, humilhai-o, mortificai-o: é esse o meio de o tornar mais dócil à vontade de Deus, e o único que conduz à perfeição.”

Tal ensino está em perfeita conformidade com o do Cristo, exarado nas seguintes passagens:

“E chamando a si as turbas, lhes disse: Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem”. (Mateus, XV:11).

“E respondendo Pedro, lhe disse: Explica-nos essa parábola. E respondeu Jesus: Também vós outros estais ainda sem inteligência? Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce ao ventre, e se lança depois num lugar escuso? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e estas são as que fazem o homem imundo; porque do coração é que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias. Estas coisas são as que fazem imundo o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar, isso não faz imundo o homem. (Mateus, XV: 16-20).

O comentário ao ensinamento de Jesus, contido n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, é incisivo:

“…Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que se reformar moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem.”

O respeitado médium José Raul Teixeira, certa feita, comentou a respeito, no que tange à relação entre consumo de carne e prática mediúnica:

Pergunta: “A alimentação vegetariana será mais aconselhável para os médiuns em geral?”

Raul Teixeira: “A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde, devidamente prescrita.
Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize uma alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias de reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes. A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns que deverão dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida obviamente. Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente. É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso, deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião, e comer ou beber aquilo de que tem vontade. Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne”. (em “Diretrizes de Segurança“)

Para os hinduístas, assim como para Ramatis, espírito que ainda traz impregnado certos atavios religiosos e culturais, dos quais não conseguiu despir-se, o ato de fazer abstinências, mortificações ou de cumprir rituais é mais fácil do que perdoar, vencer o orgulho, o ódio e o egoísmo. Muito fácil realmente, para os hipócritas, apegarem-se a fórmulas simplistas e idéias de ordenanças sagradas, pois lhes dão uma ilusória sensação de pureza.

Preocupado com o radicalismo da argumentação ramatisiana, o médium Wagner Borges, que afirma psicografar o citado espírito oriental, arrumou a seguinte justificativa, contida em seu livro “Viagem Espiritual”:

“O conteúdo das idéias expostas no livro “Fisiologia da Alma” é de sua autoria, mas o radicalismo das opiniões é de Hercílio Maes, que era fanático por vegetarianismo (…)”

De qualquer forma, falta ao movimento ramatisista reconhecer tal interferência anímica e providenciar uma completa correção nos livros de Ramatis, não é mesmo?

Assim sendo, para finalizarmos, pensamos que cada um tem o direito de seguir a dieta que bem entender, sem a pretensão de impor suas preferências às outras pessoas, sob qualquer pretexto. Todos somos do ponto-de-vista que os excessos são prejudiciais, e não é isso que está em questão. Alimentar-se com parcimônia é saudável e constitui-se em prática ideal para todo aquele que deseja ter saúde.

O Espiritismo e a questão vegetariana maio 30, 2009

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A questão da alimentação sempre foi motivo de discussão. A abstenção desse ou daquele alimento sempre foi discutida e recomendada, e teve variadas finalidades de acordo com o povo, a época, a cultura e a região.

Conhecedor de tal realidade, Kardec perguntou aos Espíritos:

“A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, funda-se na razão?”

“Tudo aquilo de que o homem se possa alimentar, sem prejuízo para a sua saúde, é permitido. Mas os legisladores puderam interditar alguns alimentos com uma finalidade útil. E para dar maior crédito às suas leis apresentaram-nas como provindas de Deus”. (O Livro dos Espíritos, questão nº721 )

Hoje, no meio espírita, tem crescido a idéia da carne como sendo um alimento impuro, que poderia interferir inclusive no potencial mediúnico dos médiuns e até no destino espiritual das criaturas. Um dos responsáveis por tais idéias: o polêmico espírito Ramatis.

O livro “Fisiologia da Alma”, psicografado pelo espiritualista e vegetariano radical Hercílio Maes, aborda o vegetarianismo muito mais em consonância ao pensamento hinduísta, radicalizando a questão e abordando-o sob um suposto prisma “espiritual”. Daí, foi um pulo para que certos “espíritas”, na verdade simpatizantes de Ramatis, passassem a dizer que não se podia ser verdadeiro espírita aquele que consumisse carne. O radicalismo de Ramatis no citado livro é tanto que, recentemente, um dos seus médiuns chegou a escrever em seu site: “Não acredito em vegetarianismo radical e não sou vegetariano”, comentando sobre algumas idéias polêmicas contidas nos livros de seu antecessor, o paranaense Hercílio Maes.

A postura de gigantes no entendimento doutrinário em relação ao modismo vegetariano foi firme. A difusão no movimento espírita da “idéia” de que comer carne vermelha é proibido aos médiuns foi tida por Herculano Pires como típica do “misticismo igrejeiro”, ou resultante da contaminação por idéias do orientalismo mágico, constituindo-se, assim, em um flagrante engano, do ponto de vista científico-doutrinário.

Observemos que o tema não escapou a Kardec e aos Espíritos Superiores:

“A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?”

“Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece. A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização”. (Em “O Livro dos Espíritos, questão 722)

“A abstenção de alimentos animais ou outros, como expiação é meritória?”

“Sim, se o homem se priva em favor dos outros, pois Deus não pode ver mortificação quando não há privação séria e útil. Eis porque dizemos que os que só se privam em aparência são hipócritas”.(Ver item 720.) (O Livro dos Espíritos, questão nº724)

“As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus?”

“Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito”. (idem, questão nº 720)

Referindo-se justamente às crenças hinduístas, em que até mesmo animais perigosos à saúde humana, como baratas e ratos, não podem ser mortos, Kardec indagou:

“Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais têm mérito especial?”

“É um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie. Eles têm mais temor supersticioso do que verdadeira bondade”.(grifo nosso) (O Livro dos Espíritos, questão nº 736)

Vejamos ainda o que consta de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“… Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é desconhecer as leis de Deus. Não o castigueis pelas faltas que o vosso livre arbítrio o fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável como o cavalo mal dirigido o é, pelos acidentes que causa. Sereis por acaso mais perfeitos, se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, menos orgulhosos e mais caridosos? Não, a perfeição não está nisso, mas inteiramente nas reformas a que submeterdes o vosso Espírito. Dobrai-o, subjugai-o, humilhai-o, mortificai-o: é esse o meio de o tornar mais dócil à vontade de Deus, e o único que conduz à perfeição.”

Tal ensino está em perfeita conformidade com o do Cristo, exarado nas seguintes passagens:

“E chamando a si as turbas, lhes disse: Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem”. (Mateus, XV:11).

“E respondendo Pedro, lhe disse: Explica-nos essa parábola. E respondeu Jesus: Também vós outros estais ainda sem inteligência? Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce ao ventre, e se lança depois num lugar escuso? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e estas são as que fazem o homem imundo; porque do coração é que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias. Estas coisas são as que fazem imundo o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar, isso não faz imundo o homem. (Mateus, XV: 16-20).

O comentário ao ensinamento de Jesus, contido n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, é incisivo:

“…Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que se reformar moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem.”

O respeitado médium José Raul Teixeira, certa feita, comentou a respeito, no que tange à relação entre consumo de carne e prática mediúnica:

Pergunta: “A alimentação vegetariana será mais aconselhável para os médiuns em geral?”

Raul Teixeira: “A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde, devidamente prescrita.
Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize uma alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias de reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes. A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns que deverão dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida obviamente. Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente. É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso, deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião, e comer ou beber aquilo de que tem vontade. Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne”. (em “Diretrizes de Segurança“)

Para os hinduístas, assim como para Ramatis, espírito que ainda traz impregnado certos atavios religiosos e culturais, dos quais não conseguiu despir-se, o ato de fazer abstinências, mortificações ou de cumprir rituais é mais fácil do que perdoar, vencer o orgulho, o ódio e o egoísmo. Muito fácil realmente, para os hipócritas, apegarem-se a fórmulas simplistas e idéias de ordenanças sagradas, pois lhes dão uma ilusória sensação de pureza.

Preocupado com o radicalismo da argumentação ramatisiana, o médium Wagner Borges, que afirma psicografar o citado espírito oriental, arrumou a seguinte justificativa, contida em seu livro “Viagem Espiritual”:

“O conteúdo das idéias expostas no livro “Fisiologia da Alma” é de sua autoria, mas o radicalismo das opiniões é de Hercílio Maes, que era fanático por vegetarianismo (…)”

De qualquer forma, falta ao movimento ramatisista reconhecer tal interferência anímica e providenciar uma completa correção nos livros de Ramatis, não é mesmo?

Herculano Pires também comentou acerca da alimentação carnívora x vegetariana:

“Muitos espíritas se surpreendem ao saber que o Livro dos Espíritos não condena a alimentação carnívora e se deslumbram com livros onde ela é condenada. O exemplo da Índia seria suficiente para mostrar-lhes a razão da posição doutrinária. A subnutrição das populações indianas decorre em grande parte da zoolatria, da adoração de animais sagrados. O Espiritismo evita sacrificar o homem ao animal e ao mesmo tempo desviar os que o aceitam de um plano escorregadio de superstições. Nada é mais contrário ao racionalismo da doutrina e mais prejudicial à exata compreensão dos seus princípios do que o sentimentalismo extremado. O sacrifício brutal e brutalizante de animais em nosso mundo é realmente repulsivo. Mas estamos num mundo inferior em que as suas próprias condições naturais levam a isso”. (Mediunidade – Herculano Pires – Edicel – 4ª edição – pág. 100)

Assim sendo, para finalizarmos, pensamos que cada um tem o direito de seguir a dieta que bem entender, sem a pretensão de impor suas preferências às outras pessoas, sob qualquer pretexto. Todos somos do ponto-de-vista que os excessos são prejudiciais, e não é isso que está em questão. Alimentar-se com parcimônia é saudável e constitui-se em prática ideal para todo aquele que deseja ter saúde.

As propostas de atualização doutrinária com tendências sincréticas novembro 26, 2008

Posted by arturf in Herculano Pires, revelação espírita.
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Uma das mais comuns alegações dos simpatizantes do espírito Ramatis diz respeito a uma suposta necessidade de atualização da Doutrina Espírita, ao mesmo tempo que consideram que deva o Espiritismo aceitar influências e enxertias oriundas de doutrinas da Antiguidade.

Nada melhor do que consultarmos o próprio Codificador sobre essa questão, já que suas palavras são habilmente manipuladas para referendar essa defesa de um Espiritismo eclético e sincretista, pronto a aceitar toda e qualquer “colaboração”, seja advindas de religiões e doutrinas do passado, como de indivíduos encarnados ou desencarnados, de forma isolada.

“O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará.”

Verificamos aí que Kardec admite mudanças, desde que amparadas por novas descobertas, obviamente conduzidas pela Ciência.

E prossegue:

“Por sua natureza, a revelação espírita tem um duplo caráter: consiste ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica.
O primeiro, porque seu advento é providencial, e não o resultado da iniciativa ou de um propósito premeditado pelo homem; porque os pontos fundamentais da doutrina são de fato o ensinamento dado pelos Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre as coisas que ignoram, que não poderiam aprender por si mesmos, e que lhes importa conhecer, hoje que já estão maduros para os compreender.
O segundo, porque este ensinamento não é o privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todos da mesma forma; porque aqueles que o transmitem e os recebem não são absolutamente seres passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; porque não devem abnegar de seu julgamento e de seu livre arbítrio; porque o controle não lhes está interdito mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi de forma alguma ditada integralmente, nem impõe a crença cega; porque ela é deduzida pelo trabalho do homem, pela observação dos fatos que os Espíritos colocaram sob seus olhos, e pelas instruções que lhes deram.
Essas instruções ele estuda, comenta, compara, tirando então, por si mesmo, suas conseqüências e aplicações. Em uma palavra, o que caracteriza a revelação espírita, é que a fonte é divina, a iniciativa pertence aos Espíritos, e sua elaboração vem do trabalho do homem.”

Vemos, pois, que o Espiritismo possui certas características da ciência: ele aplica o método experimental, vai às causas e às leis que regem os fenômenos, encoraja a objetividade, o espírito crítico e o desinteresse.

Herculano Pires se manifestou também a esse respeito:

“Acontece, porém, que o Espiritismo é doutrina do futuro e não do passado ou do presente. Como os Evangelhos, que depois de dois mil anos continuam a nos empurrar para a frente, a Codificação está muito longe de ter sido superada. Pelo contrário, somente agora as Ciências estão dando os primeiros sinais de se aproximarem do Espiritismo. Dessa maneira, os confrades aflitos, que se esfalfam na dura tarefa de “atualizar o Espiritismo”, estão apenas equivocados”.

“Todo o esquema da Doutrina Espírita apresenta-se harmonioso, perfeitamente conjugado em seus diferentes aspectos, antecedendo as conquistas em marcha nos vários setores do conhecimento. É por isso que não se pode falar em atualização do Espiritismo sem demonstrar ignorância doutrinária. Atualiza-se o que caducou, o que foi superado pela evolução, o que pertence ao passado. A própria linguagem da Codificação não comporta modificações pretensamente renovadoras. Se assim não fosse, teríamos de considerar como fracassados os Espíritos superiores que a revelaram e que, desde o princípio, indicam a sua função de plataforma do futuro.” (“Na Hora do Testemunho” – Herculano Pires – Paidéia – 1a edição – pg. 58)

Sugerimos, por fim, a leitura do editorial abaixo, importante para conscientização da situação que hoje enfrentamos no Movimento Espírita:

NÃO HÁ COMO CONTEMPORIZAR COM SISTEMAS DIVERGENTES NO MEIO ESPÍRITA

As propostas de atualização doutrinária com tendências sincréticas novembro 26, 2008

Posted by arturf in Herculano Pires, revelação espírita.
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Uma das mais comuns alegações dos simpatizantes do espírito Ramatis diz respeito a uma suposta necessidade de atualização da Doutrina Espírita, ao mesmo tempo que consideram que deva o Espiritismo aceitar influências e enxertias oriundas de doutrinas da Antiguidade.

Nada melhor do que consultarmos o próprio Codificador sobre essa questão, já que suas palavras são habilmente manipuladas para referendar essa defesa de um Espiritismo eclético e sincretista, pronto a aceitar toda e qualquer “colaboração”, seja advindas de religiões e doutrinas do passado, como de indivíduos encarnados ou desencarnados, de forma isolada.

“O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará.”

Verificamos aí que Kardec admite mudanças, desde que amparadas por novas descobertas, obviamente conduzidas pela Ciência.

E prossegue:

“Por sua natureza, a revelação espírita tem um duplo caráter: consiste ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica.
O primeiro, porque seu advento é providencial, e não o resultado da iniciativa ou de um propósito premeditado pelo homem; porque os pontos fundamentais da doutrina são de fato o ensinamento dado pelos Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre as coisas que ignoram, que não poderiam aprender por si mesmos, e que lhes importa conhecer, hoje que já estão maduros para os compreender.
O segundo, porque este ensinamento não é o privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todos da mesma forma; porque aqueles que o transmitem e os recebem não são absolutamente seres passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; porque não devem abnegar de seu julgamento e de seu livre arbítrio; porque o controle não lhes está interdito mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi de forma alguma ditada integralmente, nem impõe a crença cega; porque ela é deduzida pelo trabalho do homem, pela observação dos fatos que os Espíritos colocaram sob seus olhos, e pelas instruções que lhes deram.
Essas instruções ele estuda, comenta, compara, tirando então, por si mesmo, suas conseqüências e aplicações. Em uma palavra, o que caracteriza a revelação espírita, é que a fonte é divina, a iniciativa pertence aos Espíritos, e sua elaboração vem do trabalho do homem.”

Vemos, pois, que o Espiritismo possui certas características da ciência: ele aplica o método experimental, vai às causas e às leis que regem os fenômenos, encoraja a objetividade, o espírito crítico e o desinteresse.

Herculano Pires se manifestou também a esse respeito:

“Acontece, porém, que o Espiritismo é doutrina do futuro e não do passado ou do presente. Como os Evangelhos, que depois de dois mil anos continuam a nos empurrar para a frente, a Codificação está muito longe de ter sido superada. Pelo contrário, somente agora as Ciências estão dando os primeiros sinais de se aproximarem do Espiritismo. Dessa maneira, os confrades aflitos, que se esfalfam na dura tarefa de “atualizar o Espiritismo”, estão apenas equivocados”.

“Todo o esquema da Doutrina Espírita apresenta-se harmonioso, perfeitamente conjugado em seus diferentes aspectos, antecedendo as conquistas em marcha nos vários setores do conhecimento. É por isso que não se pode falar em atualização do Espiritismo sem demonstrar ignorância doutrinária. Atualiza-se o que caducou, o que foi superado pela evolução, o que pertence ao passado. A própria linguagem da Codificação não comporta modificações pretensamente renovadoras. Se assim não fosse, teríamos de considerar como fracassados os Espíritos superiores que a revelaram e que, desde o princípio, indicam a sua função de plataforma do futuro.” (“Na Hora do Testemunho” – Herculano Pires – Paidéia – 1a edição – pg. 58)

Sugerimos, por fim, a leitura do editorial abaixo, importante para conscientização da situação que hoje enfrentamos no Movimento Espírita:

NÃO HÁ COMO CONTEMPORIZAR COM SISTEMAS DIVERGENTES NO MEIO ESPÍRITA

Ramatis e o planeta Marte outubro 22, 2008

Posted by arturf in Herculano Pires, Júpiter, Livro dos Médiuns, Marcianos, Marte.
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Nesta parte do nosso estudo trataremos da questão da Vida no Planeta Marte, conforme descreveu Ramatis no livro do mesmo nome, que anteriormente chegou a se chamar “A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores”. Não se sabe bem porque a mudança no nome, mas a parte que falava nos discos voadores foi retirada das edições mais recentes.

Quando os seguidores de Ramatis são confrontados com os erros contidos na obra supracitada, vêm com dois argumentos diferentes:

1- Que Ramatis teria descrito vida espiritual, e não material;
2- Que foi animismo do médium Hercilio Maes.

Vamos procurar mostrar que não foi nem uma coisa, nem outra, neste nosso estudo, a começar com a tese de que ele teria descrito vida espiritual, e não vida material, em Marte.

As Gafes

Numa época em que a questão da vida em outros planetas e OVNIs habitava o imaginário das pessoas, Ramatis aproveita o o embalo para descrever, no citado livro, várias paisagens que de maneira alguma correspondem à realidade daquele planeta, fotografada e documentada pelas sondas que lá já pousaram.

Vamos analisar algumas dessas gafes:

1– Sobre a superfície e o degelo do pólos

Pergunta: “Há o degelo que a nossa Ciência constata através dos seus telescópios?”

Ramatis: “Sim, e às vezes algo violento, principalmente porque a superfície marciana é quase plana, com raras elevações.”

Erro nº 1 – Não há degelo dos pólos em Marte e muito menos água na sua superfície. O gelo em Marte é formado de dióxido de carbono congelado. Assim sendo, não passa para o estado liquido, e sim sublima-se (passa do estado sólido para o gasoso)

Erro nº 2 – A superfície de Marte está longe de ser predominantemente plana. O terreno é caótico, sendo que há muitas crateras e elevações gigantescas, como o Olympus Mons, um vulcão extinto que excede os 20.000 metros de altura.

Algumas fontes importantes para pesquisa e maiores informações:

http://www.solarviews.com/portug/mars.htm

http://marsrovers.nasa.gov/home/index.html

http://sse.jpl.nasa.gov/news/display.cfm?News_ID=18255

http://www.if.ufrj.br/teaching/astron/mars.html

A “água” do gelo de Marte, segundo Ramatis

Vejam o que ele diz:

Pergunta: “A água de Marte é igual à nossa?”

Ramatis: “É algo semelhante, embora muitíssimo mais leve. Cremos que os vossos astrônomos, em recente análise espectral, devem ter verificado que as neves e as nuvens, em Marte, são compostas quimicamente de H20, variando, no entanto, quanto à especificidade e peso. Sob reações científicas, pode ser igualada à da Terra; porém o marciano prefere para o seu uso um tipo de “água pesada”, grandemente radioativa e que melhor lhe nutre o sistema “organo-magnético”.

E ele continua, se colocando acima da Ciência:

Pergunta: “A composição das calotas polares é, realmente, produto do degelo acumulado, à semelhança de nossos pólos.”

Ramatis: “Nisso a ciência terrena não se equivocou, inclusive na anotação das nuvens azuladas, que registrou em suas observações. O que por vezes nos surpreende, é que a mesma ciência, negando oxigênio suficiente em Marte, anota calotas polares e nuvens azuladas que resultam sempre de hidrogênio e oxigênio, na fórmula comum.”

Erro nº 3 – As neves são compostas de dióxido de carbono congelado, e não de água congelada na sua fórmula comum;

Erro nº 4 – As nuvens são formadas por dióxido de carbono evaporado, que se sublimou.

Erro nº 5 – Não há dois tipos de água em Marte, uma mais leve e outra mais pesada, como afirma o espírito.

Quanto à temperatura no planeta Marte, Ramatis ousadamente assevera:

Pergunta:”Qual a temperatura de Marte, baseando-nos em nossas convenções termométricas?

Ramatis: “Nas regiões equatoriais, a temperatura oscila de 25 a 30 graus, a qual é agradabilíssima ao sistema biológico marciano. Chove raramente; e, devido às quedas bruscas, à noite são comuns as geadas.” (pág. 37)

Já a verdade científica assevera que Marte é um planeta frio, com temperatura média de 63 graus Celsius negativos, com uma temperatura máxima no verão de -5° C e mínima nas calotas polares de -87° C.

A variação de temperatura chega a ser de 20 graus Celsius por minuto, durante o amanhecer. Soubemos também que ocorre variação da temperatura conforme a altitude. A sonda Mars Pathfinder revelou que se uma pessoa estivesse em pé ao lado da sonda, notaria um diferença de 15 graus Celsius entre os pés e o tórax. Essa intensa variação da temperatura em Marte, provoca ventos fortes, gerando as grandes tempestades de poeira vistas na superfície marciana.

Percebemos, portanto, a pobreza da descrição ramatisiana, assim como a grande imprecisão se comparada à realidade constatada pelas sondas que lá estiveram no passado e mais recentemente. Ele não contava que, anos mais tarde, a astronáutica se desenvolveria a tal ponto que sondas seriam enviadas ao planeta e seriam capazes de tirar fotos e mapear toda a sua superfície.

Transcreveremos agora mais um trecho surpreendente da mencionada literatura, que, em nossa avaliação, prima pela incorreção e pelo desconhecimento total da realidade geológica e topográfica daquele planeta.

Pergunta: “Há muitos oceanos iguais aos nossos e existem zonas desertas?”

Ramatis: “A superfície líquida é muito menor do que a sólida, e suas águas se infiltram bastante no solo. Os mares são pouco profundos e os continentes muito recortados, existindo enseadas e golfos em quantidade. Quanto às áreas desertas, existem algumas, de areia fulva, nas outras zonas existem campos de cultura, os bosques e exuberante vegetação que se estendem à margem dos canais suplementares ou artificiais. E os imensos cinturões que observais, da Terra, quais bordados de verdura forrando as zonas ribeirinhas dos canais, são constituídos de ubérrima vegetação sob controle científico.” (pág. 38)

Para quem se dispor a pesquisar o assunto na internet, por exemplo, por nada mais que 5 minutos, vai verificar que a descrição das condições geológicas e topográficas de Marte em nada se assemelham com a realidade.

No entanto, alguns simpatizantes de Ramatis inadvertidamente passaram a divulgar, quando da constatação da realidade marciana pela ciência, que Ramatis estava a descrever a paisagem espiritual do planeta. Ora, em vários momentos ao longo da obra “A Vida no Planeta Marte…”, a citada entidade espiritual descreve vida material, tanto que chega a dizer, na parte transcrita por nós acima: “…E os imensos cinturões que observais, da Terra…” Se ele, pois, fala em “observação” da nossa parte, é claro que ele nos fala de matéria visível aos nossos olhos, isto está bem claro.

Certa feita, Herculano Pires chegou a comentar diretamente sobre esse assunto:

(…)”Têm saído no meio espírita alguns livros que apresentam Marte como superior à Terra. Ora, esses livros são muito fantasiosos. Basta essa fantasia para mostrar que não podemos depositar neles nenhuma confiança. Quando os espíritos chegam às minúcias a que descamam estes livros, minúcias sobre todo processo da vida em Marte, por exemplo, nós precisamos desconfiar dos mesmos. Porque não é essa a função dos espíritos. Que os espíritos tenham dado a Kardec uma espécie de idéia de como seria o nosso sistema solar no tocante à variedade de mundos, apresentando esses dois extremos, a gente entende, até mesmo como sendo uma espécie de maneira didática de transmitir o ensinamento sobre a posição dos mundos no espaço. E foi o que Kardec falou mesmo e ele achou muito interessante nesse sentido. Dá sempre uma idéia mais concreta do que é a vida no espaço.

A respeito de Júpiter, através das referências trazidas por Mozart e Palissy, chegou-se mesmo a transmitir, na sociedade parisiense dos espíritas, alguns desenhos, muito interessantes, sobre as casas em Júpiter, sobre as construções, como eram feitas; sobre a condição dos animais. Eles apresentaram os animais jupiterianos como animais evoluídos, animais que já estão se aproximando da condição humana, que são capazes de se incumbir de todos os trabalhos mais pesados do homem para a construção de uma casa, essas coisas todas.

Esses desenhos foram publicados em Paris. Ainda existem alguns deles que sobreviveram, porque muitos outros foram destruídos pelo tempo. E particularmente destruídos numa guerra entre 29 e 35, quando os alemães invadiram a França, invadiram Paris e ocuparam a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Deram praticamente fim a toda a Sociedade, que retinha todo o arquivo de Kardec.

Mas, apesar disso, os desenhos são muito interessantes. Eu mesmo tenho em casa um quadro com um destes desenhos. É um quadro que foi desenhado por aquele famoso teatrólogo francês, Victor Ian Sardur. Ele era um médium que trabalhava com Kardec na sociedade parisiense. Acontece que Victor Ian Sardur não era desenhista. E nem era médium desenhista. Existiam na sociedade parisiense alguns médiuns, quase todos psicógrafos. E alguns eram desenhistas. Então, quando Mozart disse que ele e Palissy iam fazer alguns desenhos sobre Júpiter, todo mundo ficou esperando que um daqueles médiuns desenhistas os recebesse. Para surpresa de todos, quem recebeu foi o Victor Ian Sardur, que nunca fora desenhista e que era um teatrólogo. Esse desenho que eu tenho aí, por exemplo, foi tirado do próprio desenho publicado na revista espírita. O desenho, não digo original, mas o que foi publicado por Kardec, ele levou nove horas para fazer. Ele era tão minucioso, que exigia muito tempo para fazer.

Isso tem a finalidade de nos dar uma idéia de como seriam os mundos. Qual é a diferença de um mundo para outro? Por que os mundos adiantados têm certas posições, por assim dizer, que para nós são incompreensíveis? Por que um mundo como Júpiter é um mundo de matéria tão rarefeita? Porque é um mundo que está se aproximando da espiritualidade, um mundo que vai se aproximando dos mundos felizes, dos mundos celestes. E os espíritos chamavam de mundos celestes aqueles que, para nós, seriam completamente invisíveis. São mundos de uma vida espírita muito superior, muito elevada. Então, essa escala dos mundos nos apresenta todas essas formas e os mundos mais primários, desde o mundo da lua, completamente material, completamente denso em matéria, desprovido, inclusive, de princípios de vida na atmosfera, até um mundo como Júpiter, em que nós encontramos essa solidez e essa beleza.

Mas quando nós falamos do problema de Marte, nós temos de lembrar que há, no espiritismo brasileiro, um problema a respeito disso. Existe o livro de Ramatis, que é muito conhecido: A vida no planeta Marte. Ramatis já é muito nosso conhecido, pois quando estudamos o espiritismo, e, estudamos a obra de Ramatis, vemos que se não trata de um espírito sábio, um espírito que está dando informações das mais absurdas sobre todas as coisas, como qualquer indivíduo pseudo-sábio na terra, que fala sobre qualquer coisa com a maior facilidade. Expõe teorias, defende princípios e, às vezes, os mais contraditórios, sem perceber que vai cair em contradição. Ramatis, então, é um espírito que não oferece nenhuma garantia para nós. As informações dele são puramente imaginárias, ilusórias. Não têm valor”.(Palestra proferida por José Herculano Pires. O texto acima é uma transcrição de fita de vídeo gravada por ocasião da palestra. )

Depois de tais constatações científicas sobre a realidade do planeta Marte, em contraposição a tudo que Ramatis descrevera, até mesmo uns dos mais famosos médiuns de Ramatis se pronunciou a respeito, só que defendendo o espírito e responsabilizando o médium Hercílio Maes. Vejamos o que escreveu o médium ramatisista Wagner Borges, em seu livro “Viagem Espiritual”:

“Quanto ao livro ‘A Vida no Planeta Marte’, esse talvez tenha sido o maior equívoco mediúnico de Hercílio Maes. Todas as informações sobre a vida extraterrestre ali descrita são verdadeiras. (Como é que ele sabe? Esteve lá pra conferir?) No entanto, há um detalhe muito importante que precisa se considerado: as informações são reais, mas aquele planeta não é Marte!”

(…)”Se ali houvesse realmente uma civilização evoluída, como Ramatis descreve, haveria indícios claros disso no planeta.”

Outro médium de Ramatis, Dalton Roque, recentemente em sua homepage, chegou a declarar:

“Não concordo com o livro sobre o planeta Marte. Não o li e nem o lerei.”

Vemos, portanto, que até mesmo ramatisistas respeitados em seu meio não mais conseguem sustentar os absurdos contidos no livro “A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores”, assinado por Ramatis e propagandeado em todo canto como sendo um livro espírita e de alta credibilidade.

Portanto, qual a verdadeira posição da Doutrina Espírita acerca desse tipo de relato sobre vida em outros mundos?

Kardec é bastante claro:

“Não temos sobre os outros mundos senão notícias HIPOTÉTICAS.”

Em 1862, Kardec pede explicações ao espírito Georges sobre suas mensagens a respeito de planetas, como Vênus, e o questionou sobre alguns pontos. Ao final, conclui:

“Essa descrição de Vênus, sem dúvida, não tem nenhum dos caracteres de uma autenticidade absoluta, e também não a damos senão a título condicional.”

Em “O Livro dos Médiuns”, consta ainda o seguinte:

296. Perguntas sobre os outros mundos

32ª Que confiança se pode depositar nas descrições que os Espíritos fazem dos diferentes mundos?

“Depende do grau de adiantamento real dos Espíritos que dão essas descrições, pois bem deveis compreender que Espíritos vulgares são tão incapazes de vos informarem a esse respeito, quanto o é, entre vós, um ignorante, de descrever todos os países da Terra.

Formulais muitas vezes, sobre esses mundos, questões científicas que tais Espíritos não podem resolver.

Se eles estiverem de boa-fé falarão disso de acordo com suas idéias pessoais; se forem Espíritos levianos divertir-se-ão em dar-vos descrições estranhas e fantásticas, tanto mais facilmente quanto esses Espíritos, que na erraticidade não são menos providos de imaginação do que na Terra, tiram dessa faculdade a narração de muitas coisas que nada têm de real.

Entretanto, não julgueis absolutamente impossível obterdes, sobre os outros mundos, alguns esclarecimentos. Os bons Espíritos se comprazem mesmo em descrever-vos os que eles habitam, como ensino tendente a vos melhorar, induzindo-vos a seguir o caminho que vos conduzirá a esses mundos. É um meio de vos fixarem as idéias sobre o futuro e não vos deixarem na incerteza.”

a) Como se pode verificar a exatidão dessas descrições?

“A MELHOR VERIFICAÇÃO RESIDE NA CONCORDÂNCIA que haja entre elas.

Porém, lembrai-vos de que semelhantes descrições têm por fim o vosso melhoramento moral e que, por conseguinte, é sobre o estado moral dos habitantes dos Outros mundos que podeis ser mais bem informados e não sobre o estado físico ou geológico de tais esferas.

Com os vossos conhecimentos atuais, não poderíeis mesmo compreendê-lo; semelhante estudo de nada serviria para o vosso progresso na Terra e toda a possibilidade tereis de fazê-lo, quando nelas estiverdes.”

NOTA: As questões sobre a constituição física e os elementos astronômicos dos mundos se compreendem no campo das pesquisas científicas, para cuja efetivação não devem os Espíritos poupar-nos os trabalhos que demandam.

Se não fosse assim, muito cômodo se tornaria para um astrônomo pedir aos Espíritos que lhe fizessem os cálculos, o que, no entanto, depois, sem dúvida, esconderia.
Se os Espíritos pudessem, por meio da revelação, evitar o trabalho de uma descoberta, é provável que o fizessem para um sábio que, por bastante modesto, não hesitaria em proclamar abertamente o meio pelo qual o alcançara e não para os orgulhosos que os renegam e a cujo amor-próprio, ao contrário, eles muitas vezes poupam decepções.

O Livro dos Médiuns – Capítulo XXVI – Das Perguntas que se Podem Fazer aos Espíritos/Perguntas sobre os outros mundos

O grande escritor e divulgador espírita, Carlos Imbassahy, já desencarnado, certa feita foi perguntado sobre o espírito Ramatis e o planeta Marte, tendo respondido o seguinte, conforme consta do livro “As Melhores Respostas do Imbassahy”:

“Remete-me o confrade P. – que não deseja ver publicado seu nome – uma longa mensagem onde se descreve a vida em Marte, e me pergunta o que eu acho. Mas que posso eu achar num planeta a tal distância? Ainda se fosse ali em Cascadura… A coisa única que me ocorre dizer-lhe é que estas histórias de Marte são de morte! (implicitamente, a vida em Marte sugere a obra de Ramatis; sem querer citá-la, Dr. Imbassahy limita-se a passar por alto pelo assunto…”

Aproveitamos para agradecer à ADE-SE – Associação dos Divulgadores do Espiritismo do Estado do Sergipe pela divulgação deste nosso artigo em sua página. Eis o link:

http://www.ade-sergipe.com.br/sistema/upload_dir/RAMATIS-_E_SEUS_INFORMES!.doc

Ramatis e o planeta Marte outubro 21, 2008

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Nesta parte do nosso estudo trataremos da questão da Vida no Planeta Marte, conforme descreveu Ramatis no livro do mesmo nome, que anteriormente chegou a se chamar “A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores”. Não se sabe bem porque a mudança no nome, mas a parte que falava nos discos voadores foi retirada das edições mais recentes.

Quando os seguidores de Ramatis são confrontados com os erros contidos na obra supracitada, vêm com dois argumentos diferentes:

1- Que Ramatis teria descrito vida espiritual, e não material;
2- Que foi animismo do médium Hercilio Maes.

Vamos procurar mostrar que não foi nem uma coisa, nem outra, neste nosso estudo, a começar com a tese de que ele teria descrito vida espiritual, e não vida material, em Marte.

As Gafes

Numa época em que a questão da vida em outros planetas e OVNIs habitava o imaginário das pessoas, Ramatis aproveita o o embalo para descrever, no citado livro, várias paisagens que de maneira alguma correspondem à realidade daquele planeta, fotografada e documentada pelas sondas que lá já pousaram.

Vamos analisar algumas dessas gafes:

1– Sobre a superfície e o degelo do pólos

Pergunta: “Há o degelo que a nossa Ciência constata através dos seus telescópios?”

Ramatis: “Sim, e às vezes algo violento, principalmente porque a superfície marciana é quase plana, com raras elevações.”

Erro nº 1 – Não há degelo dos pólos em Marte e muito menos água na sua superfície. O gelo em Marte é formado de dióxido de carbono congelado. Assim sendo, não passa para o estado liquido, e sim sublima-se (passa do estado sólido para o gasoso)

Erro nº 2 – A superfície de Marte está longe de ser predominantemente plana. O terreno é caótico, sendo que há muitas crateras e elevações gigantescas, como o Olympus Mons, um vulcão extinto que excede os 20.000 metros de altura.

Algumas fontes importantes para pesquisa e maiores informações:

http://www.solarviews.com/portug/mars.htm

http://marsrovers.nasa.gov/home/index.html

http://sse.jpl.nasa.gov/news/display.cfm?News_ID=18255

http://www.if.ufrj.br/teaching/astron/mars.html

A “água” do gelo de Marte, segundo Ramatis

Vejam o que ele diz:

Pergunta: “A água de Marte é igual à nossa?”

Ramatis: “É algo semelhante, embora muitíssimo mais leve. Cremos que os vossos astrônomos, em recente análise espectral, devem ter verificado que as neves e as nuvens, em Marte, são compostas quimicamente de H20, variando, no entanto, quanto à especificidade e peso. Sob reações científicas, pode ser igualada à da Terra; porém o marciano prefere para o seu uso um tipo de “água pesada”, grandemente radioativa e que melhor lhe nutre o sistema “organo-magnético”.

E ele continua, se colocando acima da Ciência:

Pergunta: “A composição das calotas polares é, realmente, produto do degelo acumulado, à semelhança de nossos pólos.”

Ramatis: “Nisso a ciência terrena não se equivocou, inclusive na anotação das nuvens azuladas, que registrou em suas observações. O que por vezes nos surpreende, é que a mesma ciência, negando oxigênio suficiente em Marte, anota calotas polares e nuvens azuladas que resultam sempre de hidrogênio e oxigênio, na fórmula comum.”

Erro nº 3 – As neves são compostas de dióxido de carbono congelado, e não de água congelada na sua fórmula comum;

Erro nº 4 – As nuvens são formadas por dióxido de carbono evaporado, que se sublimou.

Erro nº 5 – Não há dois tipos de água em Marte, uma mais leve e outra mais pesada, como afirma o espírito.

Quanto à temperatura no planeta Marte, Ramatis ousadamente assevera:

Pergunta:”Qual a temperatura de Marte, baseando-nos em nossas convenções termométricas?

Ramatis: “Nas regiões equatoriais, a temperatura oscila de 25 a 30 graus, a qual é agradabilíssima ao sistema biológico marciano. Chove raramente; e, devido às quedas bruscas, à noite são comuns as geadas.” (pág. 37)

Já a verdade científica assevera que Marte é um planeta frio, com temperatura média de 63 graus Celsius negativos, com uma temperatura máxima no verão de -5° C e mínima nas calotas polares de -87° C.

A variação de temperatura chega a ser de 20 graus Celsius por minuto, durante o amanhecer. Soubemos também que ocorre variação da temperatura conforme a altitude. A sonda Mars Pathfinder revelou que se uma pessoa estivesse em pé ao lado da sonda, notaria um diferença de 15 graus Celsius entre os pés e o tórax. Essa intensa variação da temperatura em Marte, provoca ventos fortes, gerando as grandes tempestades de poeira vistas na superfície marciana.

Percebemos, portanto, a pobreza da descrição ramatisiana, assim como a grande imprecisão se comparada à realidade constatada pelas sondas que lá estiveram no passado e mais recentemente. Ele não contava que, anos mais tarde, a astronáutica se desenvolveria a tal ponto que sondas seriam enviadas ao planeta e seriam capazes de tirar fotos e mapear toda a sua superfície.

Transcreveremos agora mais um trecho surpreendente da mencionada literatura, que, em nossa avaliação, prima pela incorreção e pelo desconhecimento total da realidade geológica e topográfica daquele planeta.

Pergunta: “Há muitos oceanos iguais aos nossos e existem zonas desertas?”

Ramatis: “A superfície líquida é muito menor do que a sólida, e suas águas se infiltram bastante no solo. Os mares são pouco profundos e os continentes muito recortados, existindo enseadas e golfos em quantidade. Quanto às áreas desertas, existem algumas, de areia fulva, nas outras zonas existem campos de cultura, os bosques e exuberante vegetação que se estendem à margem dos canais suplementares ou artificiais. E os imensos cinturões que observais, da Terra, quais bordados de verdura forrando as zonas ribeirinhas dos canais, são constituídos de ubérrima vegetação sob controle científico.” (pág. 38)

Para quem se dispor a pesquisar o assunto na internet, por exemplo, por nada mais que 5 minutos, vai verificar que a descrição das condições geológicas e topográficas de Marte em nada se assemelham com a realidade.

No entanto, alguns simpatizantes de Ramatis inadvertidamente passaram a divulgar, quando da constatação da realidade marciana pela ciência, que Ramatis estava a descrever a paisagem espiritual do planeta. Ora, em vários momentos ao longo da obra “A Vida no Planeta Marte…”, a citada entidade espiritual descreve vida material, tanto que chega a dizer, na parte transcrita por nós acima: “…E os imensos cinturões que observais, da Terra…” Se ele, pois, fala em “observação” da nossa parte, é claro que ele nos fala de matéria visível aos nossos olhos, isto está bem claro.

Certa feita, Herculano Pires chegou a comentar diretamente sobre esse assunto:

(…)”Têm saído no meio espírita alguns livros que apresentam Marte como superior à Terra. Ora, esses livros são muito fantasiosos. Basta essa fantasia para mostrar que não podemos depositar neles nenhuma confiança. Quando os espíritos chegam às minúcias a que descamam estes livros, minúcias sobre todo processo da vida em Marte, por exemplo, nós precisamos desconfiar dos mesmos. Porque não é essa a função dos espíritos. Que os espíritos tenham dado a Kardec uma espécie de idéia de como seria o nosso sistema solar no tocante à variedade de mundos, apresentando esses dois extremos, a gente entende, até mesmo como sendo uma espécie de maneira didática de transmitir o ensinamento sobre a posição dos mundos no espaço. E foi o que Kardec falou mesmo e ele achou muito interessante nesse sentido. Dá sempre uma idéia mais concreta do que é a vida no espaço.

A respeito de Júpiter, através das referências trazidas por Mozart e Palissy, chegou-se mesmo a transmitir, na sociedade parisiense dos espíritas, alguns desenhos, muito interessantes, sobre as casas em Júpiter, sobre as construções, como eram feitas; sobre a condição dos animais. Eles apresentaram os animais jupiterianos como animais evoluídos, animais que já estão se aproximando da condição humana, que são capazes de se incumbir de todos os trabalhos mais pesados do homem para a construção de uma casa, essas coisas todas.

Esses desenhos foram publicados em Paris. Ainda existem alguns deles que sobreviveram, porque muitos outros foram destruídos pelo tempo. E particularmente destruídos numa guerra entre 29 e 35, quando os alemães invadiram a França, invadiram Paris e ocuparam a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Deram praticamente fim a toda a Sociedade, que retinha todo o arquivo de Kardec.

Mas, apesar disso, os desenhos são muito interessantes. Eu mesmo tenho em casa um quadro com um destes desenhos. É um quadro que foi desenhado por aquele famoso teatrólogo francês, Victor Ian Sardur. Ele era um médium que trabalhava com Kardec na sociedade parisiense. Acontece que Victor Ian Sardur não era desenhista. E nem era médium desenhista. Existiam na sociedade parisiense alguns médiuns, quase todos psicógrafos. E alguns eram desenhistas. Então, quando Mozart disse que ele e Palissy iam fazer alguns desenhos sobre Júpiter, todo mundo ficou esperando que um daqueles médiuns desenhistas os recebesse. Para surpresa de todos, quem recebeu foi o Victor Ian Sardur, que nunca fora desenhista e que era um teatrólogo. Esse desenho que eu tenho aí, por exemplo, foi tirado do próprio desenho publicado na revista espírita. O desenho, não digo original, mas o que foi publicado por Kardec, ele levou nove horas para fazer. Ele era tão minucioso, que exigia muito tempo para fazer.

Isso tem a finalidade de nos dar uma idéia de como seriam os mundos. Qual é a diferença de um mundo para outro? Por que os mundos adiantados têm certas posições, por assim dizer, que para nós são incompreensíveis? Por que um mundo como Júpiter é um mundo de matéria tão rarefeita? Porque é um mundo que está se aproximando da espiritualidade, um mundo que vai se aproximando dos mundos felizes, dos mundos celestes. E os espíritos chamavam de mundos celestes aqueles que, para nós, seriam completamente invisíveis. São mundos de uma vida espírita muito superior, muito elevada. Então, essa escala dos mundos nos apresenta todas essas formas e os mundos mais primários, desde o mundo da lua, completamente material, completamente denso em matéria, desprovido, inclusive, de princípios de vida na atmosfera, até um mundo como Júpiter, em que nós encontramos essa solidez e essa beleza.

Mas quando nós falamos do problema de Marte, nós temos de lembrar que há, no espiritismo brasileiro, um problema a respeito disso. Existe o livro de Ramatis, que é muito conhecido: A vida no planeta Marte. Ramatis já é muito nosso conhecido, pois quando estudamos o espiritismo, e, estudamos a obra de Ramatis, vemos que se não trata de um espírito sábio, um espírito que está dando informações das mais absurdas sobre todas as coisas, como qualquer indivíduo pseudo-sábio na terra, que fala sobre qualquer coisa com a maior facilidade. Expõe teorias, defende princípios e, às vezes, os mais contraditórios, sem perceber que vai cair em contradição. Ramatis, então, é um espírito que não oferece nenhuma garantia para nós. As informações dele são puramente imaginárias, ilusórias. Não têm valor”.(Palestra proferida por José Herculano Pires. O texto acima é uma transcrição de fita de vídeo gravada por ocasião da palestra. )

Depois de tais constatações científicas sobre a realidade do planeta Marte, em contraposição a tudo que Ramatis descrevera, até mesmo uns dos mais famosos médiuns de Ramatis se pronunciou a respeito, só que defendendo o espírito e responsabilizando o médium Hercílio Maes. Vejamos o que escreveu o médium ramatisista Wagner Borges, em seu livro “Viagem Espiritual”:

“Quanto ao livro ‘A Vida no Planeta Marte’, esse talvez tenha sido o maior equívoco mediúnico de Hercílio Maes. Todas as informações sobre a vida extraterrestre ali descrita são verdadeiras. (Como é que ele sabe? Esteve lá pra conferir?) No entanto, há um detalhe muito importante que precisa se considerado: as informações são reais, mas aquele planeta não é Marte!”

(…)”Se ali houvesse realmente uma civilização evoluída, como Ramatis descreve, haveria indícios claros disso no planeta.”

Outro médium de Ramatis, Dalton Roque, recentemente em sua homepage, chegou a declarar:

“Não concordo com o livro sobre o planeta Marte. Não o li e nem o lerei.”

Vemos, portanto, que até mesmo ramatisistas respeitados em seu meio não mais conseguem sustentar os absurdos contidos no livro “A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores”, assinado por Ramatis e propagandeado em todo canto como sendo um livro espírita e de alta credibilidade.

Portanto, qual a verdadeira posição da Doutrina Espírita acerca desse tipo de relato sobre vida em outros mundos?

Kardec é bastante claro:

“Não temos sobre os outros mundos senão notícias HIPOTÉTICAS.”

Em 1862, Kardec pede explicações ao espírito Georges sobre suas mensagens a respeito de planetas, como Vênus, e o questionou sobre alguns pontos. Ao final, conclui:

“Essa descrição de Vênus, sem dúvida, não tem nenhum dos caracteres de uma autenticidade absoluta, e também não a damos senão a título condicional.”

Em “O Livro dos Médiuns”, consta ainda o seguinte:

296. Perguntas sobre os outros mundos

32ª Que confiança se pode depositar nas descrições que os Espíritos fazem dos diferentes mundos?

“Depende do grau de adiantamento real dos Espíritos que dão essas descrições, pois bem deveis compreender que Espíritos vulgares são tão incapazes de vos informarem a esse respeito, quanto o é, entre vós, um ignorante, de descrever todos os países da Terra.

Formulais muitas vezes, sobre esses mundos, questões científicas que tais Espíritos não podem resolver.

Se eles estiverem de boa-fé falarão disso de acordo com suas idéias pessoais; se forem Espíritos levianos divertir-se-ão em dar-vos descrições estranhas e fantásticas, tanto mais facilmente quanto esses Espíritos, que na erraticidade não são menos providos de imaginação do que na Terra, tiram dessa faculdade a narração de muitas coisas que nada têm de real.

Entretanto, não julgueis absolutamente impossível obterdes, sobre os outros mundos, alguns esclarecimentos. Os bons Espíritos se comprazem mesmo em descrever-vos os que eles habitam, como ensino tendente a vos melhorar, induzindo-vos a seguir o caminho que vos conduzirá a esses mundos. É um meio de vos fixarem as idéias sobre o futuro e não vos deixarem na incerteza.”

a) Como se pode verificar a exatidão dessas descrições?

“A MELHOR VERIFICAÇÃO RESIDE NA CONCORDÂNCIA que haja entre elas.

Porém, lembrai-vos de que semelhantes descrições têm por fim o vosso melhoramento moral e que, por conseguinte, é sobre o estado moral dos habitantes dos Outros mundos que podeis ser mais bem informados e não sobre o estado físico ou geológico de tais esferas.

Com os vossos conhecimentos atuais, não poderíeis mesmo compreendê-lo; semelhante estudo de nada serviria para o vosso progresso na Terra e toda a possibilidade tereis de fazê-lo, quando nelas estiverdes.”

NOTA: As questões sobre a constituição física e os elementos astronômicos dos mundos se compreendem no campo das pesquisas científicas, para cuja efetivação não devem os Espíritos poupar-nos os trabalhos que demandam.

Se não fosse assim, muito cômodo se tornaria para um astrônomo pedir aos Espíritos que lhe fizessem os cálculos, o que, no entanto, depois, sem dúvida, esconderia.
Se os Espíritos pudessem, por meio da revelação, evitar o trabalho de uma descoberta, é provável que o fizessem para um sábio que, por bastante modesto, não hesitaria em proclamar abertamente o meio pelo qual o alcançara e não para os orgulhosos que os renegam e a cujo amor-próprio, ao contrário, eles muitas vezes poupam decepções.

O Livro dos Médiuns – Capítulo XXVI – Das Perguntas que se Podem Fazer aos Espíritos/Perguntas sobre os outros mundos

O grande escritor e divulgador espírita, Carlos Imbassahy, já desencarnado, certa feita foi perguntado sobre o espírito Ramatis e o planeta Marte, tendo respondido o seguinte, conforme consta do livro “As Melhores Respostas do Imbassahy”:

“Remete-me o confrade P. – que não deseja ver publicado seu nome – uma longa mensagem onde se descreve a vida em Marte, e me pergunta o que eu acho. Mas que posso eu achar num planeta a tal distância? Ainda se fosse ali em Cascadura… A coisa única que me ocorre dizer-lhe é que estas histórias de Marte são de morte! (implicitamente, a vida em Marte sugere a obra de Ramatis; sem querer citá-la, Dr. Imbassahy limita-se a passar por alto pelo assunto…”

Jorge Rizzini também fez comentários interessantíssimos sobre esses relatos de Marte e Ramatis:

“A NAVE DE RAMATIS – QUE ESTÁ SEMPRE LOTADA DE ANALFABETOS ESPÍRITAS”

“O Espírito Ramatis sabe jogar com rara habilidade com fantasias e verdades. E, por não desprezar a verdade conseguiu ludibriar até mesmo alguns que se julgavam conhecedores da Doutrina Espírita. Mas não é exatamente mau. O problema é que ele convulsiona o Movimento Espírita com suas fantasias, através de um estilo austero, professoral, às vezes dramático.

Sua palavra é a última sobre qualquer assunto. Não há pergunta que o deixe embaraçado, seja sobre química ou física nuclear, botânica ou astronomia, pintura ou medicina, etc. Mas, entre os temas de sua predileção um há que o deixa enternecido e sobre o qual chegou a escrever um livro com mais de quatrocentas páginas e que tem o sugestivo título de “A Vida no Planeta Marte” (e os discos voadores). A obra foi publicada em 1956, mas é atualíssima, pois os cientistas da Terra estão pesquisando aquele planeta.

Enquanto Ramatis, com seu estilo doutoral, com sua imaginação indomável, nos diz a respeito de Marte que:

◘ Já tem, aproximadamente, um bilhão e meio de habitantes;
◘ O Espírito reencarnante marciano vive no casulo materno sob condições análogas às terrenas;
◘ Estamos em relação aos marcianos, com relação a eletrônica, quatrocentos anos atrasados;
◘ Moralmente, um milênio;
◘ Todos os sistemas religiosos do planeta são reencarnacionistas e entram em contato com os Espíritos desencarnados.

Estas e outras informações são de Ramatis, autor que fascinou os leitores e os fez sonhar com o planeta Marte. Sua capacidade de narrar é singular, e sua imaginação ardente, se não supera pelo menos se iguala a dos fantásticos criadores de estórias em quadrinhos. Impossível não realçar essas qualidades, que lhe granjearam, logo ao ser publicado o seu primeiro livro, os aplausos do público em geral e, particularmente, de milhares de espiritistas incautos, que nele viram uma sumidade do Além.

Ramatis é um Espírito enfermo, trata-se, evidentemente, de um caso de megalomania, enfermidade mental. E não de maldade deliberada, já que suas mistificações, por estranho que pareça, sempre visam enlevar o público. Que a enfermidade atingiu o mais alto grau, não há dúvida, pois Ramatis se comove quando fala do Evangelho, como quando fala da “civilização marciana”. Ele mistura verdade e mentira na mesma emoção. Ao invés de recriminações, Ramatis merece compreensão e preces.
Os que merecem mesmo cuidados especiais são os “espíritas” que ainda estão radiantes com a leitura de livros de Ramatis. Esses sim são detentores de um potencial capaz de deturpar o Movimento Espírita.”
Jorge Rizzini. (“Jornal Espírita”, São Paulo-SP, Fevereiro de 1977).

Aproveitamos para agradecer à ADE-SE – Associação dos Divulgadores do Espiritismo do Estado do Sergipe pela divulgação deste nosso artigo em sua página. Eis o link:

http://www.ade-sergipe.com.br/sistema/upload_dir/RAMATIS-_E_SEUS_INFORMES!.doc

O artigo de Sergio Aleixo sobre o RAMATISISMO outubro 21, 2008

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“Para Herculano Pires, ninguém fala para não pecar e peca por não falar, por não espantar pelo menos com um grito as aves daninhas e agoureiras que destroem a seara. (Cf. O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.) Sobre os periódicos espíritas afirmava o grande jornalista, altissonante:

“A imprensa espírita, que devia ser uma labareda, é um foco de infestação, semeando as mistificações de Roustaing, Ramatis e outras, ou chovendo no molhado com a repetição cansativa de velhos e surrados slogans […]”. (O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.)

Por força da acertada referência de Herculano, assim como ressaltei noutro artigo alguns pontos de doutrina do roustainguismo, vejamos algo sobre o ensino do espírito Ramatis, que, aliás, é analisado bem a fundo no excelente livro Ramatis: Sábio ou Pseudo-Sábio?, de Artur Felipe de A. Ferreira.

1.º — Influência astrológica na vida e no destino dos homens, sendo que o próprio Jesus, segundo o espírito, só pôde “baixar” à Terra “sob a influência do magnetismo suave do signo de Peixes”, para “estabelecer um novo código espiritual de libertação dos terrícolas”. (Notemos que parece um extraterrestre falando. Chama-nos terrícolas.) (O Sublime Peregrino, p. 32.)

2.º — Jesus não pôde deixar de aprender com as doutrinas dos essênios, os quais estão reencarnando para “organizar elevada confraria de disciplina esotérica em operosa atividade no mundo profano, para a revivescência do cristianismo nas suas bases milenárias”. (O Sublime Peregrino, p. 278 e 294.)

3.º — Em toda a obra de Ramatis há um ecletismo sincrético travestido de falsa holística e pretenso universalismo, com tal antilógica que sacrifica por completo a verdadeira universalidade: a da razão crítica. Chega a dizer que o Espiritismo vai “parar no tempo e no espaço caso seus adeptos ignorem deliberadamente o progresso e a experiência de outras seitas e doutrinas vinculadas à fonte original e inesgotável do espiritualismo oriental”.

4.º — Incensos e defumadores são eficazes, pois funcionam como “detonadores de miasmas astralinos”. (Magia de Redenção.)

5.º — Como registradas igualmente em Roustaing, há em Ramatis a presença de mensagens atemorizantes, cuja fixação absurda de datas revelou-se totalmente quimérica. Afinal, o mundo sobreviveu ao ano 2000. (Mensagens do Astral.)

6.º — Esdrúxula profecia de um presidente brasileiro que elevaria o nível de espiritualidade do povo. Em 1970, o tal já havia percorrido, segundo Ramatis, “metade do caminho rumo ao cargo supremo do País”. (A Vida Humana e o Espírito Imortal, p. 298.)

7.º — Referência a naves marcianas “ultravelozes”, vindas de um planeta cuja geografia já se provou ser inteiramente diversa da que fora descrita pelo espírito e, além disso, sem nenhum vestígio das raças físicas que afirmara lá viverem. (A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores)

8.º — Jesus não seria o Cristo, mas um “anjo” encarnado para ser seu “médium”. Esse outro espírito, mais elevado que o messias de Nazaré, é que seria o “cristo planetário”, inferior, por sua vez, a outros “cristos” mais evoluídos, o “solar”, o “galáctico”, etc. (O Sublime Peregrino, p. 62.)

Livros de Sérgio Aleixo

Herculano Pires e Ramatis outubro 21, 2008

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Começaremos com J. Herculano Pires(1914-1979), jornalista, filósofo, poeta, tradutor e pensador espírita paulista.

É considerado o maior pensador espírita do Brasil e um dos maiores intérpretes do pensamento kardeciano.

Chamado de “O Guarda Noturno do Espiritismo”, foi um dos grandes defensores do caráter cultural e filosófico do Espiritismo, tendo travado memoráveis polêmicas com detratores da Doutrina Espírita.

Fundador da União Social Espírita (atual USE), entusiasta da educação espírita, Herculano escreveu mais de 80 obras sobre inúmeros temas. Foi presidente do Sindicato Estadual dos Jornalistas de São Paulo.

Obras: O Reino; Espiritismo Dialético; O Mistério do Ser Ante a Dor e a Morte; O Espírito e o Tempo; Revisão do Cristianismo; Agonia das Religiões; O Centro Espírita; Curso Dinâmico de Espiritismo; Mediunidade; Ciência Espírita e suas Implicações Terapêuticas; Pesquisa Sobre o Amor.

Vamos, agora, aos seus comentários críticos sobre Ramatis e quejandos:

“Faz-se, em geral, muita confusão a propósito de Espiritismo. Há confusões intencionais, promovidas por elementos interessados em combater a propagação inevitável da Doutrina, e há confusões inocentes, feitas por pessoas de reduzido conhecimento doutrinário. As primeiras, as intencionais, não seriam funestas, porque facilmente identificáveis quanto ao seu objetivo, se não houvesse confusões inocentes, que preparam o terreno para aquelas explorações.

Os Centros Espíritas têm um grande papel a desempenhar na luta pelo esclarecimento do povo, devendo promover constantes programas de combate a todas as formas de confusão doutrinária. Por isso mesmo, devem ser dirigidos por pessoas que conheçam a Doutrina, que a estudem incessantemente e que não se deixem levar por sugestões estranhas. Quando os dirigentes de Centro não se sentirem bastante informados dos princípios doutrinários, devem revestir-se, pelo menos, da humildade suficiente para recorrerem aos conselhos de pessoas mais esclarecidas e à leitura de textos orientadores.

Há um pequeno livro de Kardec que muitos dirigentes desprezam, limitando-se a aconselhar a sua leitura aos leigos e principiantes: exatamente “O Principiante Espírita”. Esse livrinho é precioso orientador doutrinário, que os dirigentes devem ler sempre. Outro pequeno volume aconselhável é “O Que É o Espiritismo”, também de Kardec. Principalmente agora, nesta época de confusões que estamos atravessando, os dirigentes de Centros, Grupos Familiares e demais organizações doutrinárias, deviam ter esses livros como leitura diária, obrigatória.

Além das confusões habituais entre Umbanda e Espiritismo, Esoterismo, Teosofia, Ocultismo e Espiritismo, há outras formas de confusão que vêm sendo amplamente espalhadas no meio espírita. São as confusões de origem mediúnica, oriundas de comunicações de espíritos que se apresentam como grandes instrutores, dando sempre respostas e informações sobre todas as questões que lhes forem propostas. Um exemplo marcante é o de Ramatis, cujas mensagens vêm sendo fartamente distribuídas.

Qualquer estudioso da Doutrina percebe logo que se trata de um espírito pseudo-sábio, segundo a “escala espírita” de Kardec. Não obstante, suas mensagens estão assumindo o papel de sucedâneos das obras doutrinárias, levando até mesmo oradores espíritas a fazerem afirmações ridículas em suas palestras, com evidente prejuízo para o bom conceito do movimento espírita.

Não é de hoje que existem mensagens dessa espécie. Desde todos os tempos, espíritos mistificadores, os falsos profetas da erraticidade, como dizia Kardec, e espíritos pseudo-sábios, que se julgam grandes missionários, trabalham, consciente ou inconscientemente, na ingrata tarefa de ridicularizar o Espiritismo. Mas a responsabilidade dos que aceitam e divulgam essas mensagens não é menor do que a dos espíritos que as transmitem.

Por isso mesmo, é necessário que os confrades esclarecidos não cruzem os braços diante dessas ondas de perturbação, procurando abrir os olhos dos que facilmente se deixam levar por elas.

O Espiritismo é uma doutrina de bom senso, de equilíbrio, de esclarecimento positivo dos problemas espirituais, e não de hipóteses sem base ou de suposições imaginosas. As linhas seguras da Doutrina estão na Codificação Kardeciana.

Não devemos nos esquecer de que a Codificação representa o cumprimento da promessa evangélica do Consolador, que veio na hora precisa.

Deixar de lado a Codificação, para aceitar novidades confusas, é simples temeridade. Tanto mais quando essas novidades, como no caso de Ramatis, são mais velhas do que a própria Codificação.”

Herculano e as bases para um pleno entendimento doutrinário

“O estudo e os debates devem cingir-se às obras da Codificação. Substituir as obras fundamentais por outras, psicografadas ou não, é um inconveniente que se deve evitar. Seria o mesmo que, num curso de especialização em Pedagogia, passar-se a ler e discutir assuntos de Mecânica, a pretexto de variar os temas. O aprendizado doutrinário requer unidade e seqüência, para que se possa alcançar uma visão global da Doutrina. Todas as obras de Kardec devem constar desses trabalhos, desde os livros iniciáticos, passando pela Codificação propriamente dita, até os volumes da Revista Espírita.

Precisamos nos convencer desta realidade que nem todos alcançam: Espiritismo é Kardec. Porque foi ele o estruturador da Doutrina, permanentemente assistido pelo Espírito da Verdade. Todos os demais livros espíritas, mediúnicos ou não, são subsidiários. Estudar, por exemplo uma obra de Emmanuel ou André Luiz sem relacioná-la com as obras de Kardec, a pretexto de que esses autores espirituais superam o Mestre (cujas obras ainda não conhecemos suficientemente) é demostrar falta de compreensão do sentido e da natureza da Doutrina. Esses e outros autores respeitáveis dão sua contribuição para a nossa maior compreensão de Kardec, não podem substituí-lo. É bom lembrar a regra do “consenso Universal”, segundo o qual nenhum espírito ou criatura humana dispõem, sozinhos, por si mesmos, de recursos e conhecimentos para nos fazerem revelações pessoais. Esse tipo de revelações individuais pertence ao passado, aos tempos anteriores ao advento da Doutrina. Um novo ensinamento, a revelação de uma “verdade nova” depende das exigência doutrinária de:

a) Concordância universal de manifestações a respeito;

b) Concordância da questão com os princípios básicos da Doutrina:

c) Concordância com os princípios culturais do estágio de conhecimento atingido pelo nosso mundo;

d) Concordância com os princípios racionais, lógicos e logísticos do nosso tempo.

Fora desse quadro de concordâncias necessárias, que constituem o “consenso Universal”, nada pode ser aceito como válido. Opiniões pessoais, sejam de sábios terrenos ou do mundo espiritual, nada valem para a Doutrina. O mesmo ocorre nas Ciências e em todos os ramos do Conhecimento na Terra. Porque o Conhecimento é uma estrutura orgânica, derivada da estrutura exterior da realidade e nunca sujeita a caprichos individuais.

Por isso é temeridade aceitar-se e propagar-se princípios deste espírito ou daquele homem como se fossem elementos doutrinários. Quem se arrisca a isso revela falta de senso e falta absoluta de critério lógico, além de falta de convicção doutrinária. O Espiritismo não é uma doutrina fechada ou estática, mas aberta ao futuro. Não obstante, essa abertura está necessariamente condicionada as regras de equilíbrio e de ordem que sustentam a verdade e a eficácia da sua estrutura doutrinária.

Como a Química, a Física, a Biologia e as demais Ciências, o Espiritismo não é imutável, está sujeito às mudanças que devem ocorrer com o avanço do conhecimento espírita. Mas como em todas as Ciências, esse avanço está naturalmente subordinado às exigências do critério racional, da comprovação objetiva por métodos científicos e do respeito ao que podemos chamar de “natureza da doutrina”.

Introduzir na doutrina práticas provenientes de correntes espiritualistas anteriores a ela seria o mesmo que introduzir na Química as superadas práticas da Alquimia. As Ciências são organismos conceptuais da cultura humana, caracterizados pela sua estrutura própria e pelas leis naturais do seu crescimento, como ocorre com os organismo biológicos.

Todos nós ainda trazemos a “herança empírica” do passado anterior ao desenvolvimento da cultura científica, e somos às vezes tentados a realizar façanhas cientificas para as quais não estamos aptos. E como todos somos naturalmente vaidosos, facilmente nos entusiasmamos com a suposta possibilidade de nos tornarmos renovadores doutrinários. Nascem daí as mistificações como a de Roustaing, tristemente ridícula, a que muitas pessoas se apegam emocionalmente, o que as torna fanáticas e incapazes de perceber os enormes absurdos nelas contidos. Até mesmo pessoas cultas, respeitáveis, deixam-se levar por essas mistificações, por falta de humildade intelectual e de critérios científicos. Espíritos opiniáticos ou sectários de religiões obscurantistas aproveitam-se disso para introduzir essas mistificações em organizações doutrinárias prestigiosas, com a finalidade de ridicularizar o Espiritismo e afastar dele as pessoas sensatas que sabem subordinar a emoção à razão e que muito poderiam contribuir para o verdadeiro desenvolvimento da doutrina.

Por tudo isso, as manifestações mediúnicas em sessões doutrinárias devem ser recebidas sempre com espírito crítico. Aceitá-las como verdades reveladas é abrir as portas à mistificação, à destruição da própria finalidade dessas sessões. Também por isso, o dirigente dessas sessões deve ser uma pessoa de espírito arejado, racional, objetivo, capaz de conduzir os trabalhos com segurança. Kardec é sempre a pedra de toque para verificação das supostas revelações que ocorrem. O pensamento espírita é sempre racional, avesso ao misticismo. Os espíritos comunicantes, em geral, são de nível cultural mais ou menos semelhantes ao das pessoas presentes. Não devem ser encarados como seres sobrenaturais pois não passam de criaturas humanas desencarnadas, na maioria apegadas aos seus preconceitos terrenos, a morte não promove ninguém a sábio nem confere aos espíritos autoridade alguma em matéria de doutrina. Por outro lado, os espíritos realmente superiores só se manifestam dentro das condições culturais do grupo, não tendo nenhum interesse em destacar-se como geniais antecipadores de descobertas cientificas que cabe aos encarnados e não a eles fazerem. A idéia do sobrenatural, nas relações mediúnicas, é a fonte principal das mistificações.

Homens e espíritos vaidosos se conjugam nas tentativas pretensiosas de superação doutrinária. Se não temos ainda, no mundo inteiro, instituições espíritas à altura da doutrina, isso se deve principalmente à vaidade e à invigilância dos homens e espíritos que se julgam mais do que são. Nesta hora de muitas novidades, é bom verificarmos que as maiores delas já foram antecipadas pelo Espiritismo. É ele, o Espiritismo, a maior novidade dos novos tempos. Se tomarmos consciência disso, evitaremos os absurdos que hoje infestam o meio doutrinário e facilitaremos o desenvolvimento real da doutrina em bases racionais.”

Livros de Herculano Pires

O artigo de Sergio Aleixo sobre o RAMATISISMO outubro 21, 2008

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“Para Herculano Pires, ninguém fala para não pecar e peca por não falar, por não espantar pelo menos com um grito as aves daninhas e agoureiras que destroem a seara. (Cf. O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.) Sobre os periódicos espíritas afirmava o grande jornalista, altissonante:

“A imprensa espírita, que devia ser uma labareda, é um foco de infestação, semeando as mistificações de Roustaing, Ramatis e outras, ou chovendo no molhado com a repetição cansativa de velhos e surrados slogans […]”. (O Espírito e o Tempo, 4.ª Parte, cap. III, item 5.)

Por força da acertada referência de Herculano, assim como ressaltei noutro artigo alguns pontos de doutrina do roustainguismo, vejamos algo sobre o ensino do espírito Ramatis, que, aliás, é analisado bem a fundo no excelente livro Ramatis: Sábio ou Pseudo-Sábio?, de Artur Felipe de A. Ferreira.

1.º — Influência astrológica na vida e no destino dos homens, sendo que o próprio Jesus, segundo o espírito, só pôde “baixar” à Terra “sob a influência do magnetismo suave do signo de Peixes”, para “estabelecer um novo código espiritual de libertação dos terrícolas”. (Notemos que parece um extraterrestre falando. Chama-nos terrícolas.) (O Sublime Peregrino, p. 32.)

2.º — Jesus não pôde deixar de aprender com as doutrinas dos essênios, os quais estão reencarnando para “organizar elevada confraria de disciplina esotérica em operosa atividade no mundo profano, para a revivescência do cristianismo nas suas bases milenárias”. (O Sublime Peregrino, p. 278 e 294.)

3.º — Em toda a obra de Ramatis há um ecletismo sincrético travestido de falsa holística e pretenso universalismo, com tal antilógica que sacrifica por completo a verdadeira universalidade: a da razão crítica. Chega a dizer que o Espiritismo vai “parar no tempo e no espaço caso seus adeptos ignorem deliberadamente o progresso e a experiência de outras seitas e doutrinas vinculadas à fonte original e inesgotável do espiritualismo oriental”.

4.º — Incensos e defumadores são eficazes, pois funcionam como “detonadores de miasmas astralinos”. (Magia de Redenção.)

5.º — Como registradas igualmente em Roustaing, há em Ramatis a presença de mensagens atemorizantes, cuja fixação absurda de datas revelou-se totalmente quimérica. Afinal, o mundo sobreviveu ao ano 2000. (Mensagens do Astral.)

6.º — Esdrúxula profecia de um presidente brasileiro que elevaria o nível de espiritualidade do povo. Em 1970, o tal já havia percorrido, segundo Ramatis, “metade do caminho rumo ao cargo supremo do País”. (A Vida Humana e o Espírito Imortal, p. 298.)

7.º — Referência a naves marcianas “ultravelozes”, vindas de um planeta cuja geografia já se provou ser inteiramente diversa da que fora descrita pelo espírito e, além disso, sem nenhum vestígio das raças físicas que afirmara lá viverem. (A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores)

8.º — Jesus não seria o Cristo, mas um “anjo” encarnado para ser seu “médium”. Esse outro espírito, mais elevado que o messias de Nazaré, é que seria o “cristo planetário”, inferior, por sua vez, a outros “cristos” mais evoluídos, o “solar”, o “galáctico”, etc. (O Sublime Peregrino, p. 62.)

Livros de Sérgio Aleixo

Herculano Pires e Ramatis outubro 21, 2008

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Começaremos com J. Herculano Pires(1914-1979), jornalista, filósofo, poeta, tradutor e pensador espírita paulista.

É considerado o maior pensador espírita do Brasil e um dos maiores intérpretes do pensamento kardeciano.

Chamado de “O Guarda Noturno do Espiritismo”, foi um dos grandes defensores do caráter cultural e filosófico do Espiritismo, tendo travado memoráveis polêmicas com detratores da Doutrina Espírita.

Fundador da União Social Espírita (atual USE), entusiasta da educação espírita, Herculano escreveu mais de 80 obras sobre inúmeros temas. Foi presidente do Sindicato Estadual dos Jornalistas de São Paulo.

Obras: O Reino; Espiritismo Dialético; O Mistério do Ser Ante a Dor e a Morte; O Espírito e o Tempo; Revisão do Cristianismo; Agonia das Religiões; O Centro Espírita; Curso Dinâmico de Espiritismo; Mediunidade; Ciência Espírita e suas Implicações Terapêuticas; Pesquisa Sobre o Amor.

Vamos, agora, aos seus comentários críticos sobre Ramatis e quejandos:

“Faz-se, em geral, muita confusão a propósito de Espiritismo. Há confusões intencionais, promovidas por elementos interessados em combater a propagação inevitável da Doutrina, e há confusões inocentes, feitas por pessoas de reduzido conhecimento doutrinário. As primeiras, as intencionais, não seriam funestas, porque facilmente identificáveis quanto ao seu objetivo, se não houvesse confusões inocentes, que preparam o terreno para aquelas explorações.

Os Centros Espíritas têm um grande papel a desempenhar na luta pelo esclarecimento do povo, devendo promover constantes programas de combate a todas as formas de confusão doutrinária. Por isso mesmo, devem ser dirigidos por pessoas que conheçam a Doutrina, que a estudem incessantemente e que não se deixem levar por sugestões estranhas. Quando os dirigentes de Centro não se sentirem bastante informados dos princípios doutrinários, devem revestir-se, pelo menos, da humildade suficiente para recorrerem aos conselhos de pessoas mais esclarecidas e à leitura de textos orientadores.

Há um pequeno livro de Kardec que muitos dirigentes desprezam, limitando-se a aconselhar a sua leitura aos leigos e principiantes: exatamente “O Principiante Espírita”. Esse livrinho é precioso orientador doutrinário, que os dirigentes devem ler sempre. Outro pequeno volume aconselhável é “O Que É o Espiritismo”, também de Kardec. Principalmente agora, nesta época de confusões que estamos atravessando, os dirigentes de Centros, Grupos Familiares e demais organizações doutrinárias, deviam ter esses livros como leitura diária, obrigatória.

Além das confusões habituais entre Umbanda e Espiritismo, Esoterismo, Teosofia, Ocultismo e Espiritismo, há outras formas de confusão que vêm sendo amplamente espalhadas no meio espírita. São as confusões de origem mediúnica, oriundas de comunicações de espíritos que se apresentam como grandes instrutores, dando sempre respostas e informações sobre todas as questões que lhes forem propostas. Um exemplo marcante é o de Ramatis, cujas mensagens vêm sendo fartamente distribuídas.

Qualquer estudioso da Doutrina percebe logo que se trata de um espírito pseudo-sábio, segundo a “escala espírita” de Kardec. Não obstante, suas mensagens estão assumindo o papel de sucedâneos das obras doutrinárias, levando até mesmo oradores espíritas a fazerem afirmações ridículas em suas palestras, com evidente prejuízo para o bom conceito do movimento espírita.

Não é de hoje que existem mensagens dessa espécie. Desde todos os tempos, espíritos mistificadores, os falsos profetas da erraticidade, como dizia Kardec, e espíritos pseudo-sábios, que se julgam grandes missionários, trabalham, consciente ou inconscientemente, na ingrata tarefa de ridicularizar o Espiritismo. Mas a responsabilidade dos que aceitam e divulgam essas mensagens não é menor do que a dos espíritos que as transmitem.

Por isso mesmo, é necessário que os confrades esclarecidos não cruzem os braços diante dessas ondas de perturbação, procurando abrir os olhos dos que facilmente se deixam levar por elas.

O Espiritismo é uma doutrina de bom senso, de equilíbrio, de esclarecimento positivo dos problemas espirituais, e não de hipóteses sem base ou de suposições imaginosas. As linhas seguras da Doutrina estão na Codificação Kardeciana.

Não devemos nos esquecer de que a Codificação representa o cumprimento da promessa evangélica do Consolador, que veio na hora precisa.

Deixar de lado a Codificação, para aceitar novidades confusas, é simples temeridade. Tanto mais quando essas novidades, como no caso de Ramatis, são mais velhas do que a própria Codificação.”

Herculano e as bases para um pleno entendimento doutrinário

“O estudo e os debates devem cingir-se às obras da Codificação. Substituir as obras fundamentais por outras, psicografadas ou não, é um inconveniente que se deve evitar. Seria o mesmo que, num curso de especialização em Pedagogia, passar-se a ler e discutir assuntos de Mecânica, a pretexto de variar os temas. O aprendizado doutrinário requer unidade e seqüência, para que se possa alcançar uma visão global da Doutrina. Todas as obras de Kardec devem constar desses trabalhos, desde os livros iniciáticos, passando pela Codificação propriamente dita, até os volumes da Revista Espírita.

Precisamos nos convencer desta realidade que nem todos alcançam: Espiritismo é Kardec. Porque foi ele o estruturador da Doutrina, permanentemente assistido pelo Espírito da Verdade. Todos os demais livros espíritas, mediúnicos ou não, são subsidiários. Estudar, por exemplo uma obra de Emmanuel ou André Luiz sem relacioná-la com as obras de Kardec, a pretexto de que esses autores espirituais superam o Mestre (cujas obras ainda não conhecemos suficientemente) é demostrar falta de compreensão do sentido e da natureza da Doutrina. Esses e outros autores respeitáveis dão sua contribuição para a nossa maior compreensão de Kardec, não podem substituí-lo. É bom lembrar a regra do “consenso Universal”, segundo o qual nenhum espírito ou criatura humana dispõem, sozinhos, por si mesmos, de recursos e conhecimentos para nos fazerem revelações pessoais. Esse tipo de revelações individuais pertence ao passado, aos tempos anteriores ao advento da Doutrina. Um novo ensinamento, a revelação de uma “verdade nova” depende das exigências doutrinárias de:

a) Concordância universal de manifestações a respeito;

b) Concordância da questão com os princípios básicos da Doutrina:

c) Concordância com os princípios culturais do estágio de conhecimento atingido pelo nosso mundo;

d) Concordância com os princípios racionais, lógicos e logísticos do nosso tempo.

Fora desse quadro de concordâncias necessárias, que constituem o “consenso Universal”, nada pode ser aceito como válido. Opiniões pessoais, sejam de sábios terrenos ou do mundo espiritual, nada valem para a Doutrina. O mesmo ocorre nas Ciências e em todos os ramos do Conhecimento na Terra. Porque o Conhecimento é uma estrutura orgânica, derivada da estrutura exterior da realidade e nunca sujeita a caprichos individuais.

Por isso é temeridade aceitar-se e propagar-se princípios deste espírito ou daquele homem como se fossem elementos doutrinários. Quem se arrisca a isso revela falta de senso e falta absoluta de critério lógico, além de falta de convicção doutrinária. O Espiritismo não é uma doutrina fechada ou estática, mas aberta ao futuro. Não obstante, essa abertura está necessariamente condicionada as regras de equilíbrio e de ordem que sustentam a verdade e a eficácia da sua estrutura doutrinária.

Como a Química, a Física, a Biologia e as demais Ciências, o Espiritismo não é imutável, está sujeito às mudanças que devem ocorrer com o avanço do conhecimento espírita. Mas como em todas as Ciências, esse avanço está naturalmente subordinado às exigências do critério racional, da comprovação objetiva por métodos científicos e do respeito ao que podemos chamar de “natureza da doutrina”.

Introduzir na doutrina práticas provenientes de correntes espiritualistas anteriores a ela seria o mesmo que introduzir na Química as superadas práticas da Alquimia. As Ciências são organismos conceptuais da cultura humana, caracterizados pela sua estrutura própria e pelas leis naturais do seu crescimento, como ocorre com os organismo biológicos.

Todos nós ainda trazemos a “herança empírica” do passado anterior ao desenvolvimento da cultura científica, e somos às vezes tentados a realizar façanhas cientificas para as quais não estamos aptos. E como todos somos naturalmente vaidosos, facilmente nos entusiasmamos com a suposta possibilidade de nos tornarmos renovadores doutrinários. Nascem daí as mistificações como a de Roustaing, tristemente ridícula, a que muitas pessoas se apegam emocionalmente, o que as torna fanáticas e incapazes de perceber os enormes absurdos nelas contidos. Até mesmo pessoas cultas, respeitáveis, deixam-se levar por essas mistificações, por falta de humildade intelectual e de critérios científicos. Espíritos opiniáticos ou sectários de religiões obscurantistas aproveitam-se disso para introduzir essas mistificações em organizações doutrinárias prestigiosas, com a finalidade de ridicularizar o Espiritismo e afastar dele as pessoas sensatas que sabem subordinar a emoção à razão e que muito poderiam contribuir para o verdadeiro desenvolvimento da doutrina.

Por tudo isso, as manifestações mediúnicas em sessões doutrinárias devem ser recebidas sempre com espírito crítico. Aceitá-las como verdades reveladas é abrir as portas à mistificação, à destruição da própria finalidade dessas sessões. Também por isso, o dirigente dessas sessões deve ser uma pessoa de espírito arejado, racional, objetivo, capaz de conduzir os trabalhos com segurança. Kardec é sempre a pedra de toque para verificação das supostas revelações que ocorrem. O pensamento espírita é sempre racional, avesso ao misticismo. Os espíritos comunicantes, em geral, são de nível cultural mais ou menos semelhantes ao das pessoas presentes. Não devem ser encarados como seres sobrenaturais pois não passam de criaturas humanas desencarnadas, na maioria apegadas aos seus preconceitos terrenos, a morte não promove ninguém a sábio nem confere aos espíritos autoridade alguma em matéria de doutrina. Por outro lado, os espíritos realmente superiores só se manifestam dentro das condições culturais do grupo, não tendo nenhum interesse em destacar-se como geniais antecipadores de descobertas cientificas que cabe aos encarnados e não a eles fazerem. A idéia do sobrenatural, nas relações mediúnicas, é a fonte principal das mistificações.

Homens e espíritos vaidosos se conjugam nas tentativas pretensiosas de superação doutrinária. Se não temos ainda, no mundo inteiro, instituições espíritas à altura da doutrina, isso se deve principalmente à vaidade e à invigilância dos homens e espíritos que se julgam mais do que são. Nesta hora de muitas novidades, é bom verificarmos que as maiores delas já foram antecipadas pelo Espiritismo. É ele, o Espiritismo, a maior novidade dos novos tempos. Se tomarmos consciência disso, evitaremos os absurdos que hoje infestam o meio doutrinário e facilitaremos o desenvolvimento real da doutrina em bases racionais.”

Livros de Herculano Pires